Maurício Novaes Souza1 , Maria Emilia Borges Alves2, Marcelo Rossi Vicente3, Everardo Chartuni Mantovani4
RESUMO: A irrigação já é uma realidade na cafeicultura brasileira, ocupando cerca de 10% da sua área plantada, permitindo situar o cafeeiro entre as principais culturas irrigadas do Brasil. Entretanto, a agricultura irrigada vem sendo considerada por alguns segmentos da sociedade e órgãos do governo, como a principal responsável pelo desperdício de água e pela contaminação dos solos e dos ecossistemas aquáticos. Portanto, para a implantação de um sistema de irrigação em uma determinada região, torna-se necessário um conjunto de informações de maneira a ser identificado o seu potencial de produção e as condições físicas e operacionais mais adequadas que podem selecionar alternativas a serem tomadas. A avaliação de impactos ambientais objetiva, essencialmente, fundamentar e otimizar processos decisórios envolvendo atividades transformadoras e apresentar prognósticos para minimizar possíveis impactos da atividade que será implantada. Deve usar indicadores de sustentabilidade para fazer avaliações e monitoramento, como o coeficiente de uniformidade do sistema de irrigação. Pôde-se observar que algumas propriedades apresentam o CUC e o CUD abaixo do desejado. Isso indica que pode estar havendo déficit de aplicação em alguns locais da cultura – prejuízos financeiros, como também está havendo excesso de aplicação em outros – prejuízos ambientais. Os objetivos principais desse trabalho foram estudar o potencial efetivo das principais regiões produtoras de café do Brasil, fazer a avaliação dos impactos ambientais provocados pela irrigação nessas regiões e usar o coeficiente de uniformidade como indicador de sustentabilidade. Para isso, foram verificadas as formas de expansão da agricultura e as condições de manejo adotadas nessas regiões, que sugeriram a necessidade da elaboração de um Plano de Manejo e a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental amplo para a cafeicultura irrigada.
PALAVRAS-CHAVE: indicador de sustentabilidade, coeficiente de uniformidade, gerenciamento da irrigação.
INTRODUÇÃO
As exportações do Brasil em 2004 totalizaram US$96,4 bilhões. Desse total, o agronegócio foi responsável por US$39 bilhões (40,4% do total das vendas), significando um aumento com relação a 2003 de 27,35%. Além disso, o setor apresentou um superávit de US$34,1 bilhões, contra um superávit da balança comercial de US$ US$ 33,7 bilhões (FOLHA DE SÃO PAULO, 2005).
A estatística do agronegócio café evidencia que o Brasil é o primeiro produtor e o segundo maior consumidor de café do mundo (SAES & FARINA, 1999). A participação do café no total das exportações brasileiras é expressiva e oscila ao redor de 5%, correspondendo a mais de US$ 2,5 bilhões anuais. Esses números demonstram a importância da atividade cafeicultura dentro do agronegócio e na economia brasileira.
A prática da irrigação pode ser considerada como uma realidade na cafeicultura brasileira, ocupando cerca de 10% da sua área plantada, o que permite situar o cafeeiro entre as principais culturas irrigadas do Brasil. Levantamentos preliminares avaliaram um total de quase 200.000 ha irrigados, concentrados, principalmente, no Norte do Espírito Santo, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, em Minas Gerais e Oeste da Bahia. Destacando importantes acréscimos na produtividade dos cafeeiros irrigados em relação aos não irrigados. Dessa forma, a cafeicultura irrigada tem sido uma importante estratégia para o incremento da produção, trazendo desenvolvimento ao campo, por meio da geração de empregos e renda de forma estável.
RESUMO: A irrigação já é uma realidade na cafeicultura brasileira, ocupando cerca de 10% da sua área plantada, permitindo situar o cafeeiro entre as principais culturas irrigadas do Brasil. Entretanto, a agricultura irrigada vem sendo considerada por alguns segmentos da sociedade e órgãos do governo, como a principal responsável pelo desperdício de água e pela contaminação dos solos e dos ecossistemas aquáticos. Portanto, para a implantação de um sistema de irrigação em uma determinada região, torna-se necessário um conjunto de informações de maneira a ser identificado o seu potencial de produção e as condições físicas e operacionais mais adequadas que podem selecionar alternativas a serem tomadas. A avaliação de impactos ambientais objetiva, essencialmente, fundamentar e otimizar processos decisórios envolvendo atividades transformadoras e apresentar prognósticos para minimizar possíveis impactos da atividade que será implantada. Deve usar indicadores de sustentabilidade para fazer avaliações e monitoramento, como o coeficiente de uniformidade do sistema de irrigação. Pôde-se observar que algumas propriedades apresentam o CUC e o CUD abaixo do desejado. Isso indica que pode estar havendo déficit de aplicação em alguns locais da cultura – prejuízos financeiros, como também está havendo excesso de aplicação em outros – prejuízos ambientais. Os objetivos principais desse trabalho foram estudar o potencial efetivo das principais regiões produtoras de café do Brasil, fazer a avaliação dos impactos ambientais provocados pela irrigação nessas regiões e usar o coeficiente de uniformidade como indicador de sustentabilidade. Para isso, foram verificadas as formas de expansão da agricultura e as condições de manejo adotadas nessas regiões, que sugeriram a necessidade da elaboração de um Plano de Manejo e a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental amplo para a cafeicultura irrigada.
PALAVRAS-CHAVE: indicador de sustentabilidade, coeficiente de uniformidade, gerenciamento da irrigação.
INTRODUÇÃO
As exportações do Brasil em 2004 totalizaram US$96,4 bilhões. Desse total, o agronegócio foi responsável por US$39 bilhões (40,4% do total das vendas), significando um aumento com relação a 2003 de 27,35%. Além disso, o setor apresentou um superávit de US$34,1 bilhões, contra um superávit da balança comercial de US$ US$ 33,7 bilhões (FOLHA DE SÃO PAULO, 2005).
A estatística do agronegócio café evidencia que o Brasil é o primeiro produtor e o segundo maior consumidor de café do mundo (SAES & FARINA, 1999). A participação do café no total das exportações brasileiras é expressiva e oscila ao redor de 5%, correspondendo a mais de US$ 2,5 bilhões anuais. Esses números demonstram a importância da atividade cafeicultura dentro do agronegócio e na economia brasileira.
A prática da irrigação pode ser considerada como uma realidade na cafeicultura brasileira, ocupando cerca de 10% da sua área plantada, o que permite situar o cafeeiro entre as principais culturas irrigadas do Brasil. Levantamentos preliminares avaliaram um total de quase 200.000 ha irrigados, concentrados, principalmente, no Norte do Espírito Santo, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, em Minas Gerais e Oeste da Bahia. Destacando importantes acréscimos na produtividade dos cafeeiros irrigados em relação aos não irrigados. Dessa forma, a cafeicultura irrigada tem sido uma importante estratégia para o incremento da produção, trazendo desenvolvimento ao campo, por meio da geração de empregos e renda de forma estável.
Entretanto, a agricultura irrigada vem sendo considerada por alguns segmentos da sociedade e órgãos do governo ligados à agropecuária, à ciência e tecnologia e ao meio ambiente, como a principal responsável pelo desperdício de água e pela contaminação dos solos e dos ecossistemas aquáticos. Para BERNARDO (1997), a irrigação tem criado impactos ambientais adversos às condições físicas, químicas e biológicas do solo, à disponibilidade e qualidade da água, à saúde pública, à fauna e flora, repercutindo, em alguns casos, de forma negativa nas condições sócio-econômicas do irrigante ou mesmo da comunidade local.
Em 1992, durante as reuniões preparatórias para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, ocorreram intensas discussões sobre as atividades e mecanismos econômicos especialmente impactantes para o meio ambiente e capazes de depauperar os recursos naturais. O documento denominado Agenda 21 é resultante dessas discussões, contendo inúmeras recomendações, inclusive aquelas que enfatizam a importância dos governos e organismos financeiros internacionais priorizarem políticas econômicas para estimular a sustentabilidade por meio da taxação do uso indiscriminado dos recursos naturais, da poluição e despejo de resíduos, da eliminação de subsídios que favoreçam a degradação ambiental e da contabilização de custos ambientais e de saúde (PULITANO, 2003).
Na medida em que a expressão “desenvolvimento sustentável” já está consolidada e referenciada aos problemas ambientais, procurando dar também um enfoque econômico, que é fundamental para a sustentabilidade das atividades, deve-se procurar reunir a eficácia do uso do fator de produção recursos naturais (como “desenvolvimento”), com sua estimulação (da eficácia) como meta, no mínimo, com a conservação do fator recursos naturais (como “sustentável”) (BELLIA, 1996).
Portanto, para a implantação de um sistema de irrigação em uma determinada região, torna-se necessário um conjunto de informações de maneira a ser identificado o seu potencial de produção e as condições físicas e operacionais mais adequadas que podem selecionar alternativas a serem tomadas. Nele, as condições a serem consideradas incluem a compatibilidade do tipo de solo, a qualidade e a quantidade de água, o clima e algumas influências externas e agronômicas. Também, o sistema de irrigação e o seu manejo devem ser compatíveis com o preparo do solo utilizado ou a utilizar na área, bem como com o cultivo e a colheita das culturas selecionadas.
MATERIAL E MÉTODOS:
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA): A avaliação ambiental objetiva, essencialmente, fundamentar e otimizar processos decisórios envolvendo atividades transformadoras, antrópicas ou não (TAUK et al., 1995). A avaliação relacionada a fatores ambientais está fundamentada no que certas atividades econômicas podem estar promovendo, como alterações positivas ou negativas para o meio ambiente. Neste sentido é fundamental que saiba avaliar se é mais importante implantar esta atividade que promoverá alteração ambiental, ou não realizá-la e optar pela permanência do ambiente saudável, evitando soluções onerosas para esses problemas que surgiriam. Segundo MOREIRA (1985), a AIA é um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados.
Isto significa conhecer os componentes ambientais e suas interações, caracterizando, assim, a situação ambiental dessas áreas antes da implantação do projeto. O mais importante, é que estes resultados servirão de base à execução das demais atividades (CUNHA e GUERRA, 1999).
Gestão Ambiental: O conceito de gestão ambiental passa a ganhar um maior número de adeptos no início da década de 90. Por ocasião da ECO-92 e a edição da série ISO 14000 que certifica o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa. A implantação dos SGAs nas empresas torna possível a redução e o controle dos impactos causados ao meio ambiente por suas atividades produtivas, compatibilizando o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, ou seja, visa a promoção do desenvolvimento sustentável (SOUZA, 2004).
O SGA exige que a organização tenha uma visão do futuro, um desenvolvimento duradouro e sustentável, requerendo uma compreensão sistêmica dos seus processos (NARDELLI e GRIFFITH, 2000).
Coeficiente de Uniformidade: O coeficiente de uniformidade caracteriza o sistema de irrigação e traduz o grau de regularidade da distribuição e aplicação. MANTOVANI & MEDEIROS (1995) mostraram que a relação entre a lâmina média de irrigação e lâmina de água necessária à cultura depende da uniformidade de distribuição de água e da relação entre o preço do produto e o custo da água. Com alto custo da água, o valor ótimo da lâmina de água necessária à cultura aumenta em relação ao aumento da uniformidade de distribuição, enquanto uma tendência oposta é observada para baixo custo da água. Os resultados também revelaram que o aumento da lâmina média de irrigação, para compensar a redução da produção pela baixa uniformidade, é uma estratégia aceitável quando o custo da água é baixo em relação ao preço do produto. A importância do custo da água diminui com o aumento da uniformidade.
A uniformidade de distribuição da água é quantificada por coeficientes de uniformidade. O coeficiente mais utilizado é o de Christiansen, modificado por Heermann & Hein (1968). Os fatores que afetam a uniformidade de distribuição da água podem ser classificados em climáticos e não-climáticos. Os fatores climáticos são: a) evaporação; b) temperatura do ar; c) umidade relativa; e d) condições locais do vento. Os fatores não-climáticos são os relacionados ao equipamento e ao método de avaliação (BERNARDO, 1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A literatura é unânime em destacar a importância e os conceitos de uniformidade de irrigação (CHRISTIANSEM, 1942; DOORENBOS E PRUITT, 1977; CUENCA, 1989; BERNARDO, 1995), mas só recentemente tal conceito tem sido considerado de forma mais explicita no cálculo da eficiência de irrigação que transforma a lâmina liquida em lâmina bruta de irrigação (HEERMANN et al., 1992; KELLER E BLIESNER, 1992; MANTOVANI, 1993).
A avaliação da irrigação é uma análise feita em um sistema de irrigação baseada em medidas tomadas no campo sob as condições e práticas normalmente utilizadas. É necessária uma série de determinações que, para sistemas pressurizados, inclui umidade do solo antes da irrigação, medidas de vazões, uniformidade de aplicação, tempo de irrigação, entre outras (MERRIAN e KELLER, 1978).
A uniformidade de aplicação de água em sistemas de irrigação pressurizados pode ser expressa por meio dos Coeficientes de Uniformidade de Christiansen (CUC) e de Uniformidade de Distribuição (CUD), entre outros. O Grupo de Estudos e Soluções para a Agricultura Irrigada do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (GESAI-DEA/UFV) realizou avaliações de uniformidade de aplicação de água em praticamente todas as regiões onde se pratica a cafeicultura irrigada.
BONOMO (1999), avaliou a uniformidade e eficiência de irrigação para a cafeicultura irrigada das regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba de Minas Gerais (Quadro 1). Encontrando, valores de uniformidade abaixo do potencial dos sistemas implantados, principalmente por problemas de manejo e manutenção dos sistemas de irrigação. Resultados referentes à adequação da época e lâmina de irrigação indicam problemas na quase totalidade dos sistemas avaliados, refletindo a falta de qualquer sistema técnico de manejo da irrigação.
QUADRO 1: Resultados de uniformidade de irrigação para sistemas de irrigação na cafeicultura das regiões do Triângulo e Alto Paranaíba de Minas Gerais
Número de Avaliações Sistemas de Irrigação CUC
(%)
8 Pivô Central 86
5 Autopropelido 83
2 Canhão hidráulico 81
4 Tubo perfurado 80
FONTE: BONOMO, 1999.
SOUZA (2000) apresenta resultados de uniformidade de distribuição de água para 31 sistemas de irrigação localizado das regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba de Minas Gerais e para a Região Norte do Espírito Santo (Figura 1). Observam-se valores de uniformidade abaixo do potencial para esses sistemas de irrigação. Aproximadamente 40 % dos sistemas avaliados apresentaram valores de CUD acima de 90%, sendo classificados como excelente.
A região de cerrado de Minas Gerais apresentou maior número de sistemas (75%) com valores de CUD acima de 90%. Os sistemas de irrigação denominados alternativos apresentaram valores de uniformidade abaixo do recomendado, principalmente por problemas relativos ao dimensionamento.
Na região norte do Espírito Santo, na maior parte dos sistemas avaliados (56%), os coeficientes determinados foram abaixo de 80%.
FIGURA 1 – Distribuição do número de sistemas de irrigação localizada avaliados, para as duas regiões, de acordo com os valores determinados do coeficiente de uniformidade de distribuição.
SOUSA (2001), avaliando 10 sistemas de irrigação por pivô central utilizados na cafeicultura irrigada do Norte do Espírito Santo e Extremo Sul da Bahia, em propriedades produtoras de café conilon, verificou que os coeficientes de uniformidade de Christiansen foram, em média, superiores a 74%, indicando uma boa uniformidade de distribuição de água nos sistemas avaliados, vale ressaltar que apenas dois pivôs (20% dos casos) apresentaram uniformidade de aplicação de água abaixo do recomendado.
VICENTE et al. (2003), avaliando sistemas de irrigação por aspersão em malha na região de Viçosa - MG, encontrou valores de CUC variando de 76 a 82 %, valores estes considerados bons para este tipo de equipamento. Já TEIXEIRA (2003), estudando os sistemas de irrigação por pivô central equipados com emissores LEPA utilizados na cafeicultura irrigada do cerrado de Minas Gerais, encontrou valores de CUC e CUD variando de 79 a 93% e 67 a 90%, respectivamente.
VICENTE et al. (2005) determinou os coeficientes de uniformidade de aplicação de água em 27 sistemas de irrigação utilizados na cafeicultura na região Oeste da Bahia. De um total de 20 sistemas do tipo pivô central avaliados, 2 (10% dos casos) apresentaram pelo menos um dos coeficientes de uniformidade de distribuição de água (CUC ou CUD) com valores inadequados, já dos 7 sistemas de irrigação localizada por gotejamento avaliados apenas 3 sistemas apresentaram valores de CUD considerados excelentes para esse tipo de sistema, indicando problemas relacionados a adoção da irrigação por gotejamento na região. Ressalta-se que, para esta região, na AIA pôde-se perceber a retirada da cobertura vegetal nativa da região, em alguns casos ecótonos com espécies endêmicas, sendo substituídas por extensos monocultivos. Além da redução da biodiversidade, essa região possui as nascentes da rede que abastece o Rio Grande, o Rio Corrente e o Rio Cariranha, que são contribuintes do Rio São Francisco. Considerando a cidade de Barreiras, dentro da bacia do Rio Grande, que possui 45 rios perenes com água de qualidade C1S1 (potável).
Apesar das propriedades estudadas possuírem Outorga do uso da água, pode-se observar que algumas apresentam o CUC e o CUD abaixo do desejado. Isso indica que pode estar havendo déficit de aplicação em alguns locais da cultura, reduzindo o lucro dos produtores, como também está havendo excesso de aplicação em outros locais, perdendo-se água, fertilizantes e energia, aumentando o custo de produção e provocando danos ambientais com os nutrientes percolados com a água.
CONCLUSÃO:
O desenvolvimento sustentável tornou-se a meta da sociedade, com o apoio incondicional de toda a comunidade mundial, cabendo considerar, entretanto, ainda estar sendo manifestado em escalas diferenciadas pelos diversos países. Ao mesmo tempo, no Brasil, a sociedade demanda, em unanimidade, a retomada de uma política de crescimento. Por esse motivo, a questão não é mais “crescer ou não crescer”, mas “como crescer”. Observa-se, dessa forma, que o crescimento econômico, não mais pode ser pensado separadamente dos acontecimentos ambientais e de políticas claras de inclusão social, em virtude de que preterindo o meio ambiente e valorizando o desenvolvimento econômico, pode-se estar caminhando para uma possível exaustão dos recursos naturais. Há também que se considerar, que o descuido com as questões ambientais pode se transformar em barreiras que dificultarão ou mesmo impedirão a exportação.
A Avaliação de Impactos Ambientais e a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental no Brasil ainda são fatos novos. Carecem de pesquisas e divulgação, dadas as suas importâncias no cenário mundial atual. O conhecimento da variabilidade espacial das culturas de café irrigadas no Brasil, associadas às características edafoclimáticas e condições sócio-econômicas e culturais das diversas regiões, permitem a elaboração de um Sistema de Gestão Ambiental Estratégico, que é a nova ordem mundial. No Brasil, esse tipo de avaliação ainda não está consolidado. Apesar de já estar concretizado o Zoneamento Ecológico-Econômico de inúmeras áreas nas diversas regiões brasileiras, não existe uma integração dessas informações com os órgãos locais e regionais de fiscalização.
A elaboração de uma nova política de Avaliação Ambiental Estratégica, associada à elaboração de um Sistema de Gestão Ambiental Estratégico, com o condicionamento da concessão do Licenciamento Ambiental, da Outorga do uso de água, e de um eficiente plano de manejo da irrigação, poderão reverter esse cenário. Deverá haver um trabalho junto aos produtores irrigantes de cada região. A definição de zonas de manejo de irrigações diferenciadas e simulações de viabilidade técnica e econômica poderão ser alcançadas com essas novas ferramentas e tecnologias disponíveis. O coeficiente de uniformidade pode ser considerado um bom indicador de sustentabilidade.
SUGESTÕES
É importante e fundamental que, durante o Estudo de Impacto Ambiental sejam selecionadas áreas de maior interesse ecológico e ambiental, criando-se Áreas de Interesse Ecológico (AIE).
Os resultados encontrados na avaliação da uniformidade e as observações nos aspectos gerais dessas regiões indicam que, apesar dos proprietários respeitarem as Áreas de Proteção Permanente (APP), as Áreas de Reserva Legal (ARL) e possuírem Outorga do Direito de Uso da Água, é preciso que seja desenvolvido um plano de manejo da irrigação com o auxílio, por exemplo, do Programa IRRIGA-GESAI, bem como realizar uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), na fase de elaboração do projeto.
A AAE tem sido muito utilizada na Europa. A sua grande vantagem com relação à AIA, é que esta realiza procedimentos sistemáticos e contínuos de avaliação da qualidade e das conseqüências ambientais de visões de médio e longo prazos, sustentadas por intenções e alternativas de desenvolvimento, estando incorporadas iniciativas políticas de planejamento e programas, assegurando a integração efetiva de considerações biofísicas, econômicas, sociais e políticas, antecipando-se aos processos públicos de tomada de decisão.
A implantação de Sistemas de Gestão Ambiental nas propriedades é fundamental para a sustentabilidade no longo prazo. Deverá possuir natureza estratégica nas decisões, com uma visão política de desenvolvimento sustentável nas fases de planejamento, com reformulações contínuas nas fases de monitoramento, e que possua múltiplas alternativas dentro de um processo estratégico de desenvolvimento sustentável. As organizações deverão ter uma visão do futuro, para que atinja um desenvolvimento duradouro e sustentável, requerendo, portanto, uma compreensão sistêmica de todos os processos envolvidos.
Considerando a crescente utilização da irrigação na cafeicultura brasileira, espera-se que ocorra a racionalização do uso dos recursos hídricos, evitando-se que as irrigações sejam conduzidas sem um embasamento técnico. Também, evitar-se-á a depleção do potencial produtivo da cultura e a degradação ambiental.
A definição de sistemas de irrigação e critérios de seu manejo possibilitará a difusão de critérios de estresse hídrico para uniformização da floração e da maturidade dos frutos; a sua influência no auxílio ao controle de doenças; e também para otimizar a produtividade e a qualidade da produção em função de um manejo eficiente da água, reduzindo efetivamente os impactos ambientais negativos.
Com a utilização da tecnologia adequada, e a adoção das medidas propostas, será possível melhorar a qualidade da produção e do produto, possibilitando uma cafeicultura de alta rentabilidade e ambientalmente sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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