segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BRASIL É PRIORIDADE NA POLÍTICA EXTERNA AMERICANA


As relações comerciais internacionais ainda formam a base sólida da estrutura econômica de inúmeros países, incluindo o Brasil. E alguns setores se destacam por envolver diretamente um tema prioritário nos dias atuais: o meio ambiente.

Em recente visita, o vice-secretário de Estado do governo americano, James Steinberg, disse que a relação com o Brasil é uma das prioridades na política externa do governo Barack Obama. De acordo com o secretário, as várias viagens da secretária de Estado, Hillary Clinton, para a América Latina e a participação do presidente Obama na reunião de Cúpula das Américas mostram a importância atribuída pela administração ao relacionamento com a região.

Nesta relação está um segmento que até a pouco não havia merecido a devida atenção. O uso racional das florestas, através de manejo sustentável e redução de desperdício já é uma prática comum nos Estados Unidos , que introduziu regras e conscientizou seus usuários há várias décadas.

Assim, o uso de madeiras duras provenientes dos Estados Unidos, como alternativa para espécies tropicais limitadas, está se tornando mais usual na indústria brasileira. Móveis de alto estilo, revestimento nobre em lâmina, pisos e decoração de interior para escritórios ou residências são algumas das aplicações de madeiras como carvalho, nogueira, bordo, freixo, entre outras.

Para orientar e incentivar o uso destas madeiras a AHEC - American Hardwood Export Council, entidade que reúne a maior parte dos produtores de madeiras duras americana e conta também com a participação governamental, atua no mundo inteiro. Hoje os bosques americanos são 100% sustentáveis, com um inventário florestal que tem duas vezes o tamanho que tinha nos anos cinquenta.

Ambientalmente corretas, as madeiras americanas têm um argumento legítimo para incrementar o crescimento das exportações da madeira dura americana em todo o mundo. Além da aparência extremamente uniforme, podem ser facilmente reconhecidas porque são em número pequeno comercialmente. No caso de aplicações no Brasil se adaptam perfeitamente, não competem com as espécies tropicais amazônicas, possuem um forte apelo de sustentabilidade e podem contribuir para agregar valor ao produto final. Maiores informações sobre suas características e usos estão no site www.ahec-mexico.orgou www.porthuseventos.com.br/ahec.

Serviço:
Jornalista responsável: Clovis Rech
Contato (54) 3226-4113
clovis@remade.com.br

domingo, 5 de setembro de 2010

Opulência e miséria: causas e consequências da degradação sócio-ambiental



* Por Maurício Novaes Souza

O relatório "Previsões sobre a População Mundial 2006", do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, adverte que a população mundial aumentará 37,3% até 2050, passando dos atuais 6,7 bilhões de habitantes para 9,2 bilhões (2,5 bilhões a mais). Segundo os peritos da ONU, a previsão do aumento total da população mundial para a metade do século equivale à população mundial de 1950. Este aumento será absorvido, na sua maioria, pelos países em desenvolvimento, que devem passar de 5,4 bilhões de habitantes em 2007 para 7,9 bilhões de habitantes em 2050. Tal crescimento preocupa em termos de trabalho e de produção de alimentos que garantam a segurança alimentar.

Prevê-se que os Impactos e externalidades ambientais serão incalculáveis. Um artigo publicado na Folha Online (22/01/2008) discutiu o dano ambiental que ações de países desenvolvidos causaram aos países em desenvolvimento. Afirma, um grupo de ecólogos e economistas dos Estados Unidos liderados pelo economista Richard Norgaard, da Universidade da Califórnia em Berkeley, que o consumo e a destruição de recursos da natureza por parte dos ricos entre as décadas de 1960 e 1990 deverão impor ao longo do século XXI uma perda de US$ 7,4 trilhões da economia de países de renda per capita baixa e média. A dívida externa dos países pobres nesse mesmo período atingiu US$ 1,7 trilhão. O estudo aponta ainda um novo número do prejuízo que o dano ambiental no período estudado causará à humanidade: US$ 47 trilhões.

Há de se considerar ainda, como agravante, os efeitos das mudanças climáticas. Em estudo na revista "PNAS", os autores afirmam ter feito "estimativas conservadoras" para os custos ambientais de atividades humanas ligadas ao aquecimento global, destruição da camada de ozônio, expansão da agricultura, desmatamento, pesca predatória, danos a mangues e em outros ecossistemas aquáticos. Afirmam que o aquecimento global e o a destruição da camada de ozônio representam mais de 97% das perdas.

Historicamente percebe-se que a perturbação e a degradação do solo e da água, resultantes das atividades antrópicas, ocorrem desde tempos remotos, sendo que as causas que produziram tais distúrbios foram as mais variadas: a) o desmatamento e a pecuária, causaram problemas severos de erosão durante os períodos clássicos grego e romano; b) o modelo inca desmoronou por questões político-militares; c) o modelo agrícola dos sumérios, esgotou-se devido à salinização dos solos decorrente da prática incorreta da irrigação; d) o modelo romano, pelo desprovimento de cuidados com as florestas e sua preocupação única com conquistas; e e) vários modelos ou sistemas agrícolas fracassaram ou foram destruídos por pressões provocadas pelo aumento da população.

Em tempos recentes, a demanda cada vez mais acentuada por terras férteis, planas e agricultáveis, tem reduzido de forma acentuada as formações vegetais, pressionando drasticamente os recursos naturais. A expansão demográfica atingiu grandes proporções nestas últimas décadas, como no período de 1990-1999, quando a população mundial passou de 5.250 para 5.947 bilhões de habitantes; ou seja, quase 700 milhões, em apenas uma década.

Dessa forma, percebe-se atualmente que a situação social se tornou incontrolável. Os centros urbanos se agigantam e o desemprego e a violência é uma realidade em diversas cidades, de diversos países. Na verdade, a aceleração dos processos de degradação ambiental e social se acelerou a partir da Revolução Industrial, e se intensificou após a II Guerra Mundial. Esses problemas se tornam mais graves nos países subdesenvolvidos ou periféricos, onde a crise sócio-ambiental está diretamente associada ao esgotamento de sua base de recursos.

Opulência e miséria

Perguntam-se de que forma, quando e quanto o Brasil poderá ser afetado. Segundo dados do IBGE (2006), cerca de 14 milhões de pessoas convivem com a fome em nosso país e mais de 72 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar - ou seja, dois em cada cinco brasileiros não têm garantia de acesso à alimentação em quantidade, qualidade e regularidade suficiente.

Uma reportagem da Rede Record (20/01/2008), programa Domingo Espetacular, apresentou sequencialmente cinco matérias, resumidas a seguir:

1) Iates no Brasil – A reportagem mostra centenas de iates na baía da Ilha Grande, RJ, com valores que variam entre 1 a 30 milhões de reais. Em um deles, um jovem e orgulhoso empresário, apresenta à repórter os detalhes de sua embarcação. Tudo minuciosamente planejado. Talheres, ferramentas, recipientes para bebidas (todos imantados presos às paredes para evitar os riscos do balanço do mar); quartos, banheiros, jogos de cama, tapetes....tudo impecável. A comida, camarão, lagosta,.... geralmente é pedida por rádio aos donos de restaurantes que fazem a entrega no iate do cliente. Uma jovem especialista em decoração de iates comenta que no ano anterior decorou mais de 50....;

2) Catadores de lixo no CEASA – D. Mônica, uma senhora de aproximadamente 60 anos, com 2 netos, cata restos da feira para sobreviver. D. Angélica, mãe de 5 filhos e marido desempregado, moradora de uma localidade que fica a 50 km do CEASA, faz esse percurso 2 vezes por semana, catando lixo e sobras de feira, também para sobreviver. Estima-se que aproximadamente 20 a 40% das 5.000 toneladas comercializadas diariamente são lançadas ao lixo, não sendo reaproveitadas..........;

3) Seca no Piauí e no semi-árido nordestino – Não existe água sequer para o consumo humano. As criações morrem de sede e fome. Aqueles que podem, e quando podem, usam sua aposentadoria para comprar uma “carrada” de água (5.000 litros), por R$30,00. Outros se servem de açudes que estão praticamente secos, e compartilham a água com animais: água totalmente contaminada e indevida para o consumo humano. As plantações estão totalmente perdidas, e a população reza..........;

4) Enchentes na grande São Paulo e no litoral paulista – nas áreas urbanas, a população pobre da periferia perdeu todos os seus já limitados pertences: em São José dos Campos foi terrível a situação; em Peruíbe também. Nas áreas rurais, os produtores perderam suas culturas por excesso de chuva..........;

5) Saudade da minha gente – nessa última matéria do referido bloco, o “seu” Astério, um senhor de aproximadamente 80 anos, conta que criou a neta Rosemeire. Saiu de Canavieira, Bahia, ainda moça, e havia 18 anos que não recebia notícias dela. A equipe da Record a localizou em Osasco, SP. Tem 34 anos, casada com 4 filhos e marido desempregado. Ela, sabendo do avô, chora, conta saudades e as dificuldades familiares: falta de dinheiro e alimentos (os filhos choram), desemprego, barraco alugado..... Fala da humilhação pela qual os filhos têm passado. Lembra que ela e a família passaram 4 dias se alimentando de arroz gelado, único alimento ali disponível. Perguntada sobre a possibilidade de voltar para casa, disse que gostaria imensamente. Tal desejo foi facilitado pela emissora: ela, filhos e marido, reencontram o avô e o restante da família.

O que se verifica de forma clara nessas matérias é que esses cenários representam a degradação social e ambiental: a riqueza e a pobreza; a opulência e a miséria. Considere-se que estamos comentando sobre casos de um país rico em recursos naturais como o Brasil. Dessa forma, percebe-se que apesar do “progresso”, da maior conscientização das pessoas e da pesquisa ter evoluído significativamente nos últimos tempos, os problemas sociais e ambientais vêm se agravando de forma considerável. Esse fato se deve, em grande parte, a ausência de princípios éticos e ao individualismo de atitudes que o modelo de desenvolvimento e produção gerou.

Na verdade, os governos, as comunidades e os indivíduos não têm efetivamente adotado uma postura proativa. O mercado exige que o homem continue interagindo com o ambiente à sua volta, modificando-o e transformando-o de acordo com suas necessidades - uma nítida visão antropocêntrica. Os resultados dessas ações são facilmente perceptíveis ao longo de toda a biosfera. Os reflexos, geralmente desastrosos, podem ser facilmente observados diariamente nos noticiários, jornais e “sites”, como nessa reportagem agora discutida. Talvez essa seja a origem de tais questões nos anos mais recentes: a Revolução Industrial criou o modelo de capitalismo atual, cujos processos de produção consideravam como pólos excludentes o homem e a natureza, com a concepção desta como fonte ilimitada de recursos à sua disposição.

Contudo, com o contínuo aumento da população, alterações dos hábitos de consumo e com a evolução da ciência, fica evidente que o nosso planeta é um sistema econômico fechado em relação aos seus materiais constituintes. Na medida em que a sociedade amadurece, redobra a consciência de que os seus recursos são finitos e se tornam cada vez mais escassos. Em todo sistema produtivo, para a manutenção dos sistemas vitais, ocorre o aumento da produção de energia. Caso o sistema se torne deturpado ou desordenado como resultado de um estresse, natural ou antrópico, aumenta a entropia do sistema, ou seja, passa a existir uma maior “desordem”. Dessa forma, cria-se um obstáculo físico ou uma limitação para um sistema fechado e sustentável.

Perspectivas

Recentemente, em um artigo de minha autoria sobre o Perfil que deveria ter o profissional hoje formado pelas universidades, faculdades e centros técnicos e tecnológicos, questionei se os profissionais atuais, de todas as áreas, estão efetivamente recebendo informações suficientes sobre educação e gestão ambiental. Na verdade, pode-se observar que apesar dos problemas ambientais provenientes do enorme descuido humano, as soluções já existem. É necessário antes de tudo, cuidado e atitude. Segundo Leonardo Boff, o que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, de preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Contudo, a simples palavra cuidado, na prática, tem sido de difícil entendimento e aplicação.

Na verdade, as pessoas têm apresentado um comportamento extremamente individualista. São necessárias iniciativas individuais com cobrança direta aos governantes para que propostas concretas de políticas públicas sejam implementadas. Contudo, os governos, de todos os países, estão cada vez mais envolvidos com seus macroproblemas, fazendo com que o movimento para o Desenvolvimento Sustentável fique enfraquecido por esta crise globalizada.

O grande desafio para se atingir o Desenvolvimento Sustentável, que é atualmente o grande desafio do ser humano, consiste em aprender a combinar trabalho com cuidado. Leonardo Boff comentou em uma entrevista recente que esses conceitos não se opõem, mas se compõem. Limita-se mutuamente e ao mesmo tempo se complementam. Juntos constituem a integralidade da experiência humana: por um lado, ligada à materialidade e, por outro, à espiritualidade. O equívoco consiste em opor uma dimensão à outra e não vê-las como comportamento do único e mesmo ser humano.

Essas questões nos fornecem uma idéia do que significa os dias atuais em que vivemos. Os conceitos ecológicos e toda a sua dimensão, como também os seus princípios, precisam ser melhores entendidos e aplicados. Darão suporte às tomadas de decisões que poderão auxiliar nas profundas mudanças pela qual o Planeta deverá passar. O momento é de evitar e reduzir os impactos ambientais e a perda da biodiversidade. Essas atitudes devem ser praticadas como se fosse uma religião.

Precisamos compreender que a humanidade não é o centro da vida no planeta. Vivemos sob uma ética utilitária e antropocêntrica onde tudo no mundo existe para o homem dispor. Ela predomina há séculos, sendo a responsável pela recusa da diversidade cultural, racial e natural. Entre os princípios do Desenvolvimento Sustentável, prega-se a ética ecológica. A nova ética proposta é ecocêntrica, deseja o equilíbrio da comunidade da Terra com a natureza, visa harmonia, respeito e reverência. Ética significa a ilimitada responsabilidade por tudo que existe e vive. Comportamento ético, portanto, é a responsabilidade com o mundo, fundamentado na solidariedade, na alteridade, nas diferenças e na compaixão com o outro.

É sabido que a humanidade herdou um acúmulo de 3,8 bilhões de anos de capital natural. Nas últimas três décadas se consumiu um terço dos recursos da Terra, ou seja, de sua riqueza natural. Qualquer componente que é extinto compromete todo o universo. Mantendo-se os padrões atuais de consumo e degradação, muito pouco há de restar até o fim do século XXI. Contudo, há de se considerar, que o homem com a sua inteligência e sua habilidade, possui também capacidade suficiente para solucionar os problemas que ele mesmo criou, gerando soluções, propondo modelos e aplicando novos conceitos, onde devem ser consideradas uma melhor distribuição de renda e a redução da enorme iniquidade sócio-ambiental.

* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental e Doutor em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). É professor do IF Sudeste campus Rio Pomba e Diretor-Geral do IF Sudeste MG campus São João del-Rei; Conselheiro do COPAM e do IBAMA; e Membro da Câmara de Assessoramento de Recursos Naturais, Ciências e Tecnologias Ambientais da FAPEMIG. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.

A economia e os limites do crescimento


* Por Maurício Novaes Souza

Nos últimos dois anos, a preocupação está voltada para a crise financeira americana, que trouxe reflexos na economia de todos os países do Planeta. Contudo, a questão ambiental, que deveria ser a prioridade posto ser a fonte de todos os recursos utilizados nos processos produtivos, vem sendo relegada ao segundo plano. Na prática, o antigo discurso da necessidade de crescimento econômico para a geração de emprego e renda acaba prevalecendo. Ou seja, continua vigorando a visão imediatista, de curtíssimo prazo, cujos resultados finais são conhecidos e previsíveis. De fato, a economia global está perdendo mais dinheiro com a destruição dos recursos naturais do que com a atual crise financeira global, segundo conclusões de um estudo financiado pela União Européia.

Segundo dados dessa pesquisa, intitulada “A Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade”, calcula-se que os desperdícios anuais, apenas com o desmatamento, variam de US$ 2 trilhões a US$ 5 trilhões. O número inclui o valor de vários serviços oferecidos pelas florestas, como água limpa e a absorção do dióxido de carbono. O estudo foi discutido durante várias sessões do Congresso Mundial de Conservação, realizado em Barcelona. De acordo com o coordenador do relatório, Pava Sukhdev, o custo resultante da degradação da natureza ultrapassa o dos mercados financeiros globais. Cabe ainda uma consideração sobre os custos ambientais: pelo fato de serem contínuos, seus reflexos no longo prazo serão ainda maiores e de difícil quantificação.

Na verdade, os economistas desconhecem ou simplesmente desconsideram os serviços ambientais prestados pela natureza. Tais serviços ou funções, como o armazenamento de água e a regulação do ciclo de carbono, entre outros, cria condição para um meio ambiente saudável, oferecendo não só água e ar limpos, chuvas, produtividade oceânica, solo fértil e elasticidade das bacias fluviais, como também certas funções menos valorizadas, mas imprescindíveis para a manutenção da sustentabilidade, tais como: a) o processamento de resíduos (naturais e industriais); b) a proteção contra os extremos do clima; e c) a regeneração atmosférica. Por estas questões, o homem em suas atividades produtivas deve sempre considerar que os ecossistemas são sistemas abertos e integrados por todos os organismos vivos, inclusive ele próprio, e os elementos não viventes de um setor ambiental definido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais de funcionamento (fluxo de energia e ciclagem da matéria) e auto-regulação (controle) derivam das relações entre todos os seus componentes, tanto pertencentes aos sistemas naturais, quanto aos criados ou modificados pelo Homem.

De fato, o desconhecimento dos profissionais da área econômica sobre conceitos básicos de ecologia e de economia dos recursos naturais e renováveis, os impedem de perceber que existem limites ao crescimento. Sabe-se que qualquer atividade antrópica é capaz de gerar algum tipo de impacto. O homem, na ânsia de sucesso e maximização de suas atividades, força o ambiente a realizar um esforço amplificador a fim de produzir um determinado resultado desejado; contudo, os ecossistemas têm sua capacidade de suporte e de regeneração que dependerá da sua resistência e da sua resiliência. Ocorrido um estresse, caso seja ultrapassado o seu limite, podem-se criar efeitos secundários que acabam reduzindo o ritmo e as chances de sucesso que uma determinada atividade vinha alcançando. Como consequência, ocorre que depois de uma expansão inicial, o crescimento se torna uniforme e com o tempo pode ficar tão lento que a espiral de reforço pode se inverter. Percebe-se então, que o importante é não forçar o crescimento, mas sim conhecer o ambiente e conviver dentro da possibilidade e dos fatores que o limitam.

Contudo, não é assim que o modelo de desenvolvimento vem se comportando. É comum se observar que no início das atividades os eventos vão bem. Dessa forma, a tendência do modelo atual é repetir o que estamos fazendo até atingirmos um ponto onde os resultados positivos cessam. Nesse ponto, as tentativas de mudança se tornam inúteis. Nessas situações que limitam o crescimento, a alternativa correta está em se buscar uma situação que trouxesse novo equilíbrio e não estimular a situação que gerou a condição de estresse. Dessa forma, para modificar o comportamento do sistema, é necessário identificar e alterar o fator limitante. No entanto, essa é uma ação contínua, pois quando eliminamos uma fonte de limitação, o crescimento acaba encontrando outra (num fenômeno parecido com a transferência de “gargalos”).

Considere-se a situação dos ecossistemas aquáticos. De fato, a qualidade das águas de praticamente todos os rios do Brasil e de todo o mundo piorou nos últimos anos. Esse fato, que é o resultado do modelo de desenvolvimento atual e que afeta drasticamente as populações, foi um dos temas discutidos no Fórum Social, em Belém, Brasil. Nesse encontro se estabeleceram metas para a elaboração de um novo modelo de desenvolvimento e crescimento econômico, com a pretensão de apresentar respostas para escassez do recurso provocada pelo crescimento da população, o desperdício, o consumo excessivo e o aumento da necessidade de energia. Tal encontro reuniu um número de participantes jamais vistos - 28.000 (vinte e oito mil) pessoas de mais de 180 (cento e oitenta) países. O Fórum analisou os problemas da escassez de água, o risco de conflito por enfrentamentos entre países por recursos hídricos e a melhor maneira de proporcionar água limpa à população mundial. Segundo Loïc Fauchon, presidente do Conselho Mundial da Água, o comportamento humano com relação ao uso deste recurso é cada vez mais irrefletido e inconsequente. Aumentar indefinidamente a demanda por água, nos diais atuais, além de colocar em perigo o meio natural, torna-se cada vez mais caro o seu tratamento e distribuição em um contexto de evolução do clima e crise financeira.

Tal análise se justifica pelo fato de que a economia e o meio ambiente estão passando por uma crise sem precedentes. Para agravar ainda mais a situação, a atual crise econômica mundial tem trazido como solução, por parte dos principais economistas e governantes mundiais, o estímulo ao consumo – situação ainda mais ameaçadora às atuais situações ambientais. Esse modelo visa, efetivamente, a geração de lucros imediatos, não considerando os limites do crescimento; portanto, socialmente e ambientalmente não é sustentável. Do ponto de vista social, é sabido que os 20% (vinte por cento) da população mais rica utilizam ¾ dos recursos naturais, trazendo o esgotamento e, ou, a degradação dos recursos naturais. Do ponto de vista ambiental, considerando a Pegada ecológica (índice que expressa a área produtiva necessária para sustentar o consumo de recursos e assimilação de resíduos de uma dada população) mostra que há 1,8 hectare de área disponível para cada habitante, dentro do padrão que se pode considerar sustentável. No entanto, o consumo global atual apresenta uma média de consumo relativo a 2,2 hectares por habitante. Ou seja, o ambiente está sendo usado além de sua capacidade de suporte e de reposição.

Analisando os EUA, verifica-se que o seu padrão de consumo é de 9,6 hectares por habitante, sendo que sua capacidade é de apenas 4,7 hectares por habitante. Pergunta-se, então, de onde eles retiram esses recursos para manter consumo tão elevado? A resposta está na exploração de outros países que tem uma capacidade produtiva de recursos naturais superior, como o Brasil. Se todos os habitantes tivessem o mesmo padrão de consumo dos EUA, seriam necessários 6 planetas iguais a Terra para atender à tal demanda... e continuam estimulando o consumo como forma de saírem da atual crise financeira. A continuar dessa forma, as gerações futuras não terão onde e nem como produzir para se sustentarem.

Além da questão da água, grandes problemas ambientais e sociais estimularam os representantes dos 160 países que se encontraram no Fórum Social Mundial em Belém. Foram discutidos temas associados à crise financeira, ao aquecimento global, às doenças associadas à ausência de saneamento ambiental, entre outras. Esses encontros representam o início da mobilização da população mundial, embora saibamos que ainda há muito que se fazer. O Tratado de Quito é um exemplo da inconsequente irresponsabilidade dos países que têm elevada produção e liberação de gases poluentes e de efeito estufa, que não o ratificam e não o adotam.
Na verdade, o modelo de produção e consumo são os responsáveis pelas agressões cometidas sobre os diversos ecossistemas, responsáveis pela evolução do clima, que vem se somar às mudanças globais, responsáveis das tensões que reduzem a disponibilidade da água doce, indispensáveis para a sobrevivência da humanidade. A previsão é de que a população mundial, atualmente superior a 6,7 bilhões de habitantes, possa chegar a nove bilhões até meados deste século, o que aumentará consideravelmente a demanda de recursos hídricos, a 64 bilhões de metros cúbicos por ano, segundo dados da ONU.

Segundo a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), o número de pessoas com graves problemas para conseguir água chegará a 3,9 bilhões em 2030, ou seja, metade da população mundial. Os cálculos da OCDE não incluem o impacto da mudança climática, que pode já estar afetando as coordenadas da água, mudando a quantidade e a distribuição das chuvas e nevascas. Considere-se ainda que quase 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso ao saneamento básico, o que contraria as Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU. Sabe-se que as principais causas da crise relacionada à água são a irrigação sem planos de manejo, as falhas na distribuição urbana e a contaminação dos rios pelas atividades urbano-industriais e agropecuárias.

No dia 07 de abril, foi comemorado o Dia Mundial da Saúde. Tal data foi criada em 1948 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em função da preocupação de seus integrantes em manter o bom estado de saúde das pessoas do mundo, bem como alertar sobre os principais problemas que podem atingir a população. Segundo a OMS, ter saúde é garantir a condição de bem-estar das pessoas, envolvendo os aspectos físicos, mentais e sociais em harmonia. Sabe-se que a alimentação e saneamento são formas de prevenir doenças. Contudo, nos dias atuais, percebe-se que o crescimento urbano e industrial nem sempre significa desenvolvimento humano: particularmente nos países em industrialização, vem acompanhado de desigualdade de acesso aos itens básicos necessários a uma sobrevivência digna, tais como à educação, à alimentação e à saúde. A falta do saneamento nas cidades, em níveis mínimos que assegurem o bem-estar das populações, tem gerado um quadro de degradação do meio ambiente urbano sem precedentes, sendo os recursos hídricos um dos primeiros elementos integrantes da base de recursos naturais a sofrer tais efeitos. Infelizmente, o que se observa nas periferias das grandes cidades é uma total desinformação sobre higiene, aumento das doenças veiculadas pela água, lixões a céu aberto, entre outros. Os governos ainda não vêm realizando um trabalho preventivo, o que melhoraria a saúde da população e diminuiriam os gastos com a saúde pública.

Como consequência desse modelo econômico, o mundo está enfrentando intensas transformações globais, sem precedentes, incluindo aumento da população, migração, urbanização, mudanças climáticas, desertificação, seca, alteração do uso e degradação do solo, crises econômicas e alimentares. Caso continuemos a agir dessa forma, não respeitando os limites do crescimento, pouco restará para as gerações futuras. Como bem lembra Leonardo Boff, caso não se cuide do planeta a partir de uma visão sistêmica e holística, poderá submetê-lo à destruição de suas partes e inviabilizar a própria vida. Há inúmeras evidências que existem limites para o crescimento econômico, considerando que os recursos naturais são escassos.

Apesar das inúmeras iniciativas governamentais e organizacionais, os efeitos efetivos ainda são discretos. Deve-se refletir sobre a necessidade urgente de abandono às concepções anacrônicas ligadas à produção e ao consumo, adotando a sustentabilidade sócio-ambiental nas ações públicas e privadas, em todos os níveis, do local ao global. É preciso que sejam conhecidos e respeitados os limites do crescimento. Essas deverão ser as propostas de um novo modelo guiado pelos princípios do “Desenvolvimento Sustentável”. Contudo, o seu sucesso dependerá da participação e esforço de cada um dos habitantes de nosso planeta, posto que o somatório das atitudes individuais trará soluções sustentáveis para os problemas relativos às questões sociais e ambientais; mas é imprescindível que a economia entenda que o crescimento deve ter limites.


* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental, e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF Sudeste MG campus Rio Pomba e Diretor-Geral do IF Sudeste MG campus São João del-Rei. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.

A época dos horrores: econômico e socioambiental



* Por Maurício Novaes Souza1 e Maria Angélica Alves da Silva2

Não havia preocupação com as questões ambientais durante o período das chamadas “Revolução Industrial” e “Revolução Verde”. Isso porque os recursos naturais eram abundantes e a poluição não era foco da atenção da sociedade industrial e intelectual da época. Com o crescimento acelerado e desordenado da produção e da população humana mundiais, que resultaram na aceleração dos impactos e degradação ambientais, o resultado que se tem é a escassez dos recursos naturais. Surge então, recentemente, o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, fazendo do meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente. O homem começa a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e perceber a importância da reformulação de suas práticas ambientais.

Cabe considerar o conceito “Limites do Crescimento”, onde se avaliou que a humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o planeta é capaz de repor. Ou seja, como estamos usando os recursos além de sua capacidade produtiva, ultrapassaram-se a capacidade de suporte, de autodepuração e de regeneração dos sistemas. Considerando os fatores relativos à produção, o fator de maior peso na composição da “Pegada Ecológica”, cuja média é de 2,3 ha nos dias atuais, é a energia, sobretudo nos países mais desenvolvidos. Contudo, sabe-se que há grandes diferenças entre as nações mais ou menos desenvolvidas, como mostra o Relatório Planeta Vivo, que calculou a Pegada de 146 países com população acima de um milhão de habitantes. Os dados de 1999 mostram que enquanto a Pegada média do consumidor da África e da Ásia não chega 1,4 hectares por pessoa, a do consumidor da Europa Ocidental é de cerca de 5,0 ha e a dos norte-americanos de 9,6 ha. No Brasil, apesar de estamos dentro da média mundial, está cerca de 20% acima da capacidade biológica produtiva do planeta; ou seja, vivemos a época do horror econômico e ambiental – a época do contra senso.

De acordo com Konrad Zacharias Lorenz, que criou o conceito de "imprinting", ou cunhagem, todos os dons recebidos pelo homem por intermédio de seu profundo conhecimento da natureza e de seus progressos advindos do desenvolvimento tecnológico, nos mais diversos setores, tais como a química, a informática e a medicina, tudo aquilo que parecia poder atenuar o sofrimento humano, tende, por um espantoso paradoxo, a arruinar a humanidade. Segundo esse mesmo autor, ela ameaça fazer algo que, normalmente, não costuma acontecer em outros sistemas vivos, ou seja, sufocar a si mesma. O pior, nesse processo apocalíptico, é que as qualidades e as faculdades mais nobres do homem são as que parecem destinadas a desaparecer em primeiro lugar, justamente aquelas que mais estimamos, e que são, com justeza, as mais especificamente humanas.

Existe uma nova palavra - "normose" - que ainda não é encontrada nos dicionários. O significado dessa significativa palavra, que pode ser encontrada lendo "Jean Yves Le Loup", "Roberto Crema" e “Pierre Weil", escritores / poetas / psicanalistas, tem o significado da doença da normalidade, ou seja, acharmos normal àquilo que pelo hábito se tornou comum, porém é uma doença grave que traz sérios prejuízos ao homem nos mais diversos aspectos. Por exemplo: rouba, mas faz; os pivetes nos sinais de trânsito mendigando; o consumismo irracional; refugiados por efeitos de mudanças climáticas; a fome e desnutrição africana; certas cenas agressivas na TV, entre outras. De tanto vermos essas cenas, terminamos por criar o hábito de achar normal... e aí se instala a grave doença da NORMOSE.... e ela se infiltra nos mais diferentes aspectos da vida humana.

Segundo Lorenz, os que vivem em países civilizados de grande densidade demográfica, ou mesmo em grandes cidades, não se têm idéia do quanto nos falta o amor ao próximo, sincero e caloroso. Na verdade, para esse autor, o ajuntamento humano nas cidades modernas é em grande parte responsável por não sermos mais capazes de distinguir o rosto do próximo nessa “aglomeração” de imagens humanas que mudam, se superpõem e se apagam continuamente. Diante dessa multidão e dessa promiscuidade, nosso amor pelos outros se desgasta a tal ponto que os perdemos de vista. Os que querem ainda ter para com seus semelhantes sentimentos calorosos e benévolos são obrigados a se concentrar em um pequeno número de amigos.

Em artigo recente do jornalista Fernando Martins, “O mito do homem bom e do homem mau”, uma pergunta inicial: o ser humano é bom ou mau por natureza? A resposta a essa pergunta, tão antiga como o homem, moldou todas as instituições políticas e econômicas atuais e a forma como elas nos governam. Também ajudou a reforçar mitos dos quais a sociedade atual não consegue escapar. O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588–1674) entendia que o homem é naturalmente egoísta. Para ele, sem um Estado forte que limite as pretensões individuais, haveria uma guerra de todos contra todos. Suas teorias justificaram o absolutismo dos reis europeus, e, posteriormente, todas as formas de autoritarismo e totalitarismo. Mas as idéias “atenuadas” de Hobbes de certa forma também inspiram nações democráticas que crêem no papel de um governo forte para definir os rumos de uma sociedade.

De fato, para Lorenz, nos é impossível amar toda a humanidade, apesar da justeza dessa exigência moral. Somos, portanto obrigados a fazer uma escolha, ou seja, a manter a distância, emocionalmente, numerosos seres dignos de nossa amizade. É um processo absolutamente inevitável para cada um de nós, mas já manchado de desumanidade. Levando mais adiante esse tipo de defesa voluntária contra as relações humanas, veremos que, de conformidade com os fenômenos de exaustão do sentimento, conduz às espantosas manifestações de indiferença que os jornais relatam diariamente. Quanto mais somos levados a viver na promiscuidade das massas, mais cada um de nós se sente acuado pela necessidade de não se envolver. É assim que hoje em dia os ataques à mão armada, o assassinato e o estupro podem acontecer em plena luz do dia, justamente no centro das grandes cidades, nas ruas cheias de gente, sem que sequer um “transeunte” intervenha. Amontoar os homens em espaços limitados leva de forma indireta a atos de desumanidade provocados pelo esgotamento e desaparecimento progressivo dos contatos, e é a causa direta de todo um comportamento agressivo.

Numerosas experiências realizadas em animais nos ensinaram que a agressividade entre congêneres pode ser estimulada amontoando-os em espaço limitado. Quem nunca teve experiência semelhante, quer em cativeiro, quer em situação análoga em que muitas pessoas vivem juntas por força das circunstâncias, não pode avaliar o grau de intensidade a que cega a irritabilidade. E se a pessoa tenta se controlar, se esmera no contato de cada dia, de cada hora, para ter uma atitude delicada e, portanto amigável, para companheiros pelos quais não tem qualquer amizade, a situação vira suplício. A falta de amabilidade generalizada, que podemos observar em todas as grandes cidades, é claramente proporcional à densidade das massas humanas aglomeradas em determinado lugar. Atinge proporções aterradoras nas grandes estações, ou nos terminais de ônibus e de metrô de Nova Iorque, Tóquio e São Paulo, por exemplo.

Tratando-se de mudanças climáticas, e voltando a falar de consumo de energia, tem-se de pensar em emissões de poluentes. Nesse aspecto, as diferenças dos índices emitidos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento também são significativas: um cidadão médio norte-americano, por exemplo, responde pela emissão anual de 20 toneladas anuais de dióxido de carbono; um britânico, por 9,2 toneladas; um chinês, por 2,5; um brasileiro, por 1,8; já um ganês ou um nicaragüense, só por 0,2; e um tanzaniano, por 0,1 tonelada anual (Wolfgang Sachs, do Wuppertal Institute).

Nos países industrializados cresce cada vez mais o consumo de recursos naturais provindos dos países em desenvolvimento - a ponto daqueles países já responderem por mais de 80% do consumo total no mundo. Segundo Sachs, 30% dos recursos naturais consumidos na Alemanha vêm de outros países; no Japão, 50%; nos países Baixos, 70%. Dessa forma, o grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente. Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando, mas não agimos para mudar completamente essa situação antes que seja demasiado tarde.

A escritora Viviane Forrester, em seu livro “O horror econômico”, comenta: depois da exploração do homem pelo homem em nome do capital, o neoliberalismo e seu braço operacional, que é a globalização, criaram, mantêm e ampliam, em nome da sacralidade do mercado, a exclusão de grande parte do gênero humano. O próximo passo será a eliminação? Caminhamos para um holocausto universal, quando a economia modernizada terá repugnância em custear a sobrevivência de quatro quintos da população mundial? Depois de explorados e excluídos, bilhões de seres humanos, considerados supérfluos, devem ser exterminados? Diante a situação em que vivemos, o raciocínio é bem mais do que uma hipótese.

Faz-se urgente uma nova postura das pessoas e das empresas com relação às questões de relação humana, que diretamente afetam o meio ambiente. Contudo, a conscientização ambiental de massa só será possível com percepção e entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas, que é o fundamento invisível das diferenças socioeconômicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O dia em que as populações entenderem como esta questão afeta sua vida de forma direta e irreversível, o meio ambiente não precisará mais de defensores. A sociedade já terá entendido que preservá-lo / conservá-lo é garantir a própria vida. Fragilizá-lo é fragilizar a economia, o emprego, a saúde, e tudo mais. Esta falta de entendimento compromete a adequada utilização de nossos recursos naturais, que nos oferecem os serviços ecossistêmicos gratuitos, como o seqüestro de carbono e a produção de oxigênio, inúmeros benefícios proporcionados pela biodiversidade das florestas, e tantas outras vantagens ambientais que nós humanos desfrutamos.

Caso nada seja feito de forma rápida e efetiva, as próximas gerações serão prejudicadas duplamente: pelos impactos ambientais e pela falta de visão de nossa geração em não explorar adequadamente a vantagem competitiva oferecida pelos recursos naturais. Ao contrário do que muitos pensam, os principais motivos de tão grave crise ter surgido, devem-se aos fracassos nas áreas sociais e ambientais, apesar da enorme expansão econômica e do desenvolvimento dos últimos anos.

1. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental, e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF Sudeste MG campus Rio Pomba e Diretor-Geral do IF Sudeste MG campus São João del-Rei. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.

2. Pedagoga e Especialista em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. É Diretora de Desenvolvimento Educacional do IF Sudeste MG campus São João del-Rei. E-mail: gecamau@yahoo.com.br.

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