*Vanessa Pereira de Abreu
Introdução
Estamos acostumados a pensar na água como um recurso inesgotável. Nada mais falso. Os recursos hídricos, ainda que renováveis, são limitados. Dos 70% da água que compõem o planeta Terra, apenas 2,5% é doce. E mais, desta porcentagem apenas 0,4% estão em lagos, rios, ou seja, disponíveis para as pessoas usarem. Diante desse cenário a Organização das Nações Unidas, ONU (2006), estima que até 2050 mais de 45% da população mundial não terá acesso a água potável. O alerta das Nações Unidas é corroborado por outro dado: é a primeira vez na história, que a maior parte das pessoas está vivendo em cidades. E a população está crescendo mais rápido do que a capacidade de adaptar a infra-estrutura urbana (MARIUZZO, 2011).
Segundo esta mesma autora, há evidências crescentes de que o setor da água também será significativamente afetado pelas mudanças no clima, nomeadamente através do impacto das inundações, secas e outros eventos extremos. De acordo com estudos da UN Water, órgão da ONU que trata de questões relacionadas à água doce e saneamento, são esperadas mudanças tanto em quantidade e qualidade. O aquecimento global e seus efeitos no clima do planeta Terra poderão interromper com maior frequência os serviços de abastecimento, além de aumentar o custo de água e serviços de águas residuais.
Desenvolvimento
A água doce é essencial para a humanidade, mas a maioria das pessoas não se dá conta de que o aumento da população mundial, e, portanto das atividades agrícolas e industriais, está reduzindo a qualidade desse recurso e tornando-o mais escasso em algumas regiões. O problema já é uma realidade em vários locais do planeta, preocupando cientistas e autoridades públicas e levando à adoção de medidas que evitem o desperdício ou a degradação das reservas hídricas. Leis mais sensíveis à importância dessa questão e a conscientização de cada indivíduo de que essa ameaça envolve a todos são os primeiros passos na busca de um uso mais sustentado da água na Terra (BRANDIMARTE, 1999).
São inúmeros os impactos de origem humana que degradam a água e modificam sua qualidade, com efeitos tanto diretos quanto indiretos sobre os corpos d’água. Entre os efeitos diretos destaca-se a introdução nos ambientes aquáticos de substâncias estranhas que, além de tornarem a água imprópria para utilização pelo homem, afetam negativamente a flora e fauna aquáticas. Entre os impactos indiretos está a retirada da vegetação existente nas margens, que leva à erosão nos locais desmatados e à entrada, no corpo d’água, de material inorgânico do solo. As alterações ambientais provocadas por esse material afetam os organismos que ali vivem, afirma essa mesma autora.
Cada pessoa deve ter acesso a quantidades suficientes de água potável e saneamento adequado. Essas necessidades básicas precisam ser atendidas da maneira mais equitativa possível, sem afetar adversamente a segurança ambiental. O manejo de recursos hídricos deve ser um processo que promova o desenvolvimento coordenado da água, solo e recursos relacionados, visando maximizar o bem estar social e econômico resultando de uma maneira eqüitativa e sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas vitais (PEREIRA, 2005).
Seja qual for o motivo do mau uso, a diminuição dos estoques de água e/ou a degradação desse recurso interferem nos organismos que vivem no ambiente aquático e ainda nos elementos de ecossistemas terrestres com os quais esses organismos mantêm relações. O homem também sofre as conseqüências de suas próprias atitudes. Ao gastar muita água, despejar rejeitos domésticos e industriais em corpos d’água e desmatar suas margens, entre outras ações, pode deixar de ter esse recurso em quantidade e/ou qualidade adequadas para seu uso. Os impactos humanos sobre os ambientes aquáticos têm reflexos negativos em todas as atividades que utilizam água. No caso da agricultura irrigada, por exemplo, a iminente escassez do recurso ameaça o suprimento global de alimentos. (BRANDIMARTE, 1999).
Segundo PEREIRA (2005), apesar de um aumento da consciência de que nossos recursos hídricos são limitados e necessitam ser protegidos, tanto na qualidade como na quantidade, nosso conhecimento e entendimento das questões políticas municipais, estaduais, nacionais e mundiais de água têm sido inadequadas devido à natureza fragmentada do campo no qual autoridades assim como organizações profissionais e científicas, locais, regionais e nacionais, estabelecidas ao redor das principais linhas do setor, não colaboram suficientemente.
Conclusão
O mundo não corre o risco de ficar sem água... Mas muitos países correm o risco de já não terem tempo de lidar com os problemas gravíssimos que a pressão da escassez de recursos hídricos coloca. Em nível nacional, o ponto de partida reside na necessidade de se encarar a água como um recurso escasso, colocando-se um enfoque ainda maior na gestão da procura dentro das fronteiras de sustentabilidade ecológica. A gestão integrada de recursos hídricos proporciona uma ampla estrutura por intermédio da qual os governos poderão conciliar os padrões de consumo de água com as necessidades e exigências dos diferentes consumidores, incluindo o meio ambiente. As políticas públicas visando a alteração dos sinais do mercado e dos incentivos de preços com o objetivo de conferirem maior peso à conservação e à redução da poluição, também se revelam de importância vital.
Referências Bibliográficas
BRANDIMARTE, A. L. Crise de água: modismo, futurologia ou uma questão atual?. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, editora Barsa Planeta, vol.26, nº 154, 1999.
HAUSHAHN, R. Falta de água será problema mundial para o século XXI. Espaço Cidadania. Universidade Metodista de São Paulo. 2011.
MARIUZZO, P. Escassez de água pode levar a conflitos; Os recursos hídricos, ainda que renováveis, são limitados. Pré-Univesp, Revista digital de apoio ao estudante pré-universitário. 2011.
PEREIRA, N. C. Crise de água. Relatório da Visão Mundial de Água. 2005.
Revista DAE, 24 de agosto de 2011.
*Aluna: Vanessa Pereira de Abreu
Professor: Maurício Novaes Souza
Disciplina: Manejo de Microbacias Hidrográficas
Curso: Agroecologia
Instituto Federal Sudeste de Minas campus Rio Pomba
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