* Por Maurício Novaes Souza1 e Vanessa Pereira de
Abreu2
Apenas 44,5% dos domicílios
brasileiros estão conectados a uma rede de esgoto. O quadro, segundo o
secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar Tiscoski, é de uma
situação "muito precária". O que é saneamento? Saneamento é definido pela
Organização Mundial de Saúde – OMS, como “o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem
efeitos deletérios sobre o seu bem-estar físico, mental ou social”. Segundo essa mesma organização, atualmente,
estima-se que, 2,4 bilhões de pessoas no mundo não tenham acesso a saneamento
básico, enquanto mais de um bilhão não tem água potável disponível. As
metas para o desenvolvimento do milênio, estabelecidas em consenso pelos países
membros da ONU, propõem que até 2015 mais dois bilhões de pessoas tenham
acesso a água potável e esgoto.
O
investimento no tratamento de efluentes pode significar um grande salto para o
desenvolvimento em termos de orçamento em infraestrutura requerida para
proteger o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da população, assim
como propiciar novas oportunidades de negócios. Assim sendo, a coleta, o
tratamento e a disposição ambientalmente adequada de efluentes são fundamentais
para a melhoria do quadro de saúde da população e pré-requisito para busca da
sustentabilidade.
Segundo
Reis (2010), as ações e projetos desenvolvidos na área
de saneamento têm respostas imediatas sobre os índices de saúde pública da
população e também nos indicadores de poluição ambiental do planeta. Investir
em saneamento é economizar dinheiro público. Há uma afirmativa clássica que diz
que “Cada dólar gasto em saneamento provoca uma economia de U$ 4 a U$ 5 para os
governos”. Porém, em tempos de campanha eleitoral, pouco se ouve da boca dos
candidatos a promessa de investimentos efetivos em Saneamento Básico e
Ambiental.
Os benefícios econômicos, dependendo da região do globo,
podem ser de até 34 vezes o valor investido. Se considerarmos a economia por
conta da disponibilidade de água potável, dispensando tratamento com produtos
químicos, podemos chegar à poupança de 60 vezes o que for gasto para obter água
limpa. As
pessoas que têm acesso a água potável e saneamento básico adoecem menos e
terão uma vida mais produtiva. O retrato atual da falta de saneamento mostra
que pelo menos mais de 1,5 milhão de pessoas morrem anualmente
por não ter água potável e saneamento básico. Outras doenças estão associadas
ao baixo índice de saneamento, como a malária, a qual mata quase dois
milhões de pessoas anualmente.
Contudo,
de acordo com o orçamento da união para 2012, o seu relatório orçamentário nos revela
que apenas 0,14% serão destinados ao Saneamento Ambiental. Para cumprir essa
meta do plano, assim como outras (universalização do acesso à água e da coleta
de lixo urbano), é necessário um investimento de R$ 420 bilhões nos próximos 18
anos, o que corresponde a R$ 20 bilhões por ano, entre recursos públicos e
privados. Além dos recursos, governo e especialistas da área concordam que a FALTA
DE BONS PROJETOS é outro grave entrave para o setor. Percebe-se então que essa
percentagem é muito baixa, visto que o ideal seria maiores investimentos e
financiamentos em questões ambientais, pois é de suma importância designar
recursos para essa área. Além disso, a capacidade de investimento de empresas
de saneamento tem impedido que alguns estados e municípios se habilitem a
receber recursos federais que poderiam ser investidos em abastecimento de água,
esgoto sanitário, manejo das águas das chuvas, coleta e destinação de resíduos
sólidos e preservação de mananciais.
Entre
os problemas decorrentes da falta de saneamento ambiental, destacam-se: a
contaminação de corpos d'água pelo lançamento de efluentes líquidos e resíduos
sólidos domésticos e industriais sem tratamento; a contaminação do lençol
freático, quando é inadequada a localização dos aterros sanitários e há falta
de tratamento de esgotos; o assoreamento e a redução do fluxo de escoamento nos
canais de drenagem, resultantes da disposição inadequada de resíduos em
terrenos baldios e nas margens dos cursos d'água, além da proliferação de
doenças e epidemias decorrente da precariedade dos serviços.
Várias são as opções tecnológicas para o tratamento de esgoto. O sistema
de lagoas de estabilização é o que mais se destaca, devido à alta remoção de
microorganismo e DBO, terem uma simples operação e manutenção e utilizar como
fonte de energia a energia solar. A escassez, a má distribuição da água, a
falta de saneamento básico e a crescente degradação dos recursos hídricos
movida por um modelo que os utilizam de forma crescente, descontrolada e
irresponsável são alguns fatores que devem ser bem geridos, tendo em vista, a
busca de um desenvolvimento econômico-social compatível com a conservação do
meio ambiente.
Nesse contexto, o investimento no
gerenciamento de efluentes é uma das diversas soluções para preservar,
minimizar os impactos e usar de forma sustentada a água - um recurso indispensável
na sobrevivência humana. No
entanto, o sistema político ignora que o investimento do tratamento do esgoto
trás redução de gastos aos cofres públicos com serviços de saúde. Porém,
sabe-se hoje que, investir no esgoto é socialmente indispensável, economicamente
viável e ambientalmente necessário, sendo tal ação uma condição necessária para
busca da sustentabilidade.
1. Engenheiro
Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão
Ambiental e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF - Rio Pomba.
E-mail: mauricios.novaes @ifsudestemg.edu.br.
2. Estudante do curso de Bacharel em
Agroecologia do Instituto Federal campus Rio Pomba. E-mail: nessa-mg@hotmail.com.
Nenhum comentário:
Postar um comentário