sábado, 1 de fevereiro de 2014

Estação de tratamento de água: o caso do Instituto Federal Campus-RP e curiosidades sobre SANEAMENTO BÁSICO

Laura Júlia da Costa Mendonça


Disciplina: Saneamento Ambiental e Rural
Prof: Mauricio Novaes


·        Introdução
As estações de tratamento de água ou também abreviado como ETA é um local em que realiza a purificação da água captada de alguma fonte para torná-la própria para o consumo e assim utilizá-la para abastecer uma determinada população. A captação da água bruta é feita rios ou represas que possam suprir a demanda por água da população e das indústrias abastecidas levando em conta o ritmo de crescimento. Antes que vá para o sistema de distribuição de água através de adutoras, passa por um processo de tratamento com várias etapas.
O processo de tratamento utiliza processos físicos e químicos para que a água adquira as propriedades desejadas que a tornem própria para o consumo. As estações utilizam grades para reter impurezas maiores como restos de vegetais, e em seguida a água segue para uma etapa de floculação quando através de agentes químicos, como o sulfato de alumínio, as partículas de sujeira se aglomeram para em seguida decantarem no fundo de um tanque.
Em seguida a água passa por uma etapa de filtração, passando através de filtros compostos por carvão, areia e cascalho. Por final, recebe aditivos químicos como a cal que corrige a acidez da água, o cloro que age como desinfetante e o flúor que é adicionado para reduzir o problema com cáries na população.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE em 2008 a água tratada não chega a 21,4% das residências no país. Em São Paulo está localizada uma das maiores estações de tratamento do mundo, a de Guaraú, parte do Sistema Cantareira. Desde 1975 há obrigatoriedade da fluoretação da água tratada no país.

·        Desenvolvimento
No último dia 16 realizamos uma aula prática na estação de tratamento de água da nossa instituição de ensino. O tratamento é basicamente manual, a principio há uma sala onde os produtos que serão utilizados no tratamento são misturados, são eles, hipoclorito de sódio 12%, que sofre uma diluição até alcançar de 9 a 10%, são utilizadas três caixas d’água nesse processo a cada 250L de água são utilizados 6 de cloro (figura 1). Em seguida é colocado o sulfato de alumínio, utilizado para coagular a sujeira e em seguida sua decantação são diluídos 12 kg para cada 300 L, de água são utilizadas duas caixas d’água neste processo (figura 2), por último é colocada cal com a finalidade de ajustar o pH da água, é feita uma mistura de 20kg para 500L de água, sendo está de 30 em 30 dias aproximadamente (figura 3).
Já na área externa ficam localizados cinco caixas de concreto, tendo a primeira função de misturador (todos os produtos (exceto a Cal) diluídos na primeira etapa serão incorporados a água que chega da estação de pré-tratamento), a segunda, terceira e quarta contém britas que são usadas para diminuir a velocidade da água, fazendo com que o produto possa agir, e a ultima serve apenas para armazenar a água que seguirá para a terceira etapa do tratamento (figura 4).
Já com o processo de coagulação e decantação iniciados, a água é levada para um outro reservatório, este local é composto de quatro floculadores, um imenso decantador e quatro filtros (figura 5), após ser filtrada a água é levada para um reservatório onde é adicionado a Cal (figura 6).
São tratados cerca de 250 a 280 mil litros de água/dia, sendo o consumo da instituição cerca de 150 a 180 mil litros de água/dia. O restante é praticamente desperdiçado por não haver outro reservatório.
Desde a nascente até a estação de tratamento a água é trazida toda por gravidade, nenhuma bomba é usada neste processo, somente na limpeza.
Assim como a chegada da água a distribuição também é feita toda por gravidade. A limpeza da estação é realizada com a seguinte frequência: caixas de concreto para mistura e ação do produto são lavadas todos os dias, filtros, todos os dias, floculadores, 15 em 15 dias e o decantador de 6 em 6 meses.
Para saber se os níveis de produtos que estão sendo utilizados, estão dentro da norma permitida são realizados análises na água, de 2 em 2 meses por uma empresa de Ubá, que coleta a água e em seguida encaminha para uma empresa de Belo Horizonte, e na escola na frequência de 15 em 15 dias. Para o cloro é permitida uma quantidade de 0,5 a 2 ppm, é preciso ficar de olho também nos níveis de sulfato, pois altas concentrações dele pode causar um efeito reverso, ao invés de limpar a água ele irá sujá-la (figuras 7 a, b).
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Conclusão
Mesmo diante das dificuldades que o responsável técnico Carlos Alberto Pereira (Cabé) enfrenta, nos é oferecido uma água de qualidade dentro de todas as normas e padrões exigidos. Muitas coisas ainda têm para se aperfeiçoar como a transferência do pré-tratamento para dentro do setor de tratamento de águas e também a construção de outro reservatório para a água já tratada. No mais devemos sim dar mais atenção as nossas nascentes e rios pois são delas quem vem nossa fonte de vida.

·        Anexos

Fotos:

Figura 1: Local onde é diluído o hipoclorito de sódio 12% (até chegar à concentração de 9 a 10%, em média são colocados 250L de água, para 6 de cloro).


Figura 1a: Galões com Hipoclorito de sódio 12%.


Figura 2: Caixas de diluição de Sulfato de Alumínio, onde são utilizados 12kg do produto para cada 300L de água.

Figura 2 a: Local de armazenagem do Sulfato de Alumínio e da Cal.


Figura 3: Caixa de diluição da Cal, 20 Kg do produto, para 500L de água a cada 30 dias.


Figura 4: Caixas de concreto, onde a água recebe os produtos diluídos, e onde começaram a agir.

Figura 5: Terceira etapa de tratamento, composta de quatro floculadores (canto direito da imagem), no centro um imenso decantador e do lado esquerdo da imagem quatro filtros.


Figura 6: No fundo da imagem a caixa onde é armazenada a água já tratada e onde será adicionado a Cal.

Figura 7a: Analise realizada em Ubá.

Figura 7b: Analise realizada no Instituto Federal.
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Dados importantes e curiosidades

Números mais importantes:

·         Atendimento em água potável: quando consideradas as áreas urbanas e rurais do País, a distribuição de água atinge 81,1% da população.
·         O atendimento em coleta de esgotos: chega a 46,2% da população brasileira.
·         Do esgoto gerado, apenas 37,9% recebe algum tipo de tratamento. A região com maior índice de esgoto tratado é a Centro-Oeste, com 43,1%.
·         Crescimento das ligações:  entre 2009 e 2010, houve um crescimento de 2,2 milhões de ramais de água e de 2,4 milhões de ramais de esgotos no País.
·         Consumo de água por habitante no Brasil: apresentou crescimento de 7,1% em 2010 com relação a 2009: o consumo diário por habitante alcançou os 159 litros. A região com menor consumo é a Nordeste, com 117 litros por habitante por dia; já a região com maior consumo é a região Sudeste, com 186 litros por habitante por dia.
·         Perda de água: a média de perdas de água (faturamento) diminuiu 1,2 pontos percentuais em 2010 em relação a 2009, atingindo 35,9%.
·         Receitas totais geradas pelos serviços de água e esgotos:  alcançaram os R$ 70,5 bilhões em 2010.
·         Investimentos: em 2010 os investimentos do Governo em água e esgotos atingiram R$ 8,9 bilhões.
·         Postos de trabalho: em 2010 o setor de saneamento criou 64 mil novos postos de trabalho, atingindo um total de 671 mil empregos diretos e indiretos criados pelo setor.
Fonte: SNIS 2010 (Ministério das Cidades) 
·         Cada R$ 1 investido em saneamento gera economia de R$ 4 na área de saúde
Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2004.
·         O Brasil é o 9º colocado no ranking mundial “da vergonha” com 13 milhões de habitantes sem acesso a banheiro.
Fonte: Estudo Progress on Sanitation and Drinking Water – OMS/UNICEF, 2010.
·         Nas 100 maiores cidades do Brasil, municípios tratados no Ranking do Saneamento – base SNIS 2010, vivem 77 milhões de habitantes, ou seja, 40% da população brasileira.
·         Dos 77 milhões, em 2010 pouco mais de 90% da população tinha acesso a água potável, então quase 7 milhões de habitantes ainda não tinham acesso. 31 milhões não tinham acesso à coleta de esgotos em 2010.
·         Do volume de esgoto gerado nessas 100 cidades somente 36,28% é tratado, ou seja, são quase 8 bilhões de litros de esgoto lançados todos os dias nas águas brasileiras sem nenhum Tratamento.
·         20 das 100 cidades analisadas ofereciam água tratada a 100% de sua população
·         34 das 100 cidades possuíam índice de coleta de esgoto superior a 80% da população e apenas 5 delas atendiam a 100%: Belo Horizonte, Santos, Jundiaí, Piracicaba e Franca
·         Só 6 municípios possuíam índice de tratamento de esgoto superior a 80%. Sorocaba, Niterói, São José do Rio Preto, Jundiaí, Curitiba e Maringá.
·         Os 100 municípios investiram em melhorias no saneamento em média 28% da receita com esses serviços. Apenas 8 municípios investiram acima de 80% na ampliação e melhorias do sistema de água e esgotos - Ribeirão das Neves (MG), Recife (PE), Teresina (PI), Praia Grande (SP) e Vitória (ES).
·         A média de perdas de água para os 100 municípios foi de 40,46%, pior portanto que a média nacional que foi de 36% em 2010.
Fonte: Ranking Trata Brasil com avaliação dos serviços de saneamento nas 100 maiores cidades do País, base SNIS 2010.  

·         Em 2009 a participação dos domicílios atendidos pelo serviço de rede coletora ou por fossa séptica à rede coletora foi de 59,1%;
·         As regiões Norte e Nordeste tiveram as menores parcelas de domicílios atendidos por este serviço, com 13,5% e 33,8%, respectivamente, do total de domicílios da região, equivalentes a, respectivamente, 555 mil e 5,2 milhões de domicílios;
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Síntese dos Indicadores de 2009 – IBGE, 2010 

·         Investe-se muito pouco em saneamento, o que torna a universalização muito distante. Deveriam ser investidos 0,63% do PIB, mas efetivamente são investidos apenas 0,22%.
·         Menos de 30% das obras do PAC Saneamento foram concluídas até 2010 (Ministério das Cidades).
·         Estudo do Trata Brasil “De Olho no PAC”, que acompanha a execução de 114 grandes de saneamento em municípios acima de 500 mil habitantes, mostra que apenas 7% de obras foram concluidas até Dezembro de 2011. 60% destas obras estão paralisadas, atrasadas ou ainda não iniciadas.
Fonte: Pesquisa 'De Olho no PAC' - Instituto Trata Brasil 

Impactos à sociedade:

·         Por ano, 217 mil trabalhadores precisam se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados a falta de saneamento. A cada afastamento perdem-se 17 horas de trabalho.
·         A probabilidade de uma pessoa com acesso a rede de esgoto faltar as suas atividades normais por diarréia é 19,2% menor que uma pessoa que não tem acesso à rede.
·         Considerando o valor médio da hora de trabalho no País de R$ 5,70 e apenas os afastamentos provocados apenas pela falta de saneamento básico, os custos chegam a R$ 238 milhões por ano em horas-pagas e não trabalhadas.
·         De acordo com o DATASUS, em 2009, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrointestinais, 2.101 faleceram no hospital.
·         Cada internação custa, em média R$ 350,00. Com o acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e de 65% na mortalidade, ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.
Fonte: Pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro – Instituto Trata Brasil/FGV, 2010. 
·         A diferença de aproveitamento escolar entre crianças que têm e não têm acesso ao saneamento básico é de 18%;
·         11% das faltas do trabalhador estão relacionadas a problemas causados por esse mesmo problema;
·         Apesar do relevante aumento de arrecadação e renda resultantes de maior fluxo de pessoas em 20 destinos turísticos indicados pela Embratur, essas localidades acusam ainda um subinvestimento das necessidades básicas;
·         Cada 1 milhão investido em obas de esgoto sanitário gera 30 empregos diretos e 20 indiretos, além dos permanentes quando o sistema entra em operação. Com o investimento de R$ 11 bilhões por ano reivindicado pelo setor de saneamento, calcula-se que sejam gerados 550 mil novos empregos no mesmo período;
·         Se os investimentos em saneamento continuarem no mesmo ritmo, apenas em 2122 todos os brasileiros teriam acesso a esse serviço básico.
·         As 81 maiores cidades do país, com mais de 300 mil habitantes, despejam, diariamente, 5,9 bilhões de litros de esgoto sem tratamento algum, contaminando solos, rios, mananciais e praias do país, com impactos diretos a saúde da população.
Fonte: Pesquisa Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo – Instituto Trata Brasil/FGV, 2008.

Ganhos ao cidadão e ao país:

·         Ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta a sua produtividade em 13,3%, permitindo assim o crescimento de sua renda na mesma proporção.
·         Com a universalização do acesso a rede de esgoto, a estimativa é que a massa de salários, que hoje gira em torno de R$ 1,1 trilhão, se eleve em 3,8%, provocando um aumento na renda de R$ 41,5 bilhões por ano.
·         A universalização do acesso a rede de esgoto pode ainda proporcionar uma valorização média de até 18% no valor dos imóveis.
·         A valorização dos imóveis pode alcançar R$ 74 bilhões, valor 49% maior que o custo das obras de saneamento avaliado em R$ 49,8 bilhões (considerando apenas novas ligações).
·         Em longo prazo, o acesso à rede de esgoto implicaria um aumento na arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na mesma proporção do valor médio dos imóveis, um ganho estimado de R$ 385 milhões ao ano. Já no Imposto Sobre Transferência de Bens de Imóveis (ITBI) o crescimento esperado é superior a R$ 80 milhões por ano.
Fonte: Pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro – Instituto Trata Brasil/FGV, 2010. 

O Brasileiro conhece o tema 'Saneamento Básico' e a responsabilidade do Poder Público quanto a estes serviços?

·         Com o objetivo de verificar o nível de conhecimento do brasileiro sobre os serviços de saneamento básico, mais especificamente sobre o acesso à água potável, coleta e tratamento dos esgotos, o Instituto Trata Brasil realizou junto com o IBOPE uma pesquisa de opinião. Realizada com 1008 pessoas em 26 grandes municípios - com população acima de 300 mil habitantes-, o estudo revelou que os brasileiros estão mais críticos e bem informados sobre o assunto. Vejam alguns resultados: 
·         81% dos entrevistados souberam relacionar saneamento com os 4 serviços da área (água, esgotos, resíduos sólidos e drenagem)
·         Quase metade dos entrevistados (47%) afirmaram haver esgoto ou córrego correndo a céu aberto próximo da residência.
·         31% citaram o saneamento (Esgoto + Limpeza Pública + Coleta de Lixo + Abastecimento de água) como a área mais problemática, ficando atrás somente de saúde (61%), segurança (46%) e drogas (40%).
·         Metade dos entrevistados disse que se pudesse não pagaria para ter seu domicílio ligado à rede coletora de esgotos. Outros resultados explicam: Com relação à qualidade dos servi serviços, 58% afirmaram que o valor pago pela água / esgoto é caro em relação à qualidade do serviço prestado.
·         Sobre as melhorias nos serviços de saneamento no bairro onde moram, 41% afirmaram que houve melhora, 44% que permaneceram iguais e 11% que pioraram.
·         75% das pessoas afirmaram que, apesar dos problemas, não cobram melhorias nos serviços. 59% dos cidadãos afirmaram que mesmo quando foram feitas reclamações à Prefeitura ou empresa de água e esgotos reivindicando melhorias, nenhuma medida foi tomada.
·         A maioria dos entrevistados (68%) sabe que o Prefeito é o principal responsável pelos serviços da área de saneamento básico. No que se refere à fiscalização, a maior parte dos entrevistados (55%) diz caber também à Prefeitura e 18% ao governo do Estado. A Agência Reguladora, órgão realmente responsável, foi citada por apenas 1% dos entrevistados. 13% das pessoas não sabem.
Fonte: A percepção do brasileiro quanto ao saneamento básico e a responsabilidade do poder público - Instituto Trata Brasil/Ibope, 2012.
Referência Bibliográfica:

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