Sandy Queiroz Espinoso1, Richardson
Sales Rocha1, Louslany Almeida Oliveira2, Eduardo Sudre
Pereira1, Maurício Novaes Souza1, Ismael Lourenço de
Jesus Freitas1
¹Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes Campus de Alegre / Curso Superior de
Tecnologia em Cafeicultura - Rod Br 482, Km 47, s/n - Rive, Alegre - ES, 29520-000
²Instituto Federal Norte Fluminense – Iff Campus Campos centro / Graduanda em
Ciências da Natureza - R.
Dr. Siqueira, 273 - Parque Tamandaré, Campos dos Goytacazes - RJ, 28030-131
sandyespinoso@gmail.com, richardsonsales2016@gmail.com,
almeidalouslany@gmail.com, eduardo_sudre@hotmail.com, mauriciosnovaes@yahoo.com.br, ismaelljf@yahoo.com.br
Resumo – A cafeicultura é uma cultura perene mais
consolidada do estado do Espírito Santo, estudos aprofundados a respeito das
espécies infestantes são de suma importância para o bom desempenho do cafezal e
otimização do manejo de daninhas. O objetivo deste trabalho foi fazer um
levantamento fitossociológico em três propriedades de altitude e manejo
diferentes, com lavouras de café, sendo a primeira consorciada com palmito
pupunha e banana a segunda sombreada com Ingá, e a terceira a pleno sol,
localizadas em três comunidades de Alegre, ES, Brasil, com intuito de conhecer
as espécies infestantes da região. Para identificação e quantificação das
espécies de plantas daninhas, foi utilizado como unidade amostral um quadrado
inventário de 25 x 25 cm lançado aleatoriamente. As espécies presentes no seu
interior foram cortadas rente ao solo, acondicionadas em sacos plásticos e
levadas para o laboratório, para contagem e identificação. A partir dos resultados, determinaram-se
os parâmetros fitossociológicos: densidade absoluta (Da), densidade
relativa (Dr), frequência absoluta (Fa), frequência relativa (Fr), dominância
absoluta (DoA), dominância relativa (DoR) e o índice de valor de importância
(IVI). Com relação às diferenças encontradas entre os parâmetros
fitossociológicos para as áreas avaliadas, conclui-se que o levantamento
fitossociológico é de fundamental importância para o planejamento do manejo das
plantas daninhas.
Palavras-chave: Fitossociologia, frequência,
identificação, agricultura.
Área do
Conhecimento: Agronomia
Introdução
O Brasil é o maior e mais
tradicional produtor mundial de café, produto que atualmente envolve cerca de
10 milhões de pessoas em sua cadeia produtiva. Em paralelo, a cafeicultura
orgânica vem crescendo a elevadas taxas anuais, e apesar de ainda representar
pequena fatia do mercado total, tem enorme potencial de crescimento devido ao
seu apelo ambiental, social e econômico, tornando-se excelente opção para pequenos
e médios agricultores (RICCI et al., 2006).
O levantamento fitossociológico é uma importante
ferramenta na obtenção de conhecimento sobre as populações e a biologia de
espécies de plantas daninhas encontradas nas culturas agrícolas e no
embasamento técnico de recomendações de manejo e tratos culturais (TUFFI et
al., 2004).
As interações das espécies com o meio onde vivem
permitem que as comunidades de plantas daninhas se diferenciem umas das outras
(MARTINS e SANTOS, 1999). Nem todas as espécies de plantas daninhas em uma
comunidade exercem a mesma intensidade de interferência sobre o desenvolvimento
e produtividade da cultura, existem espécies dominantes, que originam a maior
parte da interferência, espécies secundárias (em menos densidade) e as espécies
acompanhantes, que ocorrem ocasionalmente e dificilmente sua presença acarreta
problemas econômicos, maior atenção deve ser dada às espécies dominantes,
concentrando recursos para o seu controle.
Os índices fitossociológicos são determinados pela
densidade relativa, que reflete a participação numérica de indivíduos de uma
determinada população, pela frequência relativa, refere-se à porcentagem que
representa a frequência de uma população em relação à soma das frequências das
espécies que constituem a comunidade infestante, pela dominância relativa, que
representa o ganho de biomassa de uma espécie e pela importância relativa, que
é uma avaliação desses índices e indica quais espécies são mais importantes em
termos de infestação na cultura agrícola (KUVA, 2000).
Metodologia
O levantamento
fitossociológico foi realizado em três áreas de cultivo de café, sendo a
primeira consorciada com palmito pupunha e banana, a segunda sombreada com Ingá,
e a terceira a pleno sol, espaçamento de 3,00 m entre linhas, 1,00 m entre
plantas, localizadas em três comunidades em Alegre, ES, Brasil.
Para identificação e
quantificação das espécies de plantas daninhas, foi utilizado como unidade
amostral um quadrado inventário de 25 x 25 cm lançado aleatoriamente. As
espécies presentes no seu interior foram cortadas rente ao solo, acondicionadas
em sacos plásticos e levadas para o laboratório, para contagem e identificação.
Após este procedimento, as plantas foram colocadas em sacos de papel e levadas
para secagem em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de 70°C por
72h. Transcorrido esse período as plantas foram pesadas, em balança de
precisão, para a obtenção da massa da matéria seca. Após foram avaliados os
seguintes parâmetros: densidade absoluta (Da), densidade relativa (Dr),
frequência absoluta (Fa), frequência relativa (Fr), dominância absoluta (DoA),
dominância relativa (DoR) e o índice de valor de importância (IVI) de acordo
com MULLERDOMBOIS e ELLENBERG (1974).
Frequência = n° de
quadros onde a espécie foi encontrada


frequência total das espécies

n° total de quadrados

densidade total
das espécies

n° total de
quadrados onde a espécie foi encontrada
Índice de importância
relativa = frequência relativa + densidade relativa + abundância relativa
Resultados
Figura 1. Valores da
Densidade relativa (Dr), Frequência relativa (Fr), Dominância relativa (DoR) e
Índice de valor de importância (IVI = Dr + Fr + DoR) das espécies de plantas
daninhas encontradas na área de cultivo de café sombreado com palmito pupunha e
banana (tratamento 1) em Alegre – ES.
Figura 2. Valores da
Densidade relativa (Dr), Frequência relativa (Fr), Dominância relativa (DoR) e
Índice de valor de importância (IVI = Dr + Fr + DoR) das espécies de plantas
daninhas encontradas na área de cultivo de café sombreado com Ingá, (tratamento
2) em Alegre – ES.
Figura 3. Valores da
Densidade relativa (Dr), Frequência relativa (Fr), Dominância relativa (DoR) e
Índice de valor de importância (IVI = Dr + Fr + DoR) das espécies de plantas
daninhas encontradas na área de cultivo de café à pelo sol, (tratamento 3) em
Alegre – ES.
Discussão
Na área de cultivo de café consorciado com
palmito pupunha e banana, (tratamento 1), foram identificadas 4 espécies de plantas
daninhas. Dentre as espécies identificadas, Cyperus
rotundus L. destacou-se entre as espécies, apresentando IVI de 195,06
(Figura 1). Sendo que o fator que mais contribuiu para o IVI foi a densidade
relativa, indicando alto acúmulo de matéria seca.
Já na área sombreada com Ingá, (tratamento 2), foram identificadas apenas 3 espécies de plantas daninhas, as quais, o Sorghum arundinaceum foi a espécie
predominante da área, seguida das espécies Portulaca
oleracea e Turnera subulata, com
valores de IVI próximos a 184,9; 68,18 e 47,73, respectivamente (Figura 2).
Na área com café convenconal à pleno sol, (tratamento 3), foram identificadas 4 espécies de plantas daninhas, sendo a espécie que apresentou maior IVI foi a Rottboellia cochinchinensis seguida pela
Commelina erecta com valores de
145,23 e 85,09 respectivamente, são espécie comuns em plantios de café
altamente agressivas e de difícil controle.
Conclusão
Com relação às diferenças encontradas entre os parâmetros
fitossociológicos para as áreas avaliadas, conclui-se que o levantamento
fitossociológico é de fundamental importância para o planejamento do manejo das
plantas daninhas. Evidenciando-se a importância de conhecer as espécies
infestantes e suas populações durante todo o ciclo da cultura, especialmente no
período crítico de prevenção da interferência, de maneira a se fazer um manejo
de forma sustentável, com redução dos custos e menor dano ao meio ambiente.
Referências
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diferentes métodos de controle de plantas daninhas sobre a produção de
cafeeiros instalados em Latossolo Roxo distrófico. Ciência e Agrotecnologia,
v.4, p.54-61, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87052010000300015&nrm=iso.
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MUELLER DOMBOIS, D. e ELLENBERG, H. Aims and Methods of Vegetation
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Acesso em: 21 ago. 2016.
TUFFI SANTOS, L.D.; SANTOS, I.C.; OLIVEIRA,
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Acesso em: 21 ago. 2016
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