sábado, 17 de maio de 2008

Poluição urbana: a questão do “lixo” e sua disposição


* Maurício Novaes Souza 1; Nair Maria Bernardino 2; Mirianne Grôppo 2; e Elir Andrade Júnior 2.
Publicado em: INFORMACIRP Junho de 2007

A geração de resíduos é inseparável das atividades humanas. Nos primórdios da nossa civilização, se baseava principalmente em material orgânico, como restos de comida, que facilmente eram degradados e absorvidos pela natureza. Com o processo de industrialização, os resíduos se modificaram em quantidade e composição, tornando-se um dos grandes problemas sócio-ambientais da atualidade. A estes foram incorporadas substâncias perigosas e tóxicas, que podem causar danos irreparáveis à saúde humana e ao meio ambiente. Por esses motivos, deve haver preocupação com a produção, o manuseio e a disposição dos resíduos.
Mas de quem é essa responsabilidade? Atualmente, por lei, cabe ao município a destinação correta do “lixo” gerado no município. Contudo, o problema dos custos é central. Está para ser reeditado um Projeto Nacional de Política de Resíduos Sólidos, popularmente conhecido como “lixo” – área em que o atraso brasileiro é inacreditável. Diversos projetos já foram discutidos, como o que tornava obrigatória a coleta seletiva e reciclagem em municípios com mais de 100 mil habitantes (embora se pudesse perguntar por que só neles). Mas a pressão dos setores interessados fez com que recuassem e tudo voltasse à estaca zero.
Toda essa questão preocupa imensamente, posto que o quadro atual é dramático. Segundo o IBGE, em 2002, eram coletadas a cada dia no país 228,4 mil toneladas de resíduos domiciliares e comerciais, e desse total, 59,5% não tinham destinação adequada. Ou seja, iam para lixões a céu aberto 146,8 mil toneladas diárias, ou 90 bilhões de quilos por ano. Nas áreas rurais, onde vivem 20% da população, apenas 17,4% dos domicílios dispunham de coleta.
A nova política proposta atribui ao gerador de resíduos sólidos urbanos a responsabilidade pelo acondicionamento, a disponibilização para a coleta, tratamento e disposição final ambientalmente adequado aos dejetos, o que alivia os custos que hoje estão a cargo do poder público, semi-falido na maioria dos municípios brasileiros.
Em Rio Pomba, são produzidos diariamente 9,0 toneladas de lixo, coletados e transportados inadequadamente em carro aberto por toda a cidade, seguindo destino para um aterro controlado. Em pesquisa realizada por alunos do Curso de Meio Ambiente do CEFET-RIO POMBA, a alguns funcionários da prefeitura, foram estes alguns dos questionamentos:
a) Há algum projeto de implantação de lixeiras na cidade? Não, pois já foram colocadas várias na praça e na avenida principal, contudo, foram destruídas em pouco tempo. Dessa forma, foi adotada a idéia de se aumentar o número de varredores de rua e colocá-los trabalhando de segunda a segunda. Considerou-se importante a geração de novos empregos na cidade;
b) Como é feita a coleta de lixo em Rio Pomba? Na segunda-feira é feita por dois (2) caminhões por todas as ruas da cidade. Nos demais dias da semana a coleta é realizada diariamente, com exceção dos domingos, nos bairros mais próximos ao centro; e em dias alternados nos bairros periféricos; e
c) Existe a proposta de se construir uma Usina de reciclagem? Já existiu tal interesse, mas não saiu do papel por questões financeiras e políticas.
De que forma cada cidadão de Rio Pomba poderá contribuir? a) reduzindo a produção de “lixo” a partir do consumo mais racional; b) não jogar “lixo” nas ruas e em locais não adequados; c) conservar as lixeiras já existentes e cobrar a instalação de novas em pontos estratégicos; d) procurar saber em qual horário é realizada a coleta em sua rua e colocar o lixo apenas alguns minutos antes desse horário, evitando que as embalagens sejam abertas por animais, o que aumenta o risco de contaminação e suja toda a cidade.
Cabe considerar que a limpeza das praças e ruas da área urbana do município de Rio Pomba vem sendo realizada com eficiência, podendo nossa cidade ser considerada uma das mais limpas de toda a região da Zona da Mata.
Solução definitiva? Cabe a cada cidadão a disposição correta do “lixo”, ou seja, na lixeira, que dependerá de investimentos em Educação Ambiental; e a iniciativa da Prefeitura em construir uma Usina de Triagem e Reciclagem, além de um Aterro Sanitário.

1* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas e Gestão Ambiental e Doutorando em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). É professor do CEFET - Rio Pomba, coordenador dos cursos Técnico em Meio Ambiente e Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. É conselheiro do COPAM e da SEMAD - Zona da Mata, MG. E-mail: mauriciosnovaes@yahoo.com.br.
2* Alunos do Curso de Técnico em Meio Ambiente do CEFET-RIO POMBA.

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