sábado, 17 de maio de 2008

Visita Técnica ao COMBIO e ao Parque Estadual do Rola Moça


* Por Maurício Novaes Souza
Publicado em: www.cefetrp.edu.br e O Imparcial de 11-05-2008

Nos dias 22 a 26 de abril aconteceu em Belo Horizonte o II COMBIO – Congresso Mineiro de Biodiversidade. O CEFET-RIO POMBA se fez presente de forma marcante com um estande onde se puderam apresentar seus cursos e produtos, além de sua filosofia de vanguarda em educação focada nos princípios que regem o Desenvolvimento Sustentável. A iniciativa de participação nesse evento, não com mero espectador, mas mostrando o perfil de uma Instituição atuante, partiu da Professora Alessandra Furtado Fernandes, coordenadora e responsável pelo estande e de outras atividades.
Funcionários, alunos e professores, como a Professora Carla Ribas, participaram de mini-cursos e palestras. Nos dias 24 e 25 de abril, 50 (cinqüenta) alunos dos cursos de Meio Ambiente, Agroecologia, Agropecuária, Floresta e Alimentos, acompanhados pelo Professor Maurício Novaes, visitaram o COMBIO e posteriormente o Parque Estadual do Rola Moça, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dessa forma, o CEFET-RP se firma ao lado de grandes Instituições que participaram desse evento, como a Universidade Federal de Minas Gerais, de Viçosa, de Lavras, ONG´s como o Greenpeace, e diversas outras empresas de grande porte.

COMBIO – Congresso Mineiro de Biodiversidade

“Não é possível existir humanidade sem natureza”. Essa é a mensagem que o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, José Carlos Carvalho, levou ao II Congresso Mineiro de Biodiversidade. Durante a solenidade de apresentação do COMBIO, o secretário reforçou a importância do evento e da conscientização da população em defesa do meio ambiente: “Os últimos dados divulgados mostram que, mesmo tendo 2 bilhões de pessoas no mundo ainda excluídas do mercado consumidor, já são consumidos hoje 20% a mais da capacidade do planeta”.


A presidente do Instituto Terra Brasilis (ITB), Sônia Rigueira, divulgou os números da terceira edição do evento. No total, 3.110 pessoas, entre inscritos e convidados, participaram dos eventos técnicos, que começaram no dia 22 e prosseguiram até o dia 26 de abril. O COMBIO recebeu ainda 200 palestrantes de várias partes do país. Eles participaram de 13 palestras, 12 simpósios e 29 oficinas oferecidos durante os cinco dias de trabalhos técnicos.

  • Ø Temas em destaque no COMBIO

    · Biodiversidade
    Detentor da maior diversidade biológica do planeta e primeiro signatário da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), o Brasil se tem aplicado em cumprir os compromissos assumidos nesse documento. O recente Inventário Florestal de Minas Gerais revelou a descoberta de 14 novas espécies arbóreas no Estado. Os dados foram apresentados pelo professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), José Roberto Scolforo, durante o COMBIO. O trabalho permitiu a quantificação de carbono existente em cada espécie que compõe o inventário e mostra a preocupação do estado com a boa gestão ambiental. Além da conservação ambiental, favorece os investimentos econômicos.
    O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, ressaltou que o inventário contribuirá para a Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata Atlântica. O “Programa de Salvamento do Patrimônio de Biodiversidade da Flora de Campo Rupestre da Mina Capão Xavier para o Parque Estadual da Serra do Rola Moça”, vem sendo desenvolvido por intermédio da parceria entre a MBR (Minerações Brasileiras Reunidas); o IEF (Instituto Estadual de Florestas); o CEFET - RP (Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba); o Governo de Minas Gerais; o Governo Federal; e o Parque Estadual da Serra do Rola Moça.


    · Resíduos
    De forma pioneira em eventos de grande porte, ações educativas e estruturais, envolvendo coleta seletiva, conscientização e reaproveitamento de materiais, foram coordenadas pelos gestores do Programa Ambientação - Educação Ambiental em Prédios do Governo de Minas Gerais durante o II COMBIO. A coordenadora do projeto, Miriam Dias, explicou que as estratégias de coleta e destinação adequada dos resíduos gerados durante o evento serão avaliadas e servirão de base para o desenvolvimento de uma metodologia a ser utilizada em futuros eventos do governo estadual. O CEFET – RP brevemente estará implementando uma série de medidas para esse fim em suas instalações.

    Sustentabilidade
    Cerca de 180 artesãs do Noroeste de Minas trabalharam em ritmo acelerado para entregar 3 mil camisetas e 100 caixas de Buriti para o COMBIO. As artesãs fazem parte do Projeto Veredas da Ong Artesanato Solidário, que vem desenvolvendo há oito anos trabalhos de revitalização do artesanato de tradição, geração de trabalho e renda complementar na região noroeste de Minas. As ações do Projeto Veredas pretendem também valorizar a fiação artesanal, o tingimento com corantes naturais e a tecelagem.
    O trabalho das artesãs do noroeste se confunde com um dos objetivos do COMBIO, na busca da proteção e uso sustentável dos recursos naturais do Estado: aliam-se a geração de renda com a utilização de recursos naturais como o corante, o algodão e o buriti, trabalhando assim os aspectos sociais, ambientais e culturais. Considerando o curso de Agroecologia do CEFET-RP, é importante para os alunos conhecerem iniciativas desse porte, posto serem consideradas pertencentes ao modelo sustentável de produção, que é a marca e o objetivo do referido curso.


    Cultura
    A programação cultural do congresso aconteceu no palco da Caravana Arrumação, do artista Saulo Laranjeira, que apresentou um belíssimo show de variedades. O cantor mineiro Flávio Venturini, que também fez sua apresentação no COMBIO, ressaltou a importância de trabalhos com essa temática. Segundo ele, hoje em dia a conscientização ecológica tem se tornado cada vez mais necessária. Afirmou estar feliz que aconteçam eventos deste tipo, unindo todos que podem ajudar, como o governo, as empresas e as entidades. Houve também show da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó e do cantor Guilherme Arantes, entre outros. No CEFET-RP, essa também tem sido uma busca: valorizar os aspectos econômicos, ambientais, sociais e culturais.


    Parque Estadual do Rola Moça
    O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é uma das mais importantes áreas verdes do Estado. Situado na região metropolitana de Belo Horizonte, é o terceiro maior parque em área urbana do país e abriga alguns dos mananciais que abastecem a capital. Os 3.941 hectares do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça são habitats natural de espécies da fauna ameaçadas de extinção.
    O Parque está situado numa zona de transição de Cerrado para Mata Atlântica, rico em campos ferruginosos e de altitude. A vegetação diversificada proporciona ao Parque um colorido especial e um relevo peculiar, sendo encontradas espécies como orquídeas, bromélias, candeias, jacarandá, cedro e a canela-de-ema, que se tornou o símbolo do Parque. Recentemente descrito pela geologia, o Campo Ferruginoso é muito raro, sendo encontrado apenas em Minas Gerais, no quadrilátero ferrífero, e em Carajás, no Estado do Pará.
    Contudo, considerado essa área já ter sido explorada pela atividade de mineração, várias áreas degradadas ali existem. Sabe-se que os danos causados pela erosão em solos são reflexos de seu manejo inadequado. No início da exploração de uma área virgem, quando as terras estão cobertas com matas ou pastagens naturais, a necessidade de conservação do solo é praticamente nula, pois o sistema está em equilíbrio. Após o desmatamento para sua exploração, verifica-se geralmente grande degradação causada pela erosão.


    Considerando a importância desse Parque, que abriga seis importantes mananciais de água, foi declarado pelo Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial. Eles garantem a qualidade dos recursos hídricos que abastecem parte da população da região metropolitana de Belo Horizonte. Para assegurar a proteção destes mananciais, esta área não está aberta à visitação pública e suas áreas degradadas vêm sendo recuperadas.
    A coordenação dos trabalhos de recuperação conta com o apoio dos órgãos envolvidos no programa, especialistas, pesquisadores e interessados que contribuem com seus conhecimentos para os mesmos. O programa engloba várias ações como reabilitação das áreas degradadas, conservação e manejo da vegetação típica do parque, educação ambiental, entre outras.
    A participação do CEFET – Rio Pomba se dá por intermédio da atuação de Técnicos, como o Sr. João, e dos alunos dos cursos técnicos em Meio Ambiente e Agroecologia, na coleta e cultivo de sementes e mudas de espécies, inclusive aquelas consideradas raras, vulneráveis e ameaçadas de extinção, objetivando a preservação e resgate de flora. As plantas são identificadas por especialista e encaminhadas para compor o Herbário do CEFET – Rio Pomba, além do que este herbário será cadastrado na REDE NACIONAL DE HERBÁRIOS.
    O projeto garante a preservação de um espaço rico em flora nativa. Por intermédio de um conjunto de ações planejadas, o programa desenvolve o cultivo e o manejo de espécies desta área dentro do Horto Florestal do CEFET - Rio Pomba.
    Por meio dessa parceria, ao final do projeto, 20% do material cultivado serão mantidos no CEFET - Rio Pomba. O restante será repassado para a reabilitação de áreas degradadas e enriquecimento de outras áreas do parque. Como muitas das espécies são raras e ameaçadas, técnicos e estagiários do CEFET - Rio Pomba e IEF farão o estudo do seu manejo e cultivo, com registro para posterior divulgação científica.


    Considerações
    Essa é a filosofia do CEFET-RP: a busca incansável pelo Desenvolvimento Sustentável. Não existem limites por parte de seus professores, funcionários e alunos em buscar novas informações, tecnologias e projetos de sucesso que sejam viáveis de serem implantados em nosso município e nos diversos ecossistemas de todo o Brasil. O CEFET-RP tem profissionais qualificados para o desenvolvimento de projetos dos mais variados portes e finalidades.
    O investimento em viagens desse tipo é fundamental para a consolidação do conhecimento. Possibilitam aos alunos o conhecimento in loco de um grande número de realidades existentes em nosso Estado. Essa diversidade é fundamental para que os alunos possam avaliar os projetos apresentados nas disciplinas aplicadas durante o curso, além de construir a sua estrutura profissional a partir de uma real visão sócio-econômica-cultural-ambiental.
    Como balanço final, a presença do CEFET-RP nesse evento fortalece a imagem institucional e nos dá visibilidade no cenário Estadual e Nacional. Tais situações são fundamentais para se criar novas parcerias com os órgãos de financiamento competentes. Há que se agradecer ao Diretor do CEFET-RP, Professor Mário Sérgio Costa Vieira, que viabilizou os recursos financeiros e forneceu o apoio logístico para a participação no II COMBIO.

    * Maurício Novaes é Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas e Gestão Ambiental e Doutorando em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). É professor do CEFET - Rio Pomba, coordenador dos cursos Técnico em Meio Ambiente, EAD em Gestão Ambiental e Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. É conselheiro do COPAM e da SEMAD - Zona da Mata, MG. E-mail: mauriciosnovaes@yahoo.com.br.

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