sábado, 10 de setembro de 2016

CAMPANHA POLÍTICA: O CANDIDATO, O CIDADÃO E O MEIO AMBIENTE

* Maurício Novaes Souza e Maria Lúcia Simões

O início esse texto cita uma narrativa popular (desconhecemos a autoria), que ilustra o que iremos abordar: “Depois de uma calorosa recepção feita pelos moradores de uma pequena cidade, o candidato a prefeito subiu no palanque e mandou um discurso inflamado: ‘- Eu prometo casas, prometo empregos, prometo ruas pavimentadas, prometo uma ponte... Nisso um de seus assessores cochichou no seu ouvido: ‘- Mas nessa cidade não tem rio’. E ele respondeu baixinho ao assessor, antes de dar continuidade ao seu discurso, sem se abalar - 

‘- Eu sei que aqui não tem rio, mas, antes de fazer a ponte, eu faço o rio também!’.”..................

O fato é que a campanha municipal para eleições de candidatos à prefeitura (outubro de 2016) já foi iniciada em todos os Estados brasileiros, com exceção do Distrito Federal. Nesse período vê-se e se ouve de tudo, e pouca apresentação de programa com propostas de ações concretas e factíveis de serem realizadas nos seus mandatos, se eleitos. Resumindo, não se tem o hábito de compartilhar com a comunidade dos municípios suas propostas de mudança de modo profissional, maduro, consciente com a seriedade que o momento exige.

As promessas são feitas, em geral, sem nenhum PLANEJAMENTO, sempre esquecido por ser o mais importante item que subsidiará suas propostas com ações e respectivas metas a serem atingidas, em contexto exequível. A comunidade fica, portanto, à margem da apreciação, de dar sugestões, levando-a a desconhecer particularidades do que será feito, quem fará, quando será feito, por que será feito, como será realizado e quais recursos financeiros suportarão cada ação que está sendo proposta no tempo determinado.

Ultimamente, o que tem predominado na época de campanha é um descrédito geral do eleitorado, que não aguenta mais ouvir as mesmas promessas dos candidatos, tidos popularmente como fantasmas, quando eleitos, por só aparecerem nesse período, prometendo “mundos e fundos”. Concluído o processo eleitoral, infelizmente, alguns desaparecem como fumaça no ar e darão o ar de sua graça quando novamente precisarem do seu precioso voto.

Quanto às Questões Ambientais? No Brasil, a taxa de crescimento anual da população urbana chega aos 3,5%, vindo acompanhada de realidades preocupantes, como a falta do saneamento nas cidades, em níveis mínimos que assegurem o bem-estar das populações. Esse fato tem gerado um quadro de degradação do meio ambiente urbano sem precedentes, sendo os recursos hídricos um dos primeiros elementos integrantes da base de recursos naturais a sofrer tais efeitos. Por esta razão, não há curso d’água ou lago que esteja próximo ou que passe por alguma cidade que não esteja poluído, sendo o grau de poluição diretamente proporcional à população e ao nível de atividade produtiva da cidade: sabe-se que o acesso da população à saúde passa, incondicionalmente, por: abastecimento de água/tratamento de esgotos/drenagem urbana/resíduos sólidos urbanos; ou seja – trata-se de saneamento básico.

Essa questão, o Saneamento Básico, é grave em todo o nosso País: ainda não temos uma única cidade onde haja 100% de saneamento. Cabe considerar que existe uma relação direta entre Saneamento Ambiental e Saúde. Investimento nessa área significa redução drástica de gastos futuros na área de saúde pública. Infelizmente nossos políticos não têm essa visão. Pouquíssimos são os municípios que realizaram o obrigatório Plano Municipal de Saneamento Básico. Rio Pomba tem, mérito de nosso Secretário Antônio Barra, do Prefeito Dr. Fernando e de um pequeno grupo de cidadãos rio-pombenses atuantes e determinados: contudo, o Plano que tem um horizonte de trinta (30) anos para ser executado, por questões políticas, ainda não foi iniciado!

Na verdade, nossos rios, lagos e mares são o destino final dos esgotos. Com o crescimento da população e da atividade industrial e agrícola, a qualidade das águas dos rios e lagos vêm em muitos casos se deteriorando progressivamente. Investir no saneamento do município melhora a qualidade de vida da população, bem como a proteção ao meio ambiente urbano, além de gerar emprego e renda para a população beneficiada.

Mesmo assim, reitero a você, eleitor, que não dê espaço ao desânimo, à descrença, nem recorra àquela velha ladainha de que não há jeito de mudar. Que sempre foi assim. Que não vai mais votar em ninguém. Há como mudar sim! Ocupe o seu espaço cidadão durante a campanha, pesquise os dados de seu candidato na Internet, principalmente verifique se ele na prefeitura, se eleito, tem “musculatura” para fazer o que propõe em quatro anos (2017/2020), se há algo que o desabone como gestor público.

Não sofra ao se sentir enganado mais uma vez porque a responsabilidade da eleição dos candidatos é sua. Só você tem a prerrogativa do voto, principalmente porque já tem seus perfis delineados pelas pesquisas que fez na fase da campanha.

É momento de reverter esse quadro e cabe a você, eleitor, abandonar o papel de mero figurante. Você é o principal ator do processo eleitoral. Jamais desanime. Cabe a você modificar esse cenário ultrapassado de campanha: tapinha nas costas e pasteis com caldo de cana! Não repita o voto em candidato que foi eleito e nada realizou!

É hora do candidato eleito TRABALHAR! Mãos à obra!

* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental e Doutor em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), é professor do IF Sudeste campus Rio Pomba. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.

* Escritora, Consultora Organizacional e Psicanalista na empresa Consultora Indepedente de Gestão e de Comportamento

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