* Maurício Novaes Souza e Maria Lúcia Simões
O início esse texto cita uma
narrativa popular (desconhecemos a autoria), que ilustra o que iremos abordar: “Depois
de uma calorosa recepção feita pelos moradores de uma pequena cidade, o
candidato a prefeito subiu no palanque e mandou um discurso inflamado: ‘- Eu
prometo casas, prometo empregos, prometo ruas pavimentadas, prometo uma
ponte... Nisso um de seus assessores cochichou no seu ouvido: ‘- Mas nessa
cidade não tem rio’. E ele respondeu baixinho ao assessor, antes de dar
continuidade ao seu discurso, sem se abalar -
‘- Eu sei que aqui não tem rio, mas, antes de fazer a ponte, eu faço o rio também!’.”..................
O fato é que a campanha municipal
para eleições de candidatos à prefeitura (outubro de 2016) já foi iniciada em
todos os Estados brasileiros, com exceção do Distrito Federal. Nesse período
vê-se e se ouve de tudo, e pouca apresentação de programa com propostas de
ações concretas e factíveis de serem realizadas nos seus mandatos, se eleitos.
Resumindo, não se tem o hábito de compartilhar com a comunidade dos municípios
suas propostas de mudança de modo profissional, maduro, consciente com a
seriedade que o momento exige.
As promessas são feitas, em
geral, sem nenhum PLANEJAMENTO, sempre esquecido por ser o mais importante item
que subsidiará suas propostas com ações e respectivas metas a serem atingidas,
em contexto exequível. A comunidade fica, portanto, à margem da apreciação, de dar
sugestões, levando-a a desconhecer particularidades do que será feito, quem
fará, quando será feito, por que será feito, como será realizado e quais
recursos financeiros suportarão cada ação que está sendo proposta no tempo
determinado.
Ultimamente, o que tem
predominado na época de campanha é um descrédito geral do eleitorado, que não
aguenta mais ouvir as mesmas promessas dos candidatos, tidos popularmente como
fantasmas, quando eleitos, por só aparecerem nesse período, prometendo “mundos
e fundos”. Concluído o processo eleitoral, infelizmente, alguns desaparecem
como fumaça no ar e darão o ar de sua graça quando novamente precisarem do seu
precioso voto.
Quanto às Questões Ambientais?
No Brasil, a taxa de crescimento anual da
população urbana chega aos 3,5%, vindo acompanhada de realidades preocupantes,
como a falta do saneamento nas cidades, em níveis mínimos que assegurem o
bem-estar das populações. Esse fato tem gerado um quadro de degradação do meio
ambiente urbano sem precedentes, sendo os recursos hídricos um dos primeiros
elementos integrantes da base de recursos naturais a sofrer tais efeitos. Por
esta razão, não há curso d’água ou lago que esteja próximo ou que passe por
alguma cidade que não esteja poluído, sendo o grau de poluição diretamente
proporcional à população e ao nível de atividade produtiva da cidade: sabe-se
que o acesso da população à saúde passa, incondicionalmente, por: abastecimento
de água/tratamento de esgotos/drenagem urbana/resíduos sólidos urbanos; ou seja
– trata-se de saneamento básico.
Essa questão, o Saneamento
Básico, é grave em todo o nosso País: ainda não temos uma única cidade onde
haja 100% de saneamento. Cabe considerar que existe uma relação direta entre
Saneamento Ambiental e Saúde. Investimento nessa área significa redução drástica
de gastos futuros na área de saúde pública. Infelizmente nossos políticos não
têm essa visão. Pouquíssimos são os municípios que realizaram o obrigatório
Plano Municipal de Saneamento Básico. Rio Pomba tem, mérito de nosso Secretário
Antônio Barra, do Prefeito Dr. Fernando e de um pequeno grupo de cidadãos
rio-pombenses atuantes e determinados: contudo, o Plano que tem um horizonte de
trinta (30) anos para ser executado, por questões políticas, ainda não foi iniciado!
Na verdade,
nossos rios, lagos e mares são o destino final dos esgotos. Com o crescimento
da população e da atividade industrial e agrícola, a qualidade das águas dos
rios e lagos vêm em muitos casos se deteriorando progressivamente. Investir no
saneamento do município melhora a qualidade de vida da população, bem como a
proteção ao meio ambiente urbano, além de gerar emprego e renda para a
população beneficiada.
Mesmo assim, reitero a você,
eleitor, que não dê espaço ao desânimo, à descrença, nem recorra àquela velha ladainha
de que não há jeito de mudar. Que sempre foi assim. Que não vai mais votar em
ninguém. Há como mudar sim! Ocupe o seu espaço cidadão durante a campanha,
pesquise os dados de seu candidato na Internet, principalmente verifique se ele
na prefeitura, se eleito, tem “musculatura” para fazer o que propõe em quatro
anos (2017/2020), se há algo que o desabone como gestor público.
Não sofra ao se sentir
enganado mais uma vez porque a responsabilidade da eleição dos candidatos é
sua. Só você tem a prerrogativa do voto, principalmente porque já tem seus
perfis delineados pelas pesquisas que fez na fase da campanha.
É momento de reverter esse
quadro e cabe a você, eleitor, abandonar o papel de mero figurante. Você é o
principal ator do processo eleitoral. Jamais desanime. Cabe a você modificar
esse cenário ultrapassado de campanha: tapinha nas costas e pasteis com caldo
de cana! Não repita o voto em candidato
que foi eleito e nada realizou!
É hora do candidato eleito
TRABALHAR! Mãos à obra!
* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas
Degradadas, Economia e Gestão Ambiental e Doutor em Engenharia de Água e Solo
pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), é professor do IF Sudeste campus Rio
Pomba. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.