Revisão de literatura
Mestranda
em Agroecologia:
Silvane de Almeida
Campos - 75631
Viçosa-MG
Junho de 2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 3
2. SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES................................................................................ 4
2.1 Escolha da cultivar...................................................................................................... 4
2.2 Processo de ensilagem................................................................................................. 7
2.2.1 Ponto de colheita da forragem................................................................................. 8
2.2.2
Equipamentos utilizados na colheita........................................................................ 9
2.2.3 Tamanho da partícula ensilada............................................................................... 10
2.2.4 Dimensionamento do silo....................................................................................... 11
2.2.5 Enchimento e compactação do silo........................................................................ 11
2.2.6 Vedação do silo...................................................................................................... 12
2.3 Tempo de
armazenamento da silagem....................................................................... 12
2.4 Abertura do silo e retirada da silagem....................................................................... 13
3. Métodos
utilizados para avaliação da qualidade da silagem....................................... 13
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 16
5. LITERATURA
CITADA........................................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO
De acordo com dados estatísticos do IBGE (2012), o Brasil possui 211
milhões de bovinos, representando o maior rebanho comercial do mundo.
Destaca-se ainda como o maior exportador de carne bovina fornecendo o produto para
Hong Kong, Rússia, Venezuela, Iran, Egito, Chile, entre outros países (ABIEC,
2014). Em se tratando da pecuária leiteira, o país produziu 32 bilhões de
litros de leite (IBGE, 2012).
No Brasil, os sistemas de criação de ruminantes têm no pasto sua
principal fonte de alimento (Castro et al., 2010), sendo a forma mais econômica
de alimentação animal. No entanto, são mais que conhecidos os riscos que os
pecuaristas correm por não manter sua escala de produção baseada na alimentação
dos animais somente a pasto, devido às variações climáticas e a estacionalidade
de produção das plantas forrageiras (Neumann, 2011), sendo comum em várias regiões
a ocorrência de escassez de forragem durante o inverno.
No entanto,
é necessário que os pecuaristas se planejem produzindo durante o verão um
alimento de boa qualidade que possa ser armazenado e conservado para ser fornecido
aos animais, principalmente os ruminantes, durante o inverno (Vilela et al.,
2008).
Desta
forma, são necessárias alternativas que atendam à demanda crescente de
volumosos, como a produção de silagens. Alguns rebanhos confinados são
alimentados com silagem o ano todo, requerendo sua programação antecipada (Paziani
et al., 2009). Segundo Pereira et al. (2007), nos sistemas de produção animal
em confinamento, o principal volumoso utilizado é a silagem de milho.
Com a
crescente melhoria no padrão genético dos animais e com a necessidade de intensificação
da produção pecuária, aumenta-se também a exigência na qualidade da silagem. Para
ter silagem de boa qualidade, com elevado valor nutritivo através
da maior participação de grãos na massa produzida, é
preciso adotar procedimentos corretos em todas as etapas do processo produtivo
(Paziani et al., 2009). Jobim et al. (2007), definem a qualidade da forragem como
sendo uma referência ao valor nutritivo da massa de forragem, em interação com
o consumo efetuado pelo animal e com o potencial de desempenho do animal.
A oferta de silagem de alta
qualidade pode reduzir o uso de concentrados e os custos de alimentação do
rebanho, aumentando o lucro para o produtor (Pereira et al., 2012), pois a alimentação é responsável pela maior parte dos custos de produção, sejam animais confinados
ou criados extensivamente (Pereira et al., 2007). O produtor que oferece um
suplemento volumoso aos animais no inverno evita a queda na produtividade, na
época em que os preços para o leite no mercado são melhores.
As regiões
tropicais caracterizam-se pelo elevado número de espécies forrageiras com
grande potencial para utilização na alimentação de ruminantes (Oliveira et al.,
2010). Entre estas, o milho se destaca por ser considerada a cultura padrão
para ensilagem em função da sua tradição no cultivo, facilidade de cultivo, facilidade
de mecanização em todas as etapas, alta produção de matéria seca (MS) por
unidade de área, apresenta bom valor nutritivo, elevado conteúdo energético e
baixo teor de fibra, baixo poder tampão, teores adequados de matéria seca e
carboidratos solúveis, boa fermentação microbiológica sem a necessidade de
aditivos, boa palatabilidade e alto consumo pelos animais (Pereira et al., 2004;
Restle et al., 2006; Paziani et al., 2009; Pinto et al., 2010).
O valor
nutritivo do milho também está diretamente relacionado ao arranjo de plantas,
densidade de semeadura, espaçamento entre linhas e arquitetura da planta. Estes
fatores podem interferir na composição nutricional da planta de milho. Em
função disso, há uma tendência de redução no espaçamento e aumento na densidade
de semeadura, privilegiando assim cultivares de arquitetura mais ereta
(Strieder, 2006).
A silagem de milho é
alimento volumoso nutricionalmente completo com alta densidade energética
(maior que 64% de nutrientes digestíveis totais - NDT), com teores moderados de
proteína bruta (6 a 9 % de PB) sem necessidade de incorporação de aditivos
(Factori, 2008).
2. SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES
2.1 Escolha da Cultivar
Existem
diversos materiais no mercado e as empresas produtoras de sementes têm
explorado bem esse nicho, com atenção para o desempenho agronômico e valor
nutritivo da forragem (Lugão et al., 2011).
O
conhecimento de características quanto ao tipo, ciclo, época de semeadura,
densidade de plantas, textura do grão, resistência ao acamamento, altura da
planta, nível de tecnologia adotado e a região de adaptação da cultivar é imprescindível
para a obtenção de sucesso da lavoura de milho destinado à silagem (Cruz et al., 2014). Para a obtenção de adequada população de plantas, deve ser
utilizada a densidade recomendada para cada cultivar e região, semelhantemente
à recomendada para produção de grãos.
Segundo
Schmidt (2011), um bom híbrido de milho para silagem é aquele que apresenta boa
produtividade, com espigas grandes e grãos bem cheios. Para proceder à escolha,
o produtor deve recorrer aos resultados de ensaios regionais de cultivares de
milho para silagem, buscando um material produtivo, com alto valor nutritivo e
adaptado às condições locais. A
utilização de híbridos mais produtivos e adaptados às condições locais é
responsável pelos ganhos em produtividade de massa da cultura do milho
destinado à silagem (Paziani et al., 2009).
Na nutrição animal, a planta de milho apresenta dois componentes distintos:
a fração vegetativa, composta basicamente de carboidratos estruturais, e a
fração granífera representada principalmente pelo amido do endosperma (Zopollatto
& Reco, 2009). Os materiais devem apresentar plantas com alta
digestibilidade da matéria seca e grãos dentado (consistência macia) por
apresentar maior digestibilidade num estádio mais avançado, ampliando a “janela de colheita” (Factori, 2008).
De acordo com Mello (2004), os melhoristas de milho para silagem têm
orientado seus estudos objetivando produzir híbridos adaptados a diferentes
tipos de solo e clima, com maior resistência a pragas e doenças regionais,
melhor resposta à adubação, estabilidade de produção, colmos forte e
resistentes ao acamamento, adequada estrutura física em aspectos relativos à
altura de planta e contribuição dos componentes estruturais (colmo, folhas e
espiga e/ou panícula), elevado rendimento de biomassa e grãos, acentuado stay
green, menor dry down e maior digestibilidade da fibra.
Na cultura
do milho, vários aspectos causam variações na qualidade da silagem, como o
híbrido utilizado, estádio de maturação na colheita, além de aspectos relativos
ao solo e ao clima (Neumann et al., 2007).
De acordo
com Basi et al. (2011), a qualidade final da silagem está relacionada ao estado
nutricional das plantas e ao adequado processo fermentativo.
Na produção
de silagem de planta inteira ocorre remoção total da parte vegetativa,
promovendo alta extração e exportação de nutrientes e, conseqüentemente,
problemas de fertilidade do solo serão mais intensos e se manifestarão mais
rapidamente em relação às áreas de produção de grãos. Isto ocorrerá
principalmente se uma mesma área for utilizada para produção de silagem durante
anos consecutivos sem um sistema de manejo de solo e adubação adequados (Martin
et al., 2011).
Segundo
estes mesmos autores, as recomendações em relação às épocas de aplicação da
adubação nitrogenada no milho para silagem são as mesmas para a produção de
grãos. Segundo os mesmos autores, doses a serem aplicadas no milho para silagem
deverão ser maiores que para grãos, para compensar a exportação na parte
vegetativa da planta, pois em torno de 70% é translocado para o grão, os outros
30% do N ficam na parte vegetativa. Recomenda-se acrescentar 30% da dose
recomendada para a produção de grãos para compensar a maior exportação na
silagem.
Skonieski et al. (2014)
ao avaliarem o efeito do arranjo de plantas sobre a qualidade da silagem de
milho cultivado em sistema de plantio direto em Santa Maria, RS, com utilização
do híbrido simples modificado, DOW 766, ciclo curto, dupla finalidade, mantendo
a população de 65.000 plantas ha-1 nos espaçamentos entre linhas de
40, 60 e 80 cm, verificaram que a produção e a composição morfológica das
plantas de milho não foram afetadas pelos arranjos de plantas. O arranjo de
plantas no espaçamento 80 cm teve maior teor de proteína da forragem e da silagem,
resultando em silagem de qualidade superior. A qualidade da ensilagem diminuiu
com a redução do espaçamento, especificamente os teores de fibra em detergente
neutro, nutrientes digestíveis totais e compostos de lignina.
Nakano Neto e Mello
(2010) avaliaram algumas características agronômicas do milho para silagem com
diferentes fontes de adubações do híbrido AGN-2012, em espaçamento 80 cm entre
linhas, com densidade de plantio de 50.000 plantas/ha. Os tratamentos foram adubação
química (140 kg/ha da formulação 03-15-15), 7500 kg/ha de cama sobreposta de suíno
e 2500 kg/ha de cama de frango, aplicados no plantio. Aos 30 dias após a
emergência das plântulas efetuou-se adubação nitrogenada com a utilização de 60
kg/ha de N. Concluíram um potencial
uso de cama sobreposta de suínos como uma possível fonte suplementar de N, P,
K, S e Zn uma vez que é rica nesses elementos, por outro lado, espera-se uma
decomposição tardia e, portanto uma liberação de forma mais lenta desses
nutrientes para a cultura do milho em relação à adubação com adubo químico e
cama sobreposta de aves. Portanto, o uso de cama sobreposta de suínos e de frango
pode ser recomendada desde que analisadas as necessidades e os parâmetros
encontrados.
Calonego et al. (2011),
objetivaram avaliar o efeito da população de plantas e do espaçamento entre
linhas no crescimento e na produtividade do milho AG 1051, híbrido duplo, ciclo
semi-precoce, em experimento conduzido em Indiana-SP. Os tratamentos foram
constituídos por populações de plantas de milho (45, 60 e 75 mil plantas ha-1),
combinadas em dois espaçamentos entre linhas (0,45 m e 0,90 m). Observaram que
houve aumento da produtividade de grãos com o aumento da população de plantas
de 45 mil para 75 mil plantas ha-1, mesmo havendo sintomas de
competição intraespecífica apontados pelo maior crescimento das plantas em
altura e pelo menor diâmetro de colmo. O espaçamento de 0,90 m entre linhas
proporciona maior produtividade de milho com contribuição da maior produção de
grãos por espiga.
Santos
et al. (2010) objetivaram avaliar a produtividade de massa seca e massa verde,
altura de inserção da espiga, número de espigas por planta, altura das plantas
e a relação espiga, colmo e folha de seis variedades de milho indicadas para a
região semiárida brasileira (BR 5033 - Asa Branca, BR 5028 - São Francisco, BRS
4103, BRS Caatingueiro, BRS Assum Preto e Gurutuba), visando à produção de
silagem. As variedades Gurutuba e BRS 4103 obtiveram as maiores produtividades
de massa verde (38,7 e 40,0 t ha-1). Do mesmo modo, essas duas
variedades e a BR 5028 - São Francisco se destacaram pela produção de massa
seca (16,0; 16,5 e 15,8 t ha-1, respectivamente). A variedade BRS
Caatingueiro apresentou número de espigas planta-1 (1,6) superior ao
das demais. Entre os materiais avaliados para produção de silagem na região do
Submédio do Vale do São Francisco, destacaram-se as cultivares Gurutuba, BR
5028 - São Francisco e BRS 4103.
2.2 Processo de ensilagem
A ensilagem
é um método de conservação de forragem em seu estado úmido, por meio da
fermentação realizada por bactérias formadoras de ácido lático, as quais
promovem um abaixamento do pH, inibindo o crescimento de microrganismos
indesejáveis por um longo período de tempo (Bravo et al., 2009).
Segundo
Dantas et al. (2014), a ensilagem é um processo de conservação destinado a preservação
da forragem na forma úmida com alta valor nutricional, visando o mínimo de
perdas.
De acordo
com Paziani (2009), a ensilagem é um processo de conservação que tem como
objetivo final preservar o valor nutritivo da forragem, no entanto, perdas são
inevitáveis, embora possam ser reduzidas. Este processo compreende as seguintes
fases: corte/picagem, transporte, enchimento, compactação e vedação dos silos. No
entanto, durante este processo existem perdas. O efluente produzido no silo
corresponde à umidade desprendida da massa ensilada durante o processo de compactação
e armazenamento devido à pressão de compactação e o rompimento celular. Lixívia
os nutrientes da massa de forragem e pode contaminar o ambiente. Há formas de
controle. O volume de efluente produzido em um silo é influenciado por vários
fatores, destacando-se o teor de MS, tamanho de partícula, processamento, tipo
de silo e compactação. Quando ocorrem perdas por efluente do
material ensilado, há liberação de compostos orgânicos como açúcares, ácidos,
proteína e minerais, afetando diretamente a concentração de nutrientes na
silagem e, consequentemente, a qualidade da mesma (Jobim et al., 2007).
As perdas por gases são
inevitáveis e difíceis de serem reduzidas, pois ocorrem durante o processo da
fermentação da forragem ensilada (Carvalho e Jobim, 2013).
2.2.1 Ponto de colheita da
forragem
Para Schena
et al. (2007), o teor de matéria seca (MS) da planta deve ser o critério
utilizado para confirmação do ponto ótimo da colheita para a ensilagem, sendo a
evolução da linha de leite no grão o principal fator indicador do momento de se
iniciar as determinações dos teores de MS da planta inteira. O ideal é que a
planta de milho seja colhida com teor de MS entre 32 e 37% (Cruz et al., 2008),
quando a consistência dos grãos se encontra no estádio farináceo, entre 1/2 a
2/3 da linha do leite (Figura 1).
O teor de MS
da forragem determinará o tipo de fermentação que irá se desenvolver no
interior do silo (Oliveira et al., 2009). As plantas de milho, quando colhidas
em estádios mais precoces, apresentam alto teor de umidade, menor quantidade de
nutrientes, maior risco de fermentação indesejável com a formação de ácido
butírico e excessiva perda de nutrientes no silo por lixiviação (efluente),
possui menor concentração de energia pela baixa quantidade de amido no grão e
menor produção de MS (Cruz et al., 2008). Plantas colhidas em estádios mais
avançados produzem elevadas perdas de MS no campo em decorrência da queda de
espigas, quebra de hastes e perda de folhas (Lugão et al., 2011).
Para a
determinação do teor de matéria seca da forragem, ocorre a secagem em forno de
microondas que não é um método novo. Desde a década de 50 tem sido utilizada
por vários pesquisadores como técnica rápida para a determinação da MS em
programas de melhoramento de pastagens (Raymond; Harris, 1954, apud Lacerda et
al., 2009).
A determinação
da MS de forrageiras, com mais de 40% de umidade é realizada predominantemente
pelo método convencional que é o da estufa de ventilação forçada de ar. Este
método, entretanto, é mais demorado, levando em média de 48 a 72 horas para a
determinação da MS, ao passo que o mesmo resultado pode ser obtido numa média
de 22 minutos, em forno de microondas - FMO (Lacerda et al., 2009). Estes
autores comparando o processo de secagem, em FMO (22 min e potência de 1250 W) e
em estufa de ventilação forçada de ar (65ºC por 48 hs) bem como seus efeitos
nos teores de proteína bruta e fibra bruta de Panicum maximum cv. Mombaça, Brachiaria
ruziziensis e silagem de milho verificaram que não houve diferença entre a
utilização do forno de microondas e o método convencional na determinação da MS
das três espécies forrageiras testadas. A secagem em FMO proporcionou teores
mais elevados de proteína bruta na silagem de milho. Não foi detectada
diferença entre os métodos de secagem, para silagem de milho, avaliando-se a fibra
bruta. A técnica de secagem de forrageiras com FMO é promissora, requerendo
mais estudos para avaliar seu uso com outras espécies forrageiras.
2.2.2 Equipamentos
utilizados na colheita
O
equipamento utilizado para colher o material no campo pode influenciar a
qualidade da fermentação da silagem, pois este é responsável pela redução da
planta em partículas de tamanho regular, o que facilita sua compactação e
subsequente fermentação (Lugão et al., 2011).
No Brasil,
existem dois tipos básicos de máquinas para a colheita da planta de milho: as
que são acopladas ao trator (Figura 2a) que colhem uma ou mais linhas; e as
automotrizes (Figura 2b) que colhem quatro a oito linhas (Amaral &
Bernardes, 2009).
Figura 2. Ensiladeira
acoplada ao trator (a) e automotriz (b).
A
preparação do equipamento para a colheita do milho para ensilagem deve ser
feita antes do início dos trabalhos, com uma revisão geral do equipamento
(Lugão et al., 2011).
No momento
da colheita todos os equipamentos devem estar ajustados de modo a garantir a
maior eficiência possível. A altura de corte deve ser de 25 a 30 cm ao nível do
solo, para evitar o recolhimento de terra e o tamanho médio de partícula pode
ser garantido através da correta regulagem e afiação das facas.
Segundo
Novaes et al. (2004), deve-se afiar o conjunto de facas, pelo menos, a cada 100
t de massa verde colhida e regular o posicionamento da faca e da contrafaca a
cada 500 t colhidas.
2.2.3 Tamanho da partícula
ensilada
O tamanho
da partícula ensilada em nível prático de propriedades rurais, notadamente é
muito variável durante a produção de silagem e relaciona-se diretamente com a
potência do trator e/ou a regulagem da ensiladeira utilizada.
Segundo
Lugão et al. (2011), para a ensilagem, o material deve ser picado com tamanho
entre 1,0 cm e 2,0 cm (Figura 4). O tamanho da partícula dentro do recomendado
facilita o processo da ensilagem, uma vez que permite maior densidade ao
material colhido que será transportado até o silo, facilita o processo de
compactação e possibilita melhor fermentação anaeróbia (Neumann, 2006). Consequentemente,
preserva o valor nutritivo da massa ensilada e minimiza as perdas (Neumann et
al., 2005).
Bernardes
& Amaral (2010), relatam que partículas com tamanhos superiores a 1,5 cm
(Figura 3b) comprometem a compactação, resultando em silagem com baixa
densidade, sobretudo nas camadas periféricas do silo, principalmente quando a
forragem apresenta concentração de MS superior a 35%.
A redução
no tamanho médio das partículas nas rações de vacas leiteiras pode contribuir
para aumentar o consumo de MS em função do aumento na taxa de passagem dos
alimentos pelo trato digestivo (Monteiro Filho, 2007).
Figura 3. Tamanho ideal das
partículas (a) e tamanho acima da medida recomendada (b).
2.2.4 Dimensionamento do silo
Antes da ensilagem,
deve-se dimensionar o tamanho do silo em relação à demanda diária de silagem
pelo rebanho. A demanda da silagem em cada dieta depende do número de animais
que serão alimentados e informações relativas ao consumo por categoria animal,
perdas e o período em que a silagem será ofertada (Lugão et al., 2011).
O tamanho do silo deve ser calculado em
virtude da demanda de silagem em cada dieta, pois deve-se retirar uma fatia com
espessura mínima de 15 cm para que as perdas aeróbias sejam minimizadas.
Existem diversos tipos
de silos que podem ser utilizados para a conservação da forragem nas
propriedades rurais. Os silos cilíndricos, tipo cisterna e meio encosta, estão
em desuso em função às dificuldades de carregamento ou descarregamento e,
principalmente pelo alto custo de construção. Os silos bag utilizam tecnologia
recente, mas que ainda é onerosa para os pequenos e médios produtores. Este
tipo de silo possui como desvantagem a dificuldade de serem transportados
quando necessários.
Atualmente, os silos
mais utilizados são do tipo horizontal, trincheira e superfície, sendo o
trincheira preferido pelos produtores e deverá ser revestido com alvenaria para
minimizar as perdas durante o armazenamento.
2.2.5 Enchimento e compactação
do silo
Para Lugão
et al. (2011), o tempo de enchimento do silo é determinante para a qualidade da
silagem. O ideal é se trabalhar com no mínimo três tratores: um cortando o
milho no campo, um transportando e outro compactando o material no silo. Diante
do exposto, o planejamento do tamanho do silo assume papel importante, pois
este deve ser fechado no mesmo dia do início da ensilagem, aceitando-se que
seja fechado em, no máximo, dois dias, o que nos leva a recomendar a construção
de silos menores.
O
enchimento do silo deve ocorrer na forma de cunha (rampa), com a declividade
voltada para a entrada do silo, formando um ângulo de 20º.
O silo deve
ser carregado em camadas sucessivas de 30 cm a 50 cm, pois o efeito de
compactação pelo trator é mais efetivo nessas alturas. Cada camada da massa a
ser ensilada que for depositada no silo deve ser espalhada uniformemente e
imediatamente compactada para expulsar o ar entre as partículas e provocar mais
rapidamente a morte fisiológica da planta, favorecer a atuação dos
microrganismos anaeróbios e a queda do pH da massa ensilada. O trajeto do
trator sobre a massa ensilada deverá ocorrer em toda a largura do silo,
deixando a superfície sem ondulações.
A
compactação da massa e a consequente eliminação do oxigênio entre as partículas
deve ser realizada com tratores que apresentam maior peso aplicado sob o solo
(Figura 4). Essa tarefa pode ser facilitada com a utilização de silos
trincheira. Outro aspecto importante é que se deve evitar tratores com pneus
largos, com rodado duplo e tratores-esteiras, por apresentarem menor peso por
área.
Para um boa
preservação, a densidade adequada da silagem de milho de planta inteira deve
ser de 550 a 650 kg/m3. Dentro dessa faixa de compactação, haverá
condições ideais para que ocorra uma boa fermentação e, consequentemente, a
produção de silagem de alta qualidade.
Figura 4. Equipamento adequado (a) e não adequado (b) para compactação durante a ensilagem.
2.2.6 Vedação do silo
Para a
vedação do silo, recomenda-se o uso de lonas com espessuras não inferiores a
200 micras. Durante o fechamento é importante retirar todo o ar que está sob a
lona por meio da colocação de uma camada de terra com aproximadamente 10 cm de
altura. Isolar o silo com cerca fixa ou elétrica para evitar danos causados,
sobretudo, por animais.
2.3 Tempo de armazenamento
da silagem
O tempo de
armazenamento da silagem depende da compactação e da vedação do silo. Um silo
fechado de forma adequada pode armazenar a silagem de milho de planta inteira
por vários anos. Entretanto, os produtores normalmente utilizam a silagem por
um período máximo de dois anos.
A boa
aplicação da técnica de ensilagem permite maior tempo de conservação sem que
ocorram grandes alterações na composição bromatológica do material,
possibilitando a manutenção da reserva de volumoso conservado como estratégia (Lugão
et al., 2011).
Segundo
estes mesmos autores, o armazenamento na forma de silagem realizado em condições
adequadas é capaz de eliminar ou, ao menos, reduzir drasticamente o
desenvolvimento de fungos e bactérias patogênicas, evitando a contaminação da
dieta com micotoxinas, toxinas e esporos nocivos a saúde animal e à qualidade
da silagem.
2.4 Abertura do silo e
retirada da silagem
De acordo
com Silva (2009), a silagem estará pronta para ser oferecida aos animais quando
atingir pH entre 3,8 e 4,2 e teor de ácido lático em torno de 6-8%. Normalmente
isso ocorre 30 dias após o fechamento do silo.
O tamanho
da fatia a ser retirada deve ser maior ou igual a 15 cm de espessura em toda a
área frontal do silo, sem promover grandes perturbações na massa remanescente
para que não ocorra exposição ao ar. A fatia de corte da silagem exposta ao ar
fornece condições para o desenvolvimento de microrganismos que causam a
deterioração da silagem.
A retirada
da silagem deve ser efetuada com equipamento apropriado ao tamanho do silo
(Figura 5). Deve-se tomar cuidado quando houver terra sobre a lona, para não
contaminar a silagem. Após a retirada da silagem, deve-se fechar o silo
imediatamente, evitando a sua exposição ao ar e raios solares.
É frequente
a deterioração aeróbia da silagem nas propriedades que exploram a atividade
leiteira em função do manejo inadequado na retirada da silagem.
Figura 5. Retirada da
silagem manualmente (a) e mecanicamente (b) para posterior fornecimento aos
animais.
3. Métodos utilizados para avaliação da qualidade da silagem
Em qualquer
sistema de produção animal a qualidade dos alimentos que compõem a ração é de
fundamental importância na busca da eficiência. Na maioria das explorações, os gastos
com alimentação animal representam a maior parte dos custos de produção. Diante
disso, o emprego de tecnologia adequada na produção de alimentos é fator
primordial. Especialmente as forragens conservadas como silagem podem ter seu
valor alimentício bastante alterado em razão dos procedimentos adotados para a
sua produção e conservação, e dos fenômenos bioquímicos e microbiológicos que
ocorrem no processo. Em geral, a resposta do animal à silagem é dependente do
padrão de fermentação que por sua vez afeta a forma e a concentração dos
nutrientes e a ingestão (Jobim et al., 2007).
No Brasil,
os métodos químicos tradicionais para avaliação de silagens foram sistematizados
por Silva & Queiroz (2002) quanto aos teores de matéria seca (MS) e
carboidratos solúveis, matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDNcp), fibra em detergente ácido
(FDA), hemicelulose (HEM), extrato etéreo (EE) e lignina (LG) e recentemente alguns
deles revistos por Campos et al. (2004). O nitrogênio amoniacal pode ser determinado
segundo metodologia descrita em Detmann et al. (2012) e expresso como
porcentagem do nitrogênio total (N-NH3/N-Total). Os teores de ácidos orgânicos
pode ser preparado extrato conforme descrito por Filya et al (2007).
A análise
da qualidade da forragem começa pela amostragem criteriosa do material a ser avaliado.
A determinação do pH e da digestibilidade requerem um menor número de amostras em
relação à determinação de carboidratos solúveis, da matéria seca ou de produtos
da fermentação. Na amostragem de silos experimentais, a amostra é toda processada,
dependendo do volume do silo (Jobim et al., 2007).
Uma forma
de se avaliar o efeito do processo de ensilagem sobre a qualidade da forragem é
comparar a composição químico-bromatológica antes e após a confecção da
silagem. Antes da ensilagem a forragem pode ser amostrada no campo ou após o
corte. No campo a amostragem pode ser influenciada por fatores intrínsecos da
espécie como porte da planta e presença de grãos (Jobim et al., 2007).
A
composição químico-bromatológica da silagem de milho pode ser afetada por
diversos fatores como a escolha do híbrido, manejo da cultura, condições
edafoclimáticas, tecnologia da ensilagem e manejo de descarregamento e de
fornecimento aos animais. Essa variação na composição permite classificar a
silagem de acordo com as concentrações de alguns produtos oriundos da
fermentação anaeróbia e a disponibilidade de seus nutrientes à digestão animal
(Tabela 2).
A maioria
das medidas de perdas em silagens tem sido realizadas em silos de laboratório,
com uso de tubos de PVC ou baldes plásticos providos de tampa adequada e
válvula para eliminação de gases e areia para recuperação do efluente. Estas medidas
podem ser de grande importância nas avaliações da qualidade de fermentação
(padrão de fermentação) da forragem ensilada. As principais avaliações são de
perdas totais de matéria seca e perdas por gases e efluentes. Estas medidas são
obtidas pela pesagem dos silos laboratoriais vazios e cheios, antes e após a
ensilagem, e dos respectivos teores de matéria seca. Posteriormente, estes
valores são empregados em equações descritas por Schmidt (2006).
Oliveira et
al. (2010) ao avaliarem as perdas e o valor nutritivo de silagens de diferentes
forrageiras, milho, sorgo-sudão, sorgo forrageiro e girassol, ensiladas no
momento ideal de cada cultura e por um período de 60 dias, observaram que as
perdas por gases são relativamente pequenas em relação as perdas por efluente. A
silagem de sorgo-sudão produziu maiores quantidades de efluente em relação às
de milho e girassol, com produções semelhantes à da silagem do sorgo forrageiro
(Tabela 3). A silagem de sorgo-sudão possui menor valor nutritivo, em
decorrência dos maiores teores das frações fibrosas, enquanto a de milho
destaca-se positivamente pelo seu valor nutricional.
4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da conservação
da forragem (milho) na forma de silagem para manutenção da produção leiteira
durante as épocas de oferta insuficiente de pastos é um conceito bem
compreendido pelos produtores de todos os níveis tecnológicos e sistemas de
produção.
A adequação na escolha da
cultivar, manejo da cultura e de todas as etapas do processo de ensilagem pelos
produtores garantirá uma confecção de silagem de milho de alta qualidade
nutricional, contribuindo para a obtenção de desempenho animal satisfatório.
O uso de silagem de milho
com planejamento e eficiência em todo o processo produtivo constitui uma
técnica economicamente viável para os agricultores familiares.
5. LITERATURA CITADA
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