sexta-feira, 25 de maio de 2018

MÉTODOS ALTERNATIVOS NO CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS



 KAICK MILANEZ BORGES e ÍTALO FONSECA WERNER
 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: MÉTODOS ALTERNATIVOS NO CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS

AUTOR: ELISEO SALVATIERRA GIMENES. Monografia do curso de pós-graduação em Agroecologia do IF Sudeste de Minas campus RIO POMBA-MG.

Orientador: Prof. Maurício Novaes Souza


Trabalho apresentado à Disciplina de Cafeicultura Agroecológica do Curso de Tecnologia em Cafeicultura do Instituto Federal do Espirito Santo, como requisito parcial para avaliação.

Professor: Maurício Novaes Souza.


INTRODUÇÃO
            As formigas cortadeiras vem causando diversos prejuízos na produção agrícola no Brasil e no mundo, muita das vezes à tornando inviável. As formigas do gênero Atta spp., as saúvas, e as do gênero Acromyrmex spp., as quenquéns, são as principais causadoras de danos nas diversas culturas.
            Ainda não existe uma aplicação lógica para o que motiva as formigas a cortar uma determinada planta, se seria uma opção fisiológica, nutricional ou ambiental, para diferenciar as plantas que serão atacadas.
            Segundo ANJOS et. al. (1998), devido à complexidade de sua organização social vários princípios da filosofia do manejo integrado de pragas (MIP) não se aplicam as formigas. Apesar das dificuldades, algumas filosofias propostas pelo MIP têm dado certo, como exemplo, é de que é possível conviver com a formiga, desde que bem avaliado a situação para que não haja prejuízos ao produtor, em fase de crescimento e maturação do eucalipto. Para controle dessa praga, há importância na preservação de reservas naturais e manejo de sub-bosques, para condições favoráveis para estabelecimento de agentes alternativos de controle dessa praga. Em fases de pré-plantio, plantio e rebrota é importante o controle químico com imediata interrupção da atividade forrageadora desses insetos, pois essa é uma fase crítica da cultura do eucalipto para formigas cortadeiras.
            Grandes empresas estão preocupadas com o aumento do uso de formicidas químicos. Há pouca pesquisa sobre alternativas aos inseticidas convencionais, que apresentam grandes desvantagens, como alto custo, baixa eficiência e elevados riscos de poluição, acúmulo de produtos tóxicos no ambiente.
             O presente trabalho foi feito com o objetivo de identificar melhores alternativas para o controle alternativo das formigas cortadeiras, reduzindo os impactos ambientais negativos.

1. MÉTODOS DE CONTROLE
Segundo BURG & MAYER (2000) alguns danos econômicos provocados pelas formigas são: um formigueiro adulto pode recolher 1000 Kg de folhas e talos por ano; 10 formigueiros considerados velhos provocam uma redução de 50% da capacidade de pasto, consumido até 21 Kg de capim/dia; um formigueiro de 10 m2, pode matar 37 árvores, o que representa 8 m3 de madeira/alqueire/ano.
O manejo inadequado das áreas cultivadas aumenta os danos causados pelas formigas, que aliado ao desequilíbrio ecológico e a monocultura aumentam o uso de agrotóxicos cada vez mais poluentes e que causam maior impacto ambiental. Novas alternativas de controle de formigas cortadeiras ajuda a reduzir o uso irracional destes produtos altamente tóxicos e, até mesmo a suprimi-lo.
            O uso inadequado de agrotóxicos, e o descaso dos aplicadores, são motivos de preocupação há muito tempo, tanto com a própria saúde e com o meio ambiente, por isso recomendações vindas de experiência de campo, relatadas por técnicos e produtores vem sendo estudadas, para achar uma forma de reduzir o ataque de formigas cortadeiras sem o uso de produtos químicos.

1.1 Controle Mecânico
Utilizando uma enxada ou uma pá, faz-se a escavação dos ninhos na área infestada até que a rainha seja retirada e eliminada.
            Pode ser feito até 3 meses depois da revoada das saúvas: é viável em pequenas áreas e em formigueiros superficiais. Segundo SILVA (2003), devido ao grande esforço físico feito para a escavação, ele fica restrito a pequenas áreas. É mais eficaz no controle de Acromyrmex -  quenquéns – cujos ninhos são pouco profundos.

1.2  Controle Cultural
Consiste na utilização de implementos agrícolas durante a preparação do solo para o cultivo, são utilizados arados e grades que podem eliminar as rainhas em formigueiros de até 1,5 metros de profundidade.
            Na Colômbia, a principal razão da mortalidade de Acromyrmex landolti em pastagens é a aração. Segundo DA SILVA (2003), esse tipo de controle pode ser visto como uma técnica secundária de eliminação de formigueiros incipientes, pois essa técnica não é suficiente para evitar danos significativos em pastagens altamente infestadas.

1.3  Compactação
Método usado para fazer a desorganização da colônia, tornando inativas por vários meses.
Utilizando esse método repetitivamente ou aliando a outros métodos de controle, elas podem até migrar para outros locais. Esse método causa desabamento das panelas e danifica as formigas e seu ninho, assim elas passam muito tempo refazendo seu ninho e diminuem seu ataque.

1.4  Barreiras Físicas
Usa-se cones invertidos de lata, plástico ou folha metálica, para proteger árvores e mudas, o princípio de funcionamento é impedir que as formigas cheguem as folhas, canaletas de água e pneus também funcionam, mais tem uma desvantagem que servem também como criadores de mosquitos.

1.5  Tratamento de Sementes
Segundo BURG & MAYER (2000) o uso de sabonete diluído em água para tratar sementes de hortaliças é usado para prevenção de danos por formigas cortadeiras em geral.

1.6 Plantas Repelentes ou Tóxicas
Quando a infestação é baixa, algumas espécies podem ser usadas para repelir formigas cortadeiras (BURG & MAYER, 2000), entre essas plantas, podem ser usadas a hortelã ou poejo, Mentha spp. e batata doce, Ipomea batatas, essas plantas plantadas como bordadura servem de repelente.
            Sabe-se que alguns compostos químicos encontrados na batata doce tem uma ação fisiológica geral sobre as formigas cortadeiras e um efeito inibitório no desenvolvimento da cultura do fungo simbiótico (HEBLING et al. 2000), mais ainda são necessárias mais pesquisas para descobrir quais compostos químicos responsáveis pelos efeitos tóxicos e para avaliar seu potencial como inseticida e fungicida no controle de formigas cortadeiras.
            O gergelim (Sesamum indicum), mamona, (Ricinus communis), a ucuúba, (Virola sebifera ) e o feijão de porco, (Canavalia ensiformis), são plantas que princípios tóxicos contra o fungo que serve de alimento para a formiga.

1.7  Produtos Repelentes
Produtos repelentes como barreira física e em faixa contínua, têm sido usados para proteger e manter afastadas as formigas cortadeiras. (BURG & MAYER, 2000). Borra de café, farinha de ossos, casca de ovo moída e torrada, carvão vegetal e cinza de fogão à lenha, são produtos que são usados como repelentes, são colocados ao redor dos canteiros e em faixas de 15 cm de largura.
            Tem outros produtos que são usados na forma líquida (como macerados e preparados de extratos alcoólicos) como por exemplo: macerado de piteira ou sisal (Agave sisalana), macerado de angico (Piptademia spp.) e macerado de pimenta vermelha, outra forma de uso é moer as pimentas vermelhas, colher o seu suco e diluir 1:1 em água, embeber em pano e amarrar ao redor de troncos de frutíferas ou usar para pincelar os troncos como solução.
            Segundo ABREU (1998), existem vários produtos repelentes para o controle de formigas cortadeiras tais como: cânfora, água com cinza, cal viva com água quente, cal com sulfato de amônio e creolina que deverá ser pulverizada sobre os canteiros, mas sem atingir as folhas das plantas.

1.8  Extrato de Plantas
Uma alternativa ao uso de produtos sintéticos, é o uso de extratos de plantas, são produtos toxicidade e persistência, resultando em um menor impacto ambiental. Esses produtos agem como barreiras de proteção para as culturas, inibem a alimentação e a oviposição, retarda o desenvolvimento, afetando a reprodução e causando a mortalidade de insetos e praga.
            Espécies como o nim (Azadirachta indica), cinamomo (Melia azedarach), catiguas (Trichilia spp.) e pimenta do reino (Pepper nigrum) tem potencial de ação inseticida contra diversas espécies de insetos.
            A família Piperaceae possui por volta de 1000 espécies e todas contêm metabólitos secundários ativos, os quais têm conhecidas propriedades inseticidas e medicinais. Compostos a base de amido extraídos da planta do gênero Piper spp., chamados de “amidos piper’’, têm demonstrado efeito inseticida sobre a espécie Atta sexdens rubropilosa (PAGNOCCA et. al. 2006).
Os extratos vegetais surgem como uma opção para o manejo integrado de pragas e que associados a outras práticas, podem contribuir para a redução de doses e aplicações de inseticidas químicos sintéticos, que apresentam problemas aos organismos e ao ambiente (COSTA, et al.2004).

1.9 Fungos
Pode se dizer que de forma geral, as formigas cortadeiras do gênero Acromymex atacam todas as culturas, sendo essas florestais, agrícolas ou pastagens, nativas ou exóticas. Mas também se for feita uma avaliação mais detalhada mostra que elas selecionam espécies, cultivares e indivíduos que irão forragear, esta seleção está relacionada a vários fatores, entre eles, o conteúdo de água, nutrientes e substâncias do metabolismo secundário da planta que podem atuar como atrativos ou repelentes.
            Os fungos entomopatogênicos, são usados em programas de controle microbiológico, pois são agentes biológicos que controlam naturalmente o tamanho das populações de insetos. Insetos sociais são mais difíceis de serem controlados, a estrutura e a organização social destes insetos são as primeiras barreiras a serem vencidas. Todo inseticida, seja químico ou biológico, deve agir sobre a colônia, matando a rainha (ou rainhas, dependendo da espécie), as operárias e as formas imaturas.
            Foram realizadas pesquisas em condições naturais, envolvendo a aplicação direta e a utilização de iscas contendo Beauveria bassiana para controle de Acromyrmex straitus, foram aplicadas iscas contendo Beauveria bassiana diretamente no interior de mais de 200 colônias de Acromyrmex, em área de cultivo misto e em matas implantada de Eucalyptos saligna. No final da primeira semana já foram vistas formigas com sintomas de infecção, a partir da segunda semana, observou-se uma redução do forrageamento, desorganização nas trilhas e retirada dos ninhos de grande número de formigas mortas, aos 2 meses a mortalidade das colônias atingiu 87% na área de cultivo e misto e 83 % na mata de Eucalyptus saligna.
            Em trabalho feito por REZENDE (2007), é citado a utilização de vinagre como substância antifúngica no pão, que consiste em deixar que elas carreguem para a panela do formigueiro a isca alimentar, sendo também uma forma de controle.
             É importante ressaltar que, diferentemente do controle tradicional, o êxito dos programas de controle biológico reside nos estudos regionalizados devido ás complexas interações ambiente-hospedeiro-patógeno, o controle microbiológico de formigas cortadeiras parece ser uma alternativa promissora e viável em contraposição ao uso de inseticidas químicos.

1.10 Homeopatia
A homeopatia estimula os sistemas de defesa destes organismos de modo que resistam ás doenças e pragas, combatendo com seus próprios meios, os vírus, os fungos, as bactérias e outros tipos de agentes. Se estivermos enfraquecidos, sem reservas, teremos problemas porque nosso organismo está fraco e sem resistência, fazer a homeopatia é fazer o concentrado homeopático.
            Um tipo de preparado é o nosódio, feito a partir do agente causador da doença ou do desequilíbrio. O nosódio vivo é preparado com agentes ou organismos vivos, o nosódio do inseto praga é feito com insetos vivos.
            O preparado homeopático de nosódio (a partir da mesma praga, no caso com a mesma formiga), com (Apis mallifera) CH5 ou Belladona CH5 tem mostrado controlar as formigas cortadeiras em geral.

1.11 Feromônios
Existem duas formas de utilização de feromônios no controle de formigas de acordo com
WILCKEN & BERTI (1994), a primeira é a desorganização do sistema social da colônia com eventual enfraquecimento e morte da mesma, e a segunda forma é incorporação de feromônios em iscas granuladas visando o aumento da sua atratividade ás operárias, consequentemente o aumento do transporte para o interior do ninho.

1.12 Aumento da Biodiversidade
O controle de pragas, inclusive de formigas, por inimigos ou predadores naturais, é maior quando se tem uma maior diversidade biológica no ambiente.
            A criação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e uso de corredores ecológicos, são formas de aumentar a biodiversidade, onde traz uma situação onde o ambiente é variado, e a chance de uma espécie se tornar praga é baixa, pois uma controla a outra.

2. Considerações Finais
Existem várias formas de se fazer o controle de formigas cortadeiras, além dos métodos citados no trabalho! Outras práticas são indispensáveis, tais como: adubação orgânica em quantidade e qualidade adequada, uso de espécies e variedades adequadas, adubação e correção do solo, a conservação do solo e a rotação de áreas de cultivos e a rotação de cultura.
            As formigas cortadeiras são uma das principais pragas dos setores florestal e agrícola brasileiro, devido ao grande número de formigas por formigueiro, o controle se torna um pouco mais difícil, e seu custo pode ser elevado se não for feito de forma correta.
            Reduzir ao máximo o uso de venenos e a busca constante de alternativas que causem um menor impacto negativo ao ambiente, é a base filosófica do manejo integrado de pragas (MIP).

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