* Por Maurício Novaes Souza1, Sarah
Santos da Silva2, Matheus Barbosa2 e Débora Pessamiglio2
No mundo, atualmente, vivem sete
bilhões de seres humanos com interesses e comportamentos diversos. Cada qual
busca satisfazê-los, na maioria das vezes, de forma a atender seus desejos individuais.
Tal comportamento é resultante do modelo implantado pela revolução industrial, que provocou demanda crescente de novos materiais,
obtidos de fontes naturais ou sintetizados, sendo utilizados em quase todos os
segmentos produtivos: carvão mineral; rochas e metais, tais como cobre, ferro e
alumínio; cloreto de sódio; álcool de vegetais; entre outros. Como consequência
ambiental, os problemas se avolumaram e os recursos naturais ficaram
comprometidos.
As necessidades para a sobrevivência individual e grupal se ampliaram,
tornando-se cada vez mais complexas no que se refere à obtenção destes recursos,
transporte de matérias-primas e de produtos manufaturados (produção e comércio).
Recentemente, o tema meio ambiente vem sendo discutido
intensivamente por toda a sociedade e pela mídia. Esta última, em algumas
situações, vem utilizando o meio ambiente de maneira exploratória - empresas
criam programas de marketing dizendo
estar contribuindo com o ambiente, quando na verdade não se interessam pelas
questões de preservação. Políticas de recuperação e preservação ambiental foram
criadas, porém elas nem sempre são levadas a sério, devido ao choque de
interesses nas relações capital versus
ambiente, como se fosse impossível estabelecer um equilíbrio. Contudo, um
assunto tem-se tornado comum: o questionamento sobre o que temos feito à nossa
“casa”. Após diversas respostas da “natureza”, o homem foi percebendo que a
forma com a qual ele se relacionava com o ambiente não estava correta - essa
percepção vem despertando a busca por um novo modelo de produção que tente colocar
as “coisas” em seus devidos lugares.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)
é um novo evento mundial de discussões sobre as temáticas sócioeconômicas e
ambientais, que marca os 20 anos pós Eco 92 (Rio 92). Este evento terá como
base a “Economia Verde”. Dentro deste assunto, as temáticas de discussão sobre
as sociedades urbanizadas, a utilização dos recursos naturais pelos agentes
econômicos e as questões sociais ligadas à miséria e desigualdades serão o foco
principal desse grande encontro.
A expressão Economia Verde
se refere principalmente à intersecção entre o ambiente e a economia.
Seu conceito está relacionado ao desenvolvimento sustentável. A noção de economia
verde é mais recente que o conceito de desenvolvimento sustentável. Pode-se
defini-la como aquela que "resulta em melhoria do bem-estar humano e
equidade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos
ambientais e a escassez ecológica". De uma forma mais geral, é a
integração entre desenvolvimento econômico sem comprometer os recursos
naturais. É um termo que ainda está em debate: alguns autores a questionam e acreditam
que poderá ser um novo modelo de capitalismo esverdeado. E a Economia Ecológica?
Também faz conexão entre o sistema econômico e o ambiente natural: em
decorrência carrega o propósito de integrar os componentes do sistema econômico
com os do sistema ambiental, procurando-se assim compreender seu funcionamento
comum.
O
fato é que a ilusão do homem de que os recursos disponíveis na natureza eram
ilimitados, foi um dos precursores à exploração exacerbada dos mesmos. Desde
então, sofremos com tantas externalidades negativas geradas por esse modelo: frente
a este contexto, surge a preocupação com os processos produtivos e as questões
ambientais, o que se tornou alvo de discussões entre os países, considerando
que o mundo atravessa uma época de crise internacional e os atuais modelos de
desenvolvimento demonstram a incapacidade em dar respostas aos novos desafios.
Vinte anos após a Eco-92, os
problemas ambientais e sociais estão ainda mais graves; e a crise econômica e
financeira tem produzido maiores diferenças e mais desigualdade social,
iniquidade e desemprego. Junto à
Economia Verde na Rio+20 serão defendidas mudanças no atual modelo de produção
e de consumo, com o desenvolvimento de modelos alternativos: apoiarão a
agroecologia e a economia solidária,
assim como os direitos à terra e à natureza.
As discussões a
respeito da valoração dos recursos naturais e ambientais são um assunto de
extrema importância e muito complexo, visto que à medida que for aferido a eles
um valor, os processos produtivos tendem a serem mais cautelosos e os custos
marginais sociais reduzidos. Este é o modelo atual que vem sendo buscado - valorar
os recursos para o desenvolvimento econômico sustentável e tentar a inserção da
contabilidade dos custos e benefícios pelo mercado. Visto a complexidade da
situação, este é um grande desafio a ser enfrentado. O desenvolvimento sustentável compete à integração e uma análise
equilibrada dos objetivos sociais, econômicos e ambientais e os objetivos na
tomada de decisão tanto pública quanto privada.
Um
aspecto importante a ser levado em conta é que futuramente a essência dos
conceitos de Economia Verde e Economia Ecológica discutidos na Rio+20 não sejam
distorcidos. O desenvolvimento econômico não deverá continuar a se sobressair
às questões ambientais e sociais; e que não ocorra a mercantilização dos
recursos naturais e ambientais.
1. Engenheiro
Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão
Ambiental e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF - Rio Pomba.
E-mail: mauricios.novaes
@ifsudestemg.edu.br.
2. Estudantes do curso de Bacharel em
Agroecologia do Instituto Federal campus Rio Pomba.
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