quarta-feira, 13 de junho de 2012

Rio+20 e as discussões sócioeconômicas e ambientais




* Por Maurício Novaes Souza1, Sarah Santos da Silva2, Matheus Barbosa2 e Débora Pessamiglio2


            No mundo, atualmente, vivem sete bilhões de seres humanos com interesses e comportamentos diversos. Cada qual busca satisfazê-los, na maioria das vezes, de forma a atender seus desejos individuais. Tal comportamento é resultante do modelo implantado pela revolução industrial, que provocou demanda crescente de novos materiais, obtidos de fontes naturais ou sintetizados, sendo utilizados em quase todos os segmentos produtivos: carvão mineral; rochas e metais, tais como cobre, ferro e alumínio; cloreto de sódio; álcool de vegetais; entre outros. Como consequência ambiental, os problemas se avolumaram e os recursos naturais ficaram comprometidos. As necessidades para a sobrevivência individual e grupal se ampliaram, tornando-se cada vez mais complexas no que se refere à obtenção destes recursos, transporte de matérias-primas e de produtos manufaturados (produção e comércio).

Recentemente, o tema meio ambiente vem sendo discutido intensivamente por toda a sociedade e pela mídia. Esta última, em algumas situações, vem utilizando o meio ambiente de maneira exploratória - empresas criam programas de marketing dizendo estar contribuindo com o ambiente, quando na verdade não se interessam pelas questões de preservação. Políticas de recuperação e preservação ambiental foram criadas, porém elas nem sempre são levadas a sério, devido ao choque de interesses nas relações capital versus ambiente, como se fosse impossível estabelecer um equilíbrio. Contudo, um assunto tem-se tornado comum: o questionamento sobre o que temos feito à nossa “casa”. Após diversas respostas da “natureza”, o homem foi percebendo que a forma com a qual ele se relacionava com o ambiente não estava correta - essa percepção vem despertando a busca por um novo modelo de produção que tente colocar as “coisas” em seus devidos lugares.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) é um novo evento mundial de discussões sobre as temáticas sócioeconômicas e ambientais, que marca os 20 anos pós Eco 92 (Rio 92). Este evento terá como base a “Economia Verde”. Dentro deste assunto, as temáticas de discussão sobre as sociedades urbanizadas, a utilização dos recursos naturais pelos agentes econômicos e as questões sociais ligadas à miséria e desigualdades serão o foco principal desse grande encontro.

            A expressão Economia Verde se refere principalmente à intersecção entre o ambiente e a economia. Seu conceito está relacionado ao desenvolvimento sustentável. A noção de economia verde é mais recente que o conceito de desenvolvimento sustentável. Pode-se defini-la como aquela que "resulta em melhoria do bem-estar humano e equidade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica". De uma forma mais geral, é a integração entre desenvolvimento econômico sem comprometer os recursos naturais. É um termo que ainda está em debate: alguns autores a questionam e acreditam que poderá ser um novo modelo de capitalismo esverdeado. E a Economia Ecológica? Também faz conexão entre o sistema econômico e o ambiente natural: em decorrência carrega o propósito de integrar os componentes do sistema econômico com os do sistema ambiental, procurando-se assim compreender seu funcionamento comum.

O fato é que a ilusão do homem de que os recursos disponíveis na natureza eram ilimitados, foi um dos precursores à exploração exacerbada dos mesmos. Desde então, sofremos com tantas externalidades negativas geradas por esse modelo: frente a este contexto, surge a preocupação com os processos produtivos e as questões ambientais, o que se tornou alvo de discussões entre os países, considerando que o mundo atravessa uma época de crise internacional e os atuais modelos de desenvolvimento demonstram a incapacidade em dar respostas aos novos desafios. Vinte anos após a Eco-92, os problemas ambientais e sociais estão ainda mais graves; e a crise econômica e financeira tem produzido maiores diferenças e mais desigualdade social, iniquidade e desemprego. Junto à Economia Verde na Rio+20 serão defendidas mudanças no atual modelo de produção e de consumo, com o desenvolvimento de modelos alternativos: apoiarão a agroecologia e a economia solidária, assim como os direitos à terra e à natureza.

As discussões a respeito da valoração dos recursos naturais e ambientais são um assunto de extrema importância e muito complexo, visto que à medida que for aferido a eles um valor, os processos produtivos tendem a serem mais cautelosos e os custos marginais sociais reduzidos. Este é o modelo atual que vem sendo buscado - valorar os recursos para o desenvolvimento econômico sustentável e tentar a inserção da contabilidade dos custos e benefícios pelo mercado. Visto a complexidade da situação, este é um grande desafio a ser enfrentado. O desenvolvimento sustentável compete à integração e uma análise equilibrada dos objetivos sociais, econômicos e ambientais e os objetivos na tomada de decisão tanto pública quanto privada. 

Um aspecto importante a ser levado em conta é que futuramente a essência dos conceitos de Economia Verde e Economia Ecológica discutidos na Rio+20 não sejam distorcidos. O desenvolvimento econômico não deverá continuar a se sobressair às questões ambientais e sociais; e que não ocorra a mercantilização dos recursos naturais e ambientais.

1. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF - Rio Pomba. E-mail: mauricios.novaes @ifsudestemg.edu.br.

2. Estudantes do curso de Bacharel em Agroecologia do Instituto Federal campus Rio Pomba.

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