* Por Maurício Novaes
Souza e Maria Lucia Simões
O
Brasil passou a sediar a partir dessa sexta-feira (05.08.2016), na cidade do
Rio de Janeiro, a primeira Olimpíada a ser realizada na América do Sul. Seus
jogos serão disputados por quase onze mil atletas de 205 países. A cerimônia de
abertura foi realizada no Maracanã, com o desfile das delegações e esportistas.
Estádio lotado, a cerimônia de abertura foi elogiada nacional e
internacionalmente pela imprensa e a quem a assistiu ao vivo e a cores ou pela
mídia eletrônica, e culminou com a pira olímpica sendo acesa por Vanderlei
Cordeiro de Lima, exímio e vitorioso corredor brasileiro. Seu término será dia
21.08.2016.
Esse breve relato
para entender a importância de uma Olimpíada, é para informar que sua
realização tem a periodicidade de quatro anos. Em 2012 a sede foi em Londres. As
Olimpíadas, ou Jogos Olímpicos, constituem nos dias atuais um dos eventos mais
populares e prestigiados em todo o mundo. Foram revitalizadas no final do
século XIX (1890) e suas origens remontam à Grécia Antiga. A restauração das
práticas olímpicas foi da iniciativa do aristocrata e pedagogo suíço Pierre de
Frédy, mais conhecido como Barão de Coubertin. Ele acreditava que a prática do
esporte devia ser estimulada na sociedade contemporânea, sobretudo entre os
jovens. Além disso, era interessante que houvesse uma organização internacional
de jogos esportivos que ajudasse a promover a “paz entre as nações”, por
considerar que o contexto (transição do século XX para o século XXI) estava
carregado de rivalidades entre as grandes potências.
O
símbolo dos anéis olímpicos, sua Bandeira nas cores azul, amarelo, preto,
vermelho e verde, sobre um fundo branco, foi imaginado por Coubertin em 1914 e
apareceu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, Bélgica, em 1920.
De acordo com o barão, esses cinco anéis entrelaçados representam as cinco
partes do mundo agora conquistadas pelo olimpismo como forma de propor o
término das rivalidades entre as nações, unindo-as por competições sadias. Os
demais símbolos – o hino, o juramento e a chama – fazem parte da cerimônia de
abertura como forma de comprometimento ético e moral dos atletas de que
competirão de modo limpo, sem o uso de drogas e com o objetivo de estimular os
jovens do mundo todo a praticar qualquer modalidade de esporte dentro dos
conceitos da Educação/Inclusão.
Apesar da abertura oficial das Olimpíadas do Rio 2016 ter sido
marcada por um discurso ecológico, chamando a atenção para os problemas
ambientais, o aquecimento global e as mudanças climáticas, e para a necessidade
de se ter um mundo mais verde, na prática, a situação ambiental da cidade do Rio de Janeiro, bem como
de quase todo o Brasil, é
“caótica”! A maioria das bacias hidrográficas do Rio é composta por valões de
lixo e esgotos, como na Baía da Guanabara, onde se realizarão as provas
de iatismo! Segundo o biólogo Mário Moscatelli, o espetáculo de abertura foi
“uma hipocrisia artística do
tipo ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’, vinda principalmente do
Rio de Janeiro, onde as autoridades brasileiras se esmeraram em não cumprir
praticamente nada no quesito ambiental”.
Segundo Moscatelli, a baía de Guanabara faz parte daquilo que se chama da indústria da degradação, onde de tempos em tempos o governo estadual do
Rio de Janeiro inventa projetos
de recuperação da baía e obtém empréstimos bilionários do exterior. Os recursos
chegando são usados de qualquer maneira, ao gosto dos políticos do momento,
alcançando pífios resultados ambientais sem qualquer tipo de investigação ou
sanção das esferas de fiscalização. Anos depois, novos programas são criados e
mais dinheiro é captado. Segundo essa hipótese, a baía degradada é uma
necessidade para que a indústria da degradação continue funcionando enquanto
houver quem empreste dinheiro para o governo do estado. Simplesmente inventaram
mais uma forma de ganhar dinheiro fácil: com a degradação da baía. Caso
semelhante acontece em São Paulo, no caso do rio Tietê! Além destes casos, poderíamos
listar milhares de exemplos que, infelizmente, multiplicam-se no Brasil: da
capital Federal, Brasília, às pequenas cidades do interior! Apesar das inúmeras
iniciativas governamentais e organizacionais, os efeitos efetivos ainda são
discretos.
O fato é que, em todo o mundo, mas
particularmente no Brasil, a preocupação está voltada para a crise política e financeira
que atravessamos. Contudo, a questão ambiental, que deveria ser prioridade
posto ser a fonte de todos os recursos utilizados nos processos produtivos, vem
sendo relegada ao segundo plano. Na prática, o antigo discurso da necessidade
de crescimento econômico para a geração de emprego e renda acaba prevalecendo.
Ou seja, continua vigorando a visão de curtíssimo prazo, cujos resultados
finais são conhecidos e previsíveis.
É lamentável que seja essa a verdade! No
momento da abertura dos Jogos Olímpicos, sentimos um orgulho imenso de sermos
BRASILEIROS! A festa foi linda! É preciso que readquiramos a dignidade, a fé e
a esperança! Nosso Povo é lindo e nosso País maravilhoso!
Estamos em ano político! As eleições
municipais estão aí: como e em quem votaremos?
* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação
de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental e Doutor em Engenharia de Água
e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), é professor do IF Sudeste
campus Rio Pomba. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.
* Escritora,
Consultora Organizacional e Psicanalista na empresa Consultora Indepedente de Gestão e de Comportamento.
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