sábado, 16 de agosto de 2008

Práticas Simplificadas de Amostragem do Solo


* Por Maurício Novaes Souza – Engenheiro Agrônomo

Aula prática de ENF 391 – Recuperação de Áreas Degradadas (UFV)

1. Introdução – a amostragem de solo é a primeira e principal etapa de um programa de avaliação da fertilidade do solo. O seu objetivo é determinar a riqueza em nutrientes e o grau de acidez. Divide-se em três etapas: coleta das amostras; análise das amostras em laboratório; e interpretação dos resultados.

2. Amostragem tradicional – seleção da área
1) Delimitação da gleba a ser amostrada: glebas com no máximo 10 hectares; homogêneas; e pequenas áreas desuniformes devem ser amostradas separadamente. Deve ser considerada: a vegetação; a posição topográfica; as características perceptíveis do solo; e o histórico da área.
Percorrer a gleba andando em “zig-zag”, colhendo amostras a cada 50 ou 60 metros. Em cada ponto deve-se colher uma amostra simples que deverão ser reunidas em um recipiente limpo. Os instrumentos utilizados para a retirada da amostra, podem ser: trado; enxada ou enxadão; e pá ou cavadeira.

- Procedimentos para a coleta da amostra:
· limpar a superfície do solo, retirando restos de cultura ou de pastagem, galhos, palhas e folhas secas, etc., sem mexer ou remover a superfície do solo;
· com o trado: perfurar o solo girando no sentido dos ponteiros do relógio até 20cm, com marca já identificada; com o enxadão, enxada ou cavadeira: abrir uma trincheira, de modo que a parede lateral fique na vertical. A seguir, tirar uma “fatia” de solo de 4 cm em uma das laterais, utilizando-se de uma pá reta. Descartar as partes laterais desta porção de solo, aproveitando-se apenas os 4cm centrais;
· depositar esse material selecionado no recipiente, que formará uma amostra composta.
2) Após percorrer toda a gleba, tendo sido colhidas de 15 a 30 amostras simples, mistura-se bem o material para destorroar e homogeneizar, do qual é retirada uma amostra composta de aproximadamente 250 cm3. Não é recomendado que o solo da amostra composta seja peneirado;
3) O material pode ser seco à sombra, sendo posteriormente acondicionado em sacos plásticos resistentes ou em caixas de papelão apropriadas;
4) Identificar a amostra composta contendo os seguintes dados: a) nome e endereço do interessado; b) cultura a ser feita; e c) número da amostra. Encaminhar a amostra ao laboratório especializado; e
5) Com base no resultado da análise do solo calcula-se a adubação e a calagem. Observações:
· Não coletar amostras em locais impróprios que difiram da paisagem, como cupinzeiros; e
· Para a retirada da amostra em diferentes profundidades, a trincheira deve ser feita parcialmente.

3. Amostragem em áreas degradadas e recuperadas
Áreas degradadas ou recuperadas diferem dos procedimentos tradicionais de amostragem devido à necessidade de caracterização do substrato remanescente, no caso das áreas degradadas, ou do substrato recém constituído, no caso das recuperadas. Um ponto comum entre estes materiais refere-se à sua grande variabilidade química. Por esse motivo, o procedimento de amostragem torna-se extremamente importante para o sucesso da caracterização dos substratos.
O planejamento é fundamental para que os fatores adversos existentes não interfiram no procedimento de amostragem, evitando que o resultado não represente a realidade. A amostragem deve ser representativa, tanto para as amostras simples como para as compostas. Recomenda-se, em áreas degradadas, coletas de amostras simples nas camadas de 0 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm de profundidade, para avaliar camadas com elevada acidez, elevados teores de Al3+ e baixos teores de Ca2+. O número de amostras compostas para cada camada deve ser a mesma. Porém, considerando a heterogeneidade dessas áreas, deve ser coletada no mínimo 30 amostras simples. O procedimento para retirada é o mesmo observado para a amostragem tradicional.
Em substratos que contenham resíduos provenientes de áreas de mineração, por exemplo, de carvão ou cobre, podem estar associados sulfetos. Logo, um aspecto importante a ser observado refere-se ao tempo de exposição do material, devido a sua facilidade de oxidação. Em função da dinâmica de oxidação, os valores de pH e de condutividade elétrica (C.E.) podem se alterar com o tempo de armazenamento da amostra. Quanto maior for o manuseio dessas amostras, maiores serão as alterações observadas, mesmo quando armazenadas em sacos plásticos fechados.
Em áreas degradadas pode ocorrer a inversão das camadas originais do solo, promovendo a sua compactação ou adensamento, dificultando a operacionalização da coleta de amostras. Logo, deve ser realizada com a umidade próxima à capacidade de campo do solo.

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