* Por
Silvane de Almeida Campos
Normalmente,
a população do meio urbano possui água tratada por empresas estaduais de
saneamento básico, como é o caso da COPASA, em Minas Gerais. Entretanto, no
meio rural ou, em comunidades rurais distantes dos centros urbanos, esse
benefício já se torna mais difícil. Ao contrário, é comum essa parte da
população utilizar-se de águas de córregos, rios, represas, minas, cisternas e
poços artesianos.
Além
disso, ainda existe, no meio rural, o pensamento, por meio de algumas pessoas,
de que o fato de coletar água diretamente de uma fonte, como por exemplo, de
uma nascente, é garantia de que se está consumindo água limpa (sem
contaminação). Mas, isso nem sempre é verdade, pois a contaminação pode chegar
a esses mananciais, vinda de uma fonte de contaminação desconhecida e bem
distante do manancial de água.
Daí
surge a necessidade de uma participação coletiva da sociedade para reivindicar
o direito de água tratada.
Por
isso, é necessário conhecer quais são os principais cuidados que devem ser
tomados, ao se utilizar essas fontes de água e quais são os riscos mais comuns
de contaminação desses mananciais. As estatísticas mundiais sobre saúde pública
registram a ocorrência de mais de quatro bilhões de casos de diarreia por ano.
Isto está relacionado, em grande parte, com os problemas ambientais, em que a
água de má qualidade higiênica tem uma participação importante.
Pode
ser citado como exemplo comum da falta de saneamento básico o despejo de lixo a
céu aberto, principalmente nas proximidades dos leitos dos rios e a
disseminação de poluentes orgânicos e inorgânicos no ambiente, sem qualquer
tipo de tratamento, por parte de muitas agroindústrias, fazendas de exploração
animal, sítios e moradores dos estabelecimentos rurais.
Portanto,
o uso de águas superficiais não tratadas e de águas subterrâneas, captadas sem
os devidos cuidados sanitários, pode contribuir significativamente para o
aparecimento de diarreias e de outras doenças perigosas para a saúde. Assim, as
águas procedentes de rios, córregos, represas, cisternas, minas, poços
artesianos e semiartesianos são analisadas sob diferentes parâmetros,
destacando-se as vantagens e desvantagens dos diversos mananciais, as formas de
captação, a condução, o armazenamento, o tratamento e a distribuição dessas
águas.
Segundo
Viana (2009) a água para ser considerada potável precisa reunir algumas
qualidades como: ser fresca, límpida, inodora, arejada, leve ao estômago, apta
para o uso doméstico, isenta de compostos químicos nocivos e de agente
biológicos veiculadores de doenças infecciosas e parasitárias.
A
água destinada ao uso agroindustrial requer maiores cuidados, no que se refere
a determinados elementos. Nem sempre uma água considerada potável para consumo
humano e animal pode servir para fins de agroindústria. Deverá apresentar baixo
grau de dureza, turbidez, cor, sais dissolvidos, sílica, ferro, manganês e
outros compostos responsáveis pela corrosão ou incrustação nos equipamentos. O
problema se agrava quando se torna necessário o uso de água aquecida, pois
algumas substâncias, a exemplo dos silicatos, tornam-se muito mais incrustantes
em temperaturas elevadas. Algumas indústrias exigem água praticamente sem
ferro, enquanto o padrão de potabilidade permite até 0,3 mg/L desse mesmo
elemento. A água utilizada no processo de fabricação do alimento e na limpeza e
higienização dos equipamentos e utensílios deverá atender também os parâmetros
bacteriológicos.
As
principais fontes de contaminação da água na meio rural são: fezes e urina dos
animais; carcaças de animas mortos; lixos abandonados no ambiente; material
orgânico existente na superfície do solo; aplicação pesada de adubos; uso abusivo
de inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros. Em determinado momento,
esses contaminantes entrarão em contato com a água da fonte e, com isso,
ocorrerá a poluição química dessa água. Mananciais que recebem resíduos da
exploração animal e agrícola possuem, com certeza, água totalmente comprometida
e, portanto, impróprias, não só para uso doméstico, mas também para consumo
animal.
Tanto
os mananciais de águas superficiais (riachos, córregos, rios, represas) como os
subterrâneos (nascentes, lençol freático e artesiano) podem apresentar águas
contaminadas, embora os superficiais sejam mais susceptíveis à presença de
agentes contaminantes. O consumo de água contaminada eleva riscos à saúde do
homem e dos animais, pois podem transmitir doenças como tifo, leptospirose, verminose,
colibacilose e viroses gastrintestinais.
No
meio rural faz-se necessário utilizar, processos de tratamentos de água de
natureza mais simplificada e prática, mas com resultados eficientes.
Em
função do tipo de uso, as águas devem receber tratamento específico. Assim,
temos exigências mais rígidas quanto ao teor de cálcio, magnésio, ferro,
manganês e outros elementos químicos, quando a água se destina as
agroindústrias. As exigências sanitárias para água destinada ao homem e aos
animais obedecem a outros parâmetros de qualidade.
O
sistema simplificado de tratamento de água pode ser adotado tanto para
propriedades rurais como pequenas comunidades rurais. Ele deve ser construído,
preferencialmente, em local onde haja um declive natural do terreno para que a
condução da água entre cada componente do sistema seja feita por gravidade. É
composto por caixa de captação, caixa de areia, pré-filtro, filtro lento de
areia, sistema de bombeamento e reservatório central.
Os
produtos à base de cloro mais utilizados no tratamento de água no meio rural
são: hipoclorito de sódio, cal clorada, água sanitária e hipoclorito de cálcio.
O dosador de cloro é o equipamento mais utilizado.
Todos
nós sabemos da importância da água para a vida do ser humano, dos animais e vegetais.
Neste contexto, a escassez de água de boa qualidade no meio rural torna-se um
problema sério em muitas regiões do planeta, sendo fundamental o tratamento
adequado da água de acordo com a sua finalidade, reduzindo os riscos à saúde
pública e proporcionando melhor qualidade de vida a toda população.
Literatura citada
VIANA,
F. C.; LOPES, J. D. S.; LIMA, F. Z. de. Tratamento
de água no meio rural. Viçosa: CPT, 2009, 262p.
* Técnica em Meio Ambiente e
Bacharel em Agroecologia do IF Sudeste de MG campus RIO POMBA. E-mail: silvaneacampos@yahoo.com.br.
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