quinta-feira, 9 de outubro de 2008

POLUIÇÃO URBANA: casos, acasos, descasos...



* Por Maurício Novaes Souza

Casos - o dia 14 de agosto foi escolhido como o "Dia de Combate à Poluição". Dá-se o nome de poluição a qualquer degradação (deterioração, estrago) das condições ambientais, do habitat. É uma perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em decorrência de mudanças ambientais. Sem dúvida, atualmente, há motivos suficientes para se ter uma data para esse fim. O aumento populacional, a crescente atividade industrial, a falta de saneamento, as queimadas e o aumento do número de veículos automotores nas regiões urbanas têm contribuído para o aumento da poluição. Conseqüentemente, a degradação da natureza, especialmente nas últimas décadas, tem sido enorme e começa a causar dificuldades no cotidiano do próprio homem.
No Brasil a situação não é diferente do restante do mundo e temos grande participação na degradação de nossos recursos naturais: os ecossistemas aquáticos estão contaminados por agroquímicos e esgotos; a população consome alimentos cada vez mais contaminados; o ar é poluído e se desperdiça energia pelo uso de tecnologias inapropriadas; as florestas vêm sendo devastadas sem controle em nome de um projeto de desenvolvimento questionável, que afeta diretamente a sobrevivência de grande número de pessoas, animais e vegetais.
Acasos – percebe-se, nos dias atuais, que o crescimento urbano e industrial tão desejado por quase todos, nem sempre significa desenvolvimento humano: particularmente nos países em industrialização, como o Brasil, vem acompanhado de desigualdade de acesso aos itens básicos necessários a uma sobrevivência digna, tais como à educação, à alimentação e à saúde.
Tal crescimento, a qualquer preço, poderá facilitar a ocorrência do aumento de temperatura, a falta de água potável em futuro próximo, problemas de saúde relacionados ao ar poluído nos centros urbanos, nos colocando em situações de riscos ambientais.
Descasos – na verdade, verifica-se que rios, lagos e mares é o destino final dos resíduos e esgotos. O crescimento das áreas urbanas não levou em consideração a necessidade de adequação de locais específicos para depósito e tratamento de seus resíduos. De acordo com o IBGE (2006), 74% dos municípios brasileiros depositam lixo hospitalar a céu aberto e apenas 57% separam os dejetos nos hospitais. Dessa forma, somados ao crescimento da população e da atividade industrial, a qualidade dos ecossistemas naturais vem se deteriorando progressivamente.
Contudo, e há de se ter essa certeza, que a área da saúde depende de um meio ambiente saudável, inclusive da existência de abastecimento seguro de água, de serviços de saneamento e da disponibilidade de abastecimento seguro de alimentos e de nutrição adequada.
Diante dessa realidade, é preciso maior fiscalização e rigidez nas aplicações das leis para minimizar ou até mesmo acabar com os excessos e abusos por parte daqueles que insiste em desrespeitar o meio ambiente. Também é preciso maior conscientização da população por intermédio de campanhas de Educação Ambiental, cujo objetivo maior é expandir o entendimento das relações entre o ser humano e o meio em que vive e depende, e que o levará a um novo conceito sobre como deve ser portar uma população consciente e comprometida.
Para que haja, de fato, Desenvolvimento Sustentável, e não meramente Crescimento Econômico, precisa-se compreender que a humanidade não é o centro da vida no planeta. Administrativamente pensando, é necessário incorporar ao planejamento urbano a visão ambiental, atentando-se para as inovações tecnológicas. Deve-se contar com a implantação de um programa ambiental dentro de toda a estrutura, incluindo o seu relacionamento com os órgãos ambientais responsáveis pelas respectivas áreas. O processo deve ser contínuo e integrado entre três setores básicos: planejamento, gestão e organização.
Publicação original em: INFORMACIRP, RIO POMBA. SETEMBRO DE 2008.


* Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas e Gestão Ambiental e Doutorando em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). É professor do CEFET - Rio Pomba, coordenador dos cursos Técnico em Meio Ambiente, EAD em Gestão Ambiental e Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. É conselheiro do COPAM e da SEMAD - Zona da Mata, MG. E-mail: mauriciosnovaes@yahoo.com.br.

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