terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sustentabilidade das organizações: gestão ética e responsabilidade social


* Por Maurício Novaes Souza1, Maria Angélica Alves da Silva2 e Gabriela Alves de Novaes3

O dilema entre desenvolvimento econômico e preservação/conservação da natureza é tema de discussões no país há tempos remotos. Em períodos recentes, permanece a dificuldade de se fazer uma parceria Estado/Sociedade para uma solução equilibrada. De acordo com José Luiz de Andrade Franco, da Universidade de Brasília, autor de Proteção à natureza e identidade nacional no Brasil (FIOCRUZ), “No Brasil há um padrão histórico: as preocupações com o meio ambiente, em geral, resultaram da atuação de grupos de cientistas, intelectuais e funcionários públicos que, por meio de suas inserções no Executivo, procuraram influenciar as decisões dos governantes em favor da valorização da natureza”. Em função dessa situação, o andamento das políticas de proteção à natureza sempre dependeu mais de ligações com governos e apenas secundariamente do eco que as pessoas preocupadas com as questões ambientais alcançam na sociedade.

Nos dias atuais, o envolvimento do mundo corporativo será essencial para se atingir o desenvolvimento sustentável. As empresas devem agir como agentes transformadores. Devem ser capazes de alterar o modelo que visava o lucro imediato para o modelo que busca o Desenvolvimento Sustentável. Esse fato é importante porque as empresas exercem uma enorme influência sobre os recursos humanos, financeiros, tecnológicos, econômicos, sociais e ambientais. Diante desta nova realidade, surge o conceito de empresas socialmente responsáveis - são aquelas que procuram colaborar para o fortalecimento dos referidos setores, por meio da adoção de posturas éticas, agindo de forma transparente e tendo como objetivo o bem-estar coletivo e a justiça social.

Neste novo modelo os empresários se tornam cada vez mais aptos a compreender e participar das mudanças estruturais que abrangem os aspectos econômicos, ambientais e sociais. As companhias estão sendo incentivadas pela administração pública a gerenciar seu sistema produtivo de tal forma que se evite a ocorrência de impactos ambientais e sociais, por meio de estratégias apropriadas. Nos últimos anos houve progressos surpreendentes na área de gerenciamento ambiental. Mais recentemente, o mesmo ocorreu quanto à conscientização sobre a responsabilidade social e a crescente compreensão dos desafios de se produzir sustentavelmente. Sabe-se que para atingir esse objetivo, no médio e longo prazo, dependerá da capacidade das empresas em reverter a disposição de promover o crescimento econômico a qualquer custo.

Sabe-se que todas as empresas gostariam de ser reconhecidas pela sociedade, por seus funcionários, pelos parceiros de negócios e pelos investidores. O grande problema é estar disposto a encarar os desafios que se colocam no caminho de uma companhia realmente cidadã. O primeiro deles é o desafio operacional. Uma empresa responsável pensa nas consequências que cada uma de suas ações pode causar ao meio ambiente e à sociedade. De nada adiantaria investir em um projeto comunitário e poluir os rios próximos de suas fábricas; ou dar benefícios e oportunidades aos seus funcionários e não ser transparente com seus consumidores.

Neste sentido, responsabilidade social é a integração voluntária pelas empresas das preocupações sociais e ambientais nas suas atividades comerciais e nas suas relações com todas as partes. É a complementação das soluções legislativas e contratuais a que as empresas estão ou podem vir a estar obrigadas e que se aplicam às questões, por exemplo, ao desenvolvimento da qualidade de emprego, a adequada informação, a consulta e participação dos trabalhadores, bem como o respeito e promoção dos direitos sociais e ambientais e a qualidade dos produtos e serviços.

A responsabilidade social das empresas é, essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem, de forma voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Para isso deverá implantar um sistema de gestão ambiental que proporcione que o seu desenvolvimento seja sustentável, necessitando, portanto, de profissionais que incorporem tecnologias de produção inovadoras.

O desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão intimamente ligados. Os novos tempos se caracterizam por uma rígida postura dos clientes, que têm a expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável. A internacionalização dos padrões de qualidade ambiental, a globalização dos negócios, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental nas escolas permitem antever que a exigência futura que farão os consumidores em relação à preservação ambiental e à qualidade de vida deverão se intensificar.

Empresas experientes identificam resultados econômicos e resultados estratégicos no engajamento da organização em causas ambientais. Há de se considerar que estes resultados não se viabilizam de imediato: há necessidade que sejam corretamente planejados e organizados todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva.

O atual momento exige que as empresas adotem a educação e a gestão ambiental em seus programas de rotina, condicionados e geridos por princípios éticos, exigindo que estas possuam criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios. Várias empresas têm demonstrado que é possível ganhar dinheiro, proteger o meio ambiente e ser socialmente responsável: é uma questão de opção e atitude.

1. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas, Economia e Gestão Ambiental, e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF Sudeste MG campus Rio Pomba e Diretor Geral do IF Sudeste MG campus São João del-Rei. E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.

2. Pedagoga e Especialista em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. É Diretora de Desenvolvimento Educacional do IF Sudeste MG campus São João del-Rei. E-mail: gecamau@yahoo.com.br.

3. Formanda do Curso de Administração de Empresas da Universidade Federal de Viçosa, Brasil. E-mail: gabianovaes@gmail.com.

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