* Por Maurício Novaes Souza1,
Maria Angélica Alves da Silva2 e Gabriela
Alves de Novaes3
Considere-se
o atual momento econômico mundial (EUA, Europa...); as elevadas taxas de
crescimento populacional (África...); o aumento do percentual de desempregados
(África, Europa...); o crescimento da violência (América Latina, África,
Oriente Médio...); as distensões políticas (Primavera árabe...); o aumento das
tensões provocadas por fundamentalistas religiosos (Egito, Irã, Iraque...); a
omissão das lideranças (Líbia, Síria, Egito...); o aumento da poluição e o
surgimento de novas áreas degradadas (em todo o mundo); entre outros grandiosos
problemas, verifica-se que todos os esforços no desenvolvimento deverão estar
voltados às práticas sustentáveis de produção e consumo: ou seja, deverá
ocorrer a adoção de um novo modelo de capitalismo e, para isso, uma nova
postura dos líderes mundiais. Qual a parcela de responsabilidade dos atuais
líderes, onde falharam e como poderão se beneficiar desse momento crítico para promover
o desenvolvimento sustentável de seus países e promoverem a paz e o bem-estar para
todos os povos?
De
acordo com o empresário e professor da Harvard University,
Bill George, autor de “True North”,
citado por João José Forni, jornalista e consultor de comunicação, "a
crise é o grande momento do líder". Os especialistas em gestão de crises
asseguram: quando o mundo contar a história da crise atual, haverá relatos de
sucesso e de fracassos. Os deslizes políticos e empresariais todos os conhecem,
desde setembro de 2008, quando a quebra do “Lehman Brothers” desencadeou o
desmoronamento de dezenas de bancos e excluiu pelo menos seis líderes de
governos da União Europeia nos últimos meses.
De
acordo com Forni, a
queda de Berlusconi, na Itália, e a derrota de Zapatero, na Espanha, mostraram
que a população não perdoa quando os líderes fraquejam nas crises. A Espanha demorou
anos para ter um governo de esquerda, mas rapidamente deu uma radical virada
política: de fato, a economia tem mais
poder que as ideologias. Cabe ressaltar o papel decisivo dos líderes nas
crises. Segundo esse mesmo autor, falhas na gestão de risco, erros de avaliação
nos momentos de estabilidade ou falta de liderança, todos são pecados imperdoáveis
na gestão das crises. Talvez na crise atual tenha havido um pouco de tudo isso.
Anos de lucros exorbitantes em diversos setores (mercado imobiliário,
automotivo, bancos...) e de rentabilidades fáceis nas bolsas de valores, levaram
o mundo capitalista a sentir-se imune às turbulências.
Para
Forni, ao analisar as crises econômicas desde a II Guerra Mundial, citando o
consultor americano Pat Rowe, observa que o sucesso, de uma empresa ou de um
país, tem muito a ver com a liderança. Entre os líderes de sucesso, algumas
características são muito comuns. Sobressaem neles a visão de negócio, a
capacidade de ver os eventos como eles são, a estratégia, a habilidade de tomar
decisões, mesmo em contexto conturbado, sem perder a calma, a coragem e a visão
positiva: não têm medo de errar. Mas por que tantos líderes têm fracassado em
tempos recentes? Será consequência da forma pela qual conquistaram a liderança?
Voltemos ao Século XVI. Segundo Maquiavel, no capítulo 4 de “O príncipe”, citado por Ari Lima na Revista Jus Vigilantibus, existe outra forma de conquistar um cargo de liderança que não seja por valor próprio, por sorte ou por ajuda de terceiros. Trata-se de quando, por atos nefastos, chega-se à liderança. Esta forma de conquistar o poder dentro das organizações é mais comum do que se admite abertamente, tanto em governos, em empresas públicas quanto nas organizações privadas. Nas grandes e pequenas corporações se encontram exemplos frequentes de líderes que, para conquistar cargos de chefia, empregaram expedientes dos quais não se podem orgulhar.
Maquiavel abordou este assunto
mostrando que ao longo da história muitos governantes utilizaram da crueldade e
maldade para conquistar cargos. Pois bem, passados cinco séculos da publicação
de “O Príncipe”, percebe-se que, apesar da evolução de nossa civilização, de
todo o progresso do qual se desfrutam na atualidade, da quantidade ilimitada de
informações que possuímos, a natureza
humana permanece a mesma com relação à luta pelo poder. Nos dias atuais se continuam
assistindo a golpes de estado e à tomada do poder de forma cruel e violenta em
muitos países, como na América Latina, no Oriente Médio e na África. Será
então, essa, a condição humana?
O fato é que nas organizações
empresariais, nacionais e multinacionais, nos departamentos de governos e nas
empresas públicas também ocorre, com uma frequência maior do que a admitida
publicamente, a utilização de comportamentos inadequados e escusos na luta por
cargos de chefia. Vários exemplos nos mostram que muitos cargos nas empresas
são conquistados de forma nefasta e, neste caso, o líder que estiver envolvido
neste tipo de disputa terá de compreender a natureza de seu poder, e saber agir
de maneira adequada para superar as dificuldades inerentes a esta situação.
Observem o que diz Maquiavel sobre o
referido tema:
“Por
isso é de notar-se que, ao ocupar um Estado, deve o conquistador exercer todas
aquelas ofensas que se lhe tornem necessárias, fazendo-as todas há um tempo só
para não precisar renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos
homens e conquistá-los com benefícios. Quem age diversamente, ou por timidez ou
por mau conselho, tem sempre necessidade de conservar o punhal na mão, não
podendo nunca confiar em seus súditos, pois que estes nele também não podem ter
confiança diante das novas e contínuas injúrias. Portanto, as ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de
que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser
feitos aos poucos, para
que sejam melhor apreciados. Acima de tudo, um príncipe deve viver com seus súditos de modo que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar: porque, surgindo pelos tempos adversos a necessidade, não estarás em tempo de fazer o mal, e o bem que tu fizeres não te será útil eis que, julgado forçado, não trará gratidão”.
que sejam melhor apreciados. Acima de tudo, um príncipe deve viver com seus súditos de modo que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar: porque, surgindo pelos tempos adversos a necessidade, não estarás em tempo de fazer o mal, e o bem que tu fizeres não te será útil eis que, julgado forçado, não trará gratidão”.
Cabe considerar que a expressão
“Príncipe” tem sentido figurado: refere-se, nesse artigo, e da própria obra de
Maquiavel, a qualquer pessoa que possua determinado grau de liderança, tanto no
setor público como no privado. De acordo com Lima, uma vez passado o momento da
disputa pelo poder dentro das organizações, o novo líder deve se abster de
continuar praticando os atos nefastos que o fizeram conquistar o cargo, pois
segundo o pensamento de Maquiavel e em suas próprias palavras:
“Faça o mal de uma vez e o bem aos pouco. O
conquistador deve
examinar todas as ofensas que precisa fazer, para perpetuá-las todas de uma só vez e não ter que renová-las todos os dias. Não as repetindo, pode incutir confiança nos homens e ganhar seu apoio através de benefícios. (...) enquanto os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, para serem melhor apreciados”.
examinar todas as ofensas que precisa fazer, para perpetuá-las todas de uma só vez e não ter que renová-las todos os dias. Não as repetindo, pode incutir confiança nos homens e ganhar seu apoio através de benefícios. (...) enquanto os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, para serem melhor apreciados”.
De acordo com Maquiavel, há de se
alertar ao líder que se viu envolvido em uma disputa pelo poder e foi forçado,
por sua própria natureza “perversa” ou pelas circunstâncias; a praticar atos
cruéis contra outros profissionais na conquista do cargo que, para se manter no
mesmo, precisará mudar sua conduta, pois a manutenção de tal comportamento
poderá agravar a reação contra si e, no médio e longo prazo, provocarão sua
ruína. Para Lima, neste estudo sobre a liderança, segundo o pensamento de
Maquiavel, devem-se analisar as organizações conforme a realidade dos fatos, e
não de acordo com o “mundo perfeito” descrito por muitos autores que de certa
forma apresentam situações organizacionais que na prática, não existem.
Thomas More (ou Morus), em sua obra
mais famosa, “Utopia" (1516), criou uma ilha-reino imaginária que alguns
autores modernos viram como uma proposta idealizada de Estado e, outros, como
sátira da Europa do Século XVI. Um dos aspectos desta obra de More é que ela
recorreu à alegoria (como no Diálogo do conforto, ostensivamente uma conversa
entre tio e sobrinho) ou está altamente estilizada, ou ambos, o que lhe abre um
largo campo interpretativo. Qual seria a diferença da Europa dos dias atuais? Espanha,
Grécia, Portugal, Itália... O fato é que More tinha paixão pela verdade. Para
ele o homem não pode separar-se de Deus, nem a política da moral: eis a luz que
iluminou a sua consciência. Como disse uma vez, "o homem é criatura de
Deus, e por isso os direitos humanos têm a sua origem n'Ele, baseiam-se no
desígnio da criação e entram no plano da Redenção. Poder-se-ia dizer, com uma
expressão audaz, que os direitos do homem são também direitos de Deus". De
fato, “Utopia” é a apresentação
de uma sociedade ideal, com líderes ideais, onde haveria justiça e igualdade
para todos os cidadãos.
E tais questões no Brasil? O
problema do Brasil está no aqui e agora. Precisam-se despertar agora para iniciar a
construção de uma Nação digna. Temos recursos naturais como nenhum outro país, sem
a interferência de extremos climáticos, aceitação da população à multiplicidade
de seitas (sincretismo religioso), uma relativa democracia, mas falta investimento
no ser humano (saúde, educação, segurança...), que é o que temos de mais
precioso: é exatamente nesses aspectos que há mais desprezo e carência. Como
está não se pode ser moralmente equilibrado. A Democracia pressupõe um povo
consciente, caso contrário, cair-se-á facilmente na Tirania, seja da “chamada
esquerda” ou da “chamada direita”. Somente um povo consciente poderá contribuir
para o seu próprio destino.
A política no Brasil, não diferente do restante dos demais
países, está sem liderança, de fato. Apesar dos aparentes esforços, a corrupção
é crescente. O
governo brasileiro permanece servindo aos interesses de uma elite dominante
desde o começo de sua história, uma elite que sempre considerou o Estado uma
continuidade de suas posses. A questão da moralidade pública no Brasil é da maior gravidade e só traz
miséria, alienação e
pobreza. De acordo com Jofran
Frejat, a política deveria ter o mesmo significado de ética e moral,
segundo os grandes filósofos da humanidade, mas infelizmente é sinônimo de
depravação no Brasil. Segundo
esse mesmo autor, precisam-se urgentemente de um
Judiciário, um Legislativo e um Executivo que cumpram com suas obrigações. O
Brasil tem solução, mas é necessário um novo comportamento dos Poderes da
República, da sociedade em geral, e dos homens de bem que com certeza existem,
mas andam calados e omissos. Cabe nesse ponto citar a famosa frase de Martin Luther
King: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem
dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética. O que mais preocupa é o
silêncio dos bons."
De acordo com Manfredo Araújo de Oliveira, filósofo e
professor da UFC, nosso país continua sua marcha de modernização, mas
ainda persistem elementos que não se integram no projeto de uma sociedade
democrática moderna: nossa vida política teima em levar adiante o
patrimonialismo e o clientelismo herdados da Velha República que inaugurou os
métodos da política nacional ainda hoje vigentes. A forma específica de sua
realização hoje consiste na formação de governos de coalizão sustentados por
uma base que se movimenta a partir de seus interesses corporativos ou que é
refém de caciques que determinam seu comportamento. A justificativa para isso é
a tese da manutenção necessária da governabilidade o que levou, por exemplo, no
governo anterior, ao reaparecimento no cenário nacional de figuras que se
julgava já estarem completamente sem chances.
Assim,
esse ambiente favorece enormemente a corrupção, posto que se utiliza das
instituições democráticas como campo de barganha política para solicitações
clientelísticas. Instala-se definitivamente a política dos favores que distorce
e corrompe em sua raiz a própria política que tem a ver com a defesa e a
efetivação de direitos. Dessa forma os partidos se descolam completamente das
grandes questões da sociedade civil e fazem da efetivação de seus próprios
interesses a razão de ser de sua atuação. Nesse cenário, como surgirão novas
lideranças políticas?
Ou seja, o sistema não permite e não deseja o surgimento de novas lideranças.
Pergunta-se,
então: é possível mudar o mundo? De acordo Esther Vivas, co-autora de “Resistências globales: de Seattle a la crisis
de Wall Street”, em artigo publicado na revista Iglesia Viva e traduzido por
Paulo Marques, esta é a pergunta que se fazem milhares de pessoas
empenhadas em mudar os fatos, a pergunta que se repete frequentemente nos
encontros sociais alternativos… uma pergunta que como bem dizia o filósofo
francês Daniel Bensaïd não tem resposta porque “Não nos enganemos, ninguém sabe
como mudar o mundo”. Não temos um manual de instruções, mas sim temos algumas
pistas de como fazê-lo e algumas hipóteses de trabalho.
Para
Vivas, em todo o mundo, é necessário construir alternativas políticas que
avancem mais além da mobilização social. É necessário ser capaz de propor
opções políticas alternativas antagônicas às hoje dominantes e que tenham seu
centro de gravidade nas lutas sociais, na educação, nos desejos de toda a
sociedade. É preciso que seja implementado o capitalismo co-responsável (aquele
que beneficia a todos). Hoje as instituições estão tomadas pelos interesses
privados e do capital, em todo o mundo: na China ou em Cuba; nos EUA ou no
Brasil. Apenas uma minoria social detém o poder político e econômico, está
totalmente sobre-representada nas mesmas, e conta com o apoio incondicional da
maior parte de quem ostenta cargos eletivos.
Morus,
em “A utopia”, comenta sobre os conselhos dos reis (entenda-se rei qualquer
pessoa que detenha cargo de relevante envergadura):
“Quanto aos conselhos dos reis,
uns se calam por inépcia, e teriam mesmo grande necessidade de ser
aconselhados. Outros, são capazes, e sabem que o são; mas partilham sempre do
parecer do preopinante, que está em melhores graças, e aplaudem com entusiasmo,
as pobres imbecilidades que este entende desembuchar; esses vis parasitas só
tem uma finalidade: ganhar, por uma baixa e criminosa lisonja, a proteção do
primeiro favorito. Os outros, são escravos de seu amor-próprio e escutam apenas
a própria opinião, o que não é de admirar, pois a natureza insufla a cada a um
a afagar com o amor os produtos de sua invenção. É assim que o corvo sorri à sua
ninhada, e o macaco aos seus filhotes. Que sucede então no seio desses
conselhos onde reinam a inveja, a vaidade e o interesse?”
De
acordo com Vivas, como mudar o mundo não é episódio que se resolve em dias, mas
sim uma tarefa de longo percurso, que requer constância, perseverança e uma
“lenta impaciência”, como assinalava Daniel Bensaïd: é necessário ir avançando
em nossas utopias desde o cotidiano em paralelo à mobilização social contra as
políticas atuais e em defesa de outras medidas. Modificando o mundo em nosso
dia a dia. Demonstrando com nossa prática que “outra maneira de viver” é tão
possível como desejável. Alternativas desde a economia cooperativa e
autogestionária, o consumo crítico e agroecológico, o respeito ao ambiente
pelas atividades produtivas e pela sociedade civil, as finanças éticas, os
meios de comunicação alternativos, entre outros, são iniciativas imprescindíveis
para caminhar até outro modelo de sociedade.
O
fato, segundo Vivas, é que temos que situar nosso papel no mundo e o impacto de
nossas práticas no ecossistema. Vivemos em um planeta finito, ainda que o
sistema capitalista se encarregue de que se esqueçam frequentemente disso.
Nosso consumo tem um impacto direto onde se vivem e, se todos consumirem como os
países desenvolvidos, um só planeta não bastaria. Infelizmente, o modelo
capitalista atual nos estimula ao consumismo desenfreado e compulsivo,
prometendo-nos que quanto mais consumo mais felicidade, ainda que a promessa
depois nunca se cumpra. Lideranças novas deverão começar a propor que talvez
possamos “viver melhor com menos”. A crise ecológica em que vivemos acendeu as
luzes de alarme e sabemos que esta crise climática tem suas raízes em um
sistema produtivista e de curto prazo.
Para
Vivas, a onda de indignação que recorre a Europa e o mundo, rompeu o ceticismo
e a resignação, que durante anos tem prevalecido em nossa sociedade. Há de se
recuperar a confiança em que a ação coletiva serve e é útil para mudar a atual
ordem dos acontecimentos. Segundo essa mesma autora, aprendemos da Primavera
árabe, do “não pagaremos sua dívida” do povo islandês, do levante popular,
greve geral após greve geral, na Grécia e agora o grito de Occupy Wall Street
no “coração da besta” que assinala que frente ao 1% que manda somos o 99%. Os
tempos se comprimem e se aceleram.
De acordo com BAUMAN, em “Modernidade Líquida”, a
desintegração da rede social, a derrocada das agências efetivas de ação
coletiva, é recebida muitas vezes com grande ansiedade e lamentada como “efeito
colateral” não previsto da nova leveza e fluidez do poder cada vez mais móvel,
escorregadio, evasivo e fugitivo. Mas desintegração social é tanto uma condição
quanto um resultado da nova técnica do poder, que tem como ferramentas
principais o desengajamento e a arte da fuga. Para que o poder tenha liberdade
de fluir, o mundo deve estar livre de cercas, barreiras, fronteiras
fortificadas e barricadas. Qualquer rede densa de laços sociais, e em
particular uma que esteja territorialmente enraizada, é um obstáculo a ser
eliminado. De acordo com esse mesmo autor, os poderes globais se inclinam a
desmantelar tais redes em proveito de sua contínua e crescente fluidez,
principal fonte de sua força e garantia de sua invencibilidade. E é esse
derrocar, a fragilidade, o quebradiço, o imediato dos laços e redes humanas que
permitem que esses poderes operem.
Sabemos
que é possível mudar. No entanto, de acordo com a comunicóloga Rosa Alegria,
Mestre em Estudos do Futuro pela Universidade de Houston e integrante do
coletivo “Imagens e Vozes da Esperança”, para se vislumbrar um futuro com
sustentabilidade, tem-se de tomar decisões corajosas para se transformar a realidade
atual. Infelizmente, de acordo com essa mesma autora, ainda estamos vivendo uma
crise profunda, mesmo com avanços visíveis. São poucas as empresas que estão
levando a sustentabilidade sob uma abordagem holística, sistêmica, integral. É
fundamental tornar o ambiente de trabalho um ambiente agradável, fazer com que
as pessoas se sintam felizes em vez de obrigá-las a trabalhar incessantemente.
A criatividade não vem de um cérebro cansado, de uma mente pressionada.
Contudo, não é possível ainda acreditar em sustentabilidade, pois não se vê empresas
com atitudes verdadeiramente humanistas no ambiente de trabalho: quer seja por
competição, típica do modelo capitalista; quer seja por coerção, típica dos
modelos totalitários.
De acordo com Júlia Menezes Profeta,
no
atual contexto de turbulência, incertezas e repensar do modelo econômico
capitalista vigente, fica dentre tantas outras uma relevante questão: qual será
o caminho para os próximos anos? Será que a demanda social está realmente sendo
atendida pela oferta econômica? Será que esta oferta está realmente olhando
quais as necessidades dos consumidores e do mundo, para que as fontes de
matérias-primas não se esgotem? A sustentabilidade está sendo apontada pelos
grandes pensadores, acadêmicos, profissionais espalhados pelo mundo como a
resposta. Profeta questiona: será que a sustentabilidade é um mal necessário ou
podemos enxergá-la como uma oportunidade para que tantas inovações surjam e
otimizem o desenvolvimento? Como eu, ela acredita veementemente na 2ª opção.
Não pretendo fazer considerações
morais de todos os líderes e do modelo capitalista, pois para fazê-las precisaria
conhecer o contexto de cada situação e julgar os procedimentos éticos dos líderes
que assumiram cargos a partir de disputas onde ocorreram atos de crueldade,
perseguições e comportamentos inadequados de parte a parte. Como citado por
Durkheim, fatos sociais são tão complexos, que durante muito tempo só
conseguiremos obter hipóteses provisórias. Para Vivas, o estudo sobre a
liderança conforme a presente abordagem será útil aos profissionais na
consolidação de seu poder nas empresas, e especialmente às organizações para
entender melhor a natureza das pessoas e com isto criar sistemas e controles
gerenciais que possam prevenir situações indesejáveis e abusos que prejudiquem
estes países e as organizações.
Para
Forni, nos últimos anos, citando Antonio Farinha, sócio-gerente da Roland
Berger Strategy Consultants “desde a quebra do Lehman Brothers, tem-se visto
líderes políticos tentando fazer remendos para solucionar problemas e com
sérias dificuldades para tomar decisões que representem soluções
reais". Nesse caso, por quem esperar para nos salvar? Para esse mesmo
autor, embora sujeito a erro e sem conhecimento das respostas mais corretas, o
líder forte está preparado para assumir o risco nas crises. A crise por si só
implica utilizar soluções não tentadas antes. Crises mais profundas, como a
atual, requerem decisões contínuas e arrojadas. Implica enfrentar reações,
tanto da oposição, quanto populares, como acontece nos principais países
desenvolvidos hoje com as passeatas, protestos e greves. E suportar a pressão
dos sindicatos, associações de classe e “lobbies”.
De
acordo com esse mesmo autor, tal atitude é melhor do que não tentar solução alguma.
Nem todas as decisões serão totalmente corretas. O fato é que a história
mostra: os que assumiram a frente dos países ou das organizações privadas ou
públicas na hora da crise, não se deixando abater pelos primeiros problemas, em
geral conseguem evitar que a situação se agrave. Ou melhor, podem até
transformar a crise em oportunidade, desde que compreendam a complexidade do mundo globalizado e percebam a necessidade constante de aperfeiçoamento e
atualização. A alternância dos líderes no poder e na direção das empresas
também é fundamental. Pode-se até admitir que esse líder político ou um
executivo com todas essas características seja uma raridade nos dias atuais em
todo o mundo. Seria muito difícil encontrar alguém com todas essas qualidades.
Entretanto, o tempo irá mostrar que líderes de sucesso na administração de
crises, em sua maior parte, possuem quase todas as características aqui citadas:
prioritariamente, elevados conceitos ético-morais e a conscientização da
necessidade de priorização da responsabilidade e justiça social – essas são as
características fundamentais dos líderes do moderno capitalismo co-responsável.
1. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação
de Áreas Degradadas e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF
Sudeste MG campus Rio Pomba E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.
2. Mestranda em Extensão
Rural pela UFV, Pedagoga, Especialista
em Educação Jovens e Adultos e Agroecologia do IF Sudeste MG campus Rio
Pomba. E-mail: maria.angelica@ifsudestemg.edu.br.
3. Administradora de
Empresas (UFV) e Especialista em Gestão de Pessoas (UFSJ). E-mail: gabianovaes@yahoo.com.br.
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