Recuperar Áreas Degradadas e Preservar o Instituto
Terra
Joara Secchi
Candian – Bacharel em Agroecologia – 7º período – 04/07/2012
Prova (mini-projeto)
de Recuperação de Áreas Degradadas - RAD
Resumo
executivo:
O Instituto Terra foi criado a
partir da vontade de um casal em recuperar áreas ao entorno de sua casa, que
antes, eram destinadas para pastejo do gado. Esta ideia foi crescendo, e
transformar a pastagem em mata passou a ser pouco e então, começaram a produzir
mudas para recuperar outros terrenos. O projeto envolve escolas, empresas e
municípios vizinhos com o intuito de educar técnicos e estudante para que um
dia possam se tornar os recuperadores e guardiões daquelas matas. O Instituto
conta com ajuda de parceiros de escolas, empresas privadas, pessoas físicas e
jurídicas, além do esforço e boa vontade de voluntários, pesquisadores e
aprendizes. O trabalho engloba toda a região de Aymorés, incluindo
assentamentos. A meta do projeto é plantar 50 milhões de mudas em 50 anos. Até
o ano de 2007, já foram transplantadas cerca de um milhão de mudas.
Área
do projeto:
O
projeto deu início na cidade mineira de Aymorés, localizada no Vale do Rio
Doce, quase na divisa do estado de Minas Gerais com o Espírito Santo. Foi a
partir da Fazenda Bulcão que o projeto foi se expandindo e hoje, atende as
cidades ao redor, inclusive assentamentos (70km da propriedade) de antigos “sem
terras”.
Descrição
da organização executora do projeto e parcerias:
A
organização responsável pela criação do projeto é o Instituto Terra, criado
pelo fotógrafo Sebastião Salgado e sua esposa Lélia. Eles, juntamente com o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas, campus
Rio Pomba, desenvolvem técnicas de recuperação de áreas degradadas com o
intuito de ajudar agricultores e proprietários de terras a transformar suas
paisagens em matas recuperadas. O projeto é financiado por empresas públicas e
privadas, assim como pessoas físicas e jurídicas: mas é da Itália, Espanha e
Estados Unidos que vem a maior parte dos recursos.
Descrição
do meio físico (solo, clima e recursos hídricos):
O
solo encontrado no local onde se deu início ao projeto era bem degradado, com
pouca matéria orgânica, sem a presença de horizonte O e quase nada do horizonte
A, marcado pela utilização inadequada de técnicas agrícolas, como aração do morro
abaixo, topos de morros desmatados, gados circulando em áreas de nascentes. O
clima predominante é o tropical, sendo que regime de chuvas era bem
perceptível, tendo, aproximadamente, seis meses de chuva e seis meses de seca.
A fazenda possuía alguns córregos, mas que foram secando ao longo dos anos
devido ao mal manejo que havia. A cidade também era cortada pelo Rio Doce, que
há alguns anos diminui significativamente sua vazão, se tornando quase
inexistente, devido a transposição de parte de suas água para a criação de uma
usina. Este cenário alertava aos moradores para a importância de se ter água em
sua propriedade, mas pouco era feito para mantê-las, causando a extinção de
nascentes e pequenos córregos.
Justificativa
(ameaças ao ambiente):
As
matas ao redor começaram a se tornar escassas, fontes de água começaram a
secar, o gado já não produzia como antes devido à qualidade do pasto e a
intensa degradação que ocorria a cada ano. Vários foram os fatores que
contribuíram para a modificação do cenário e era preciso tomar alguma
providência, era necessário transformar a vida daqueles que dependiam da cidade
para sobreviver, pois o êxodo já estava acontecendo. Dessa forma, implantar
árvores nativas, isolar áreas de risco, retirar o gado dos morros, mobilizar a
população, iniciar um trabalho de educação ambiental foi a idéia de
recuperação, que veio como alternativa àquela situação alarmante.
Objetivos
Geral:
Recuperar a vegetação de mata nativa e transformar o cenário de
pastagem em floresta da Mata Atlântica.
Específicos:
Melhorar
a qualidade do solo dos morros ao redor da propriedade;
Isolar
a área para que o gado não entrasse;
Substituir
pastagem por mata nativa;
Recuperar
a beleza do local;
Trazer
de volta a fauna e flora típica da região;
Gerar
empregos de forma menos impactante;
Auxiliar
na recuperação de matas da cidade de Aymorés e cidades vizinhas;
Conscientizar
a população da importância de se recuperar e preservar áreas de matas;
Demonstrar
que é possível se obter renda sem desmatar.
Metodologia:
O
trabalho consistiu inicialmente, no isolamento da área ao redor e na retirada
dos gados do pasto. Foram criadas parcerias com as escolas da cidade que
ajudaram no primeiro plantio que teve de mudas de árvores, até então doadas,
nos morros que cercavam a propriedade. A partir disso, passou a se fazer o
monitoramento dessas plantas e a manutenção, pois os indivíduos dominantes
eram, basicamente, capim colonião, uma gramínea bastante agressiva. Com o
estabelecimento destas primeiras espécies, passou a ser implantada a técnica da
muvuca, que constituía em uma mistura de terra, adubos e sementes, sendo que
esta última consistia em 70% de espécies pioneiras, 30 a 35% de espécies secundárias
e o restante (5%) de clímax.
Nesta
mistura, também havia espécies armadilhas, ou seja, elas eram implantadas com a
finalidade de atrair formigas cortadeiras e diminuir o ataque das mesmas em
espécies florestais. Essa muvuca era espalhada ao longo dos terraços de base
estreita que eram feitos em épocas de chuva, facilitando a germinação e
pegamento das plântulas. Técnicas de nucleação por galhadas também foram
implantadas, assim como o plantio aleatório, de espaçamento 2m x 2m,
intercalando mudas pioneiras e secundárias. O financiamento consistia em
doações de pessoas físicas e jurídicas, assim como em inserções de projetos,
uma vez que o instituto também trabalhava com pesquisas científicas. Os
resultados são colocados em práticas na Fazenda Vulcão e também são levados à
outras propriedades que se estão inseridas no projeto, disseminando assim, a
idéia e os objetivos do Instituto Terra.
Além
disso, o projeta visa criar parcerias com instituições da região, capacitando
técnicos para se especializarem em recuperação e preservação do ambiente. O
aprendizado também é passado para as crianças, que aplicam em casa e na
vizinhança o que aprenderam no instituto. Dessa forma, a população vai se
conscientizando e ajudando a manutenção das matas, pois o projeto, ao realizar
as limpezas de manutenção, retira troncos de árvores invasoras e cipós, que são
disponibilizados para a população, evitando que ela invada a floresta para
retirá-las.
Outra
prática adotada é a parceria com empresário da região para a venda do crédito
de carbono, adquirido com o reflorestamento de áreas ao entorno da cidade, este
mecanismos é uma forma de gerar renda, emprego e financiamento para o projeto e
para os cidadãos de Aymorés, estimulando que estes, não saiam da cidade em
busca de emprego.
Apresentação
dos resultados:
Os
resultados obtidos até o momento foram muito satisfatórios, pois a recuperação
das áreas ocorreu em menos de dez anos. Já foram observados diversos animais
nativos da mata atlântica, além de nascentes que há muito tempo não existiam.
Estes exemplos são grandes indicadores de recuperação e eficiência. A Fazenda Bulcão
serve de inspiração e modelo de alternativas que melhoram a qualidade de vida
da população e do ambiente. O projeto do Instituto Terra também trabalha com
produtores de leite da região e puderam identificar aumentos significativos da
produção, que praticamente dobrou.
Se
esta iniciativa não tivesse sido feita, provavelmente o local já estaria com
grandes formações de voçorocas, sérios problemas de deslizamentos, por se
tratar de uma região bem montanhosa, sem possibilidades de o rebanho transitar.
Além disso, a cidade estaria com sua população em declínio, pois os moradores
estavam saindo de Aymorés divido à falta de emprego e condições de vida, o
cenário dos morros seria de intensa degradação, assim como o da Fazenda Vulcão
e poucas seriam as fontes de água existente.
A fauna e flora já estariam, em
sua maioria, extintas, porque a população não possuía instrução a respeito de
preservação do ambiente, muito menos sobre a importância de se manter matas e
nascentes em suas propriedades.
A
fazenda hoje em dia, além de um exemplo de “como fazer”, se tornou um instituto
de pesquisas científicas e um produtor de saber. Serve como um núcleo de
aprendizado e visitação, disseminando a ideia da importância da Recuperação de
Áreas Degradadas.
Um comentário:
Muito interessante o projeto.
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