segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Responsabilidade social e a sustentabilidade das organizações


* Por Maurício Novaes Souza1 e Maria Angélica Alves da Silva2

O dilema entre desenvolvimento econômico e preservação/conservação da natureza é tema de discussões há tempos remotos. Em períodos recentes, permanece a dificuldade de se fazer uma parceria Estado/Sociedade para uma solução equilibrada. De acordo com José Luiz Franco, da Universidade de Brasília, autor de Proteção à natureza e identidade nacional no Brasil (FIOCRUZ), temos no Brasil um padrão histórico: as preocupações com o meio ambiente, em geral, resultaram da atuação de grupos de cientistas, intelectuais e funcionários públicos que, por meio de suas inserções no Executivo, procuraram influenciar as decisões dos governantes em favor da valorização da natureza. Em função dessa situação, o andamento das políticas de proteção à natureza sempre dependeu mais de ligações com governos e apenas secundariamente das pessoas e da sociedade preocupadas com as questões ambientais.

Contudo, nos dias atuais, o desequilíbrio ambiental, os problemas sociais não resolvidos pelo governo, entre outros aspectos, vêm exigindo uma nova postura da sociedade e, em particular, das empresas. Não é mais aceitável que uma indústria ou comércio foque apenas no lucro. As empresas precisam assumir uma posição ativa ao lado dos cidadãos e contribuir efetivamente para a busca de melhores perspectivas. Essa é a origem da responsabilidade social na qual as empresas assumem um compromisso ético com a sociedade. O envolvimento do mundo corporativo será essencial para se atingir o desenvolvimento sustentável. As empresas devem agir como agentes transformadores: além disso, está provado que projetos socioambientais aumentam em até 4% o valor de mercado das empresas, segundo um levantamento da consultoria espanhola Management & Excellence.

O economista e sociólogo Ignacy Sachs, num trecho do seu livro “Desenvolvimento” escreveu: “A luta contra a pobreza e pela integração social com criação de empregos produtivos deve ser contínua e presente. Não é aceitável que os progressos financeiros e econômicos sejam realizados à custa do desemprego ou subemprego estruturais, que resultam em exclusão social e pobreza”. Infelizmente, apesar do nosso expressivo crescimento econômico em Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil é hoje a sétima potência do mundo, quando se considera o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), está na 71ª posição, mesmo tendo havido avanços sociais significativos, principalmente os relacionados com a linha de pobreza.

Assim, as empresas devem ser capazes de alterar o modelo que visava o lucro imediato para o modelo que busca o Desenvolvimento Sustentável. Esse fato é importante porque as empresas exercem uma enorme influência sobre os recursos humanos, financeiros, tecnológicos, econômicos, sociais e ambientais. Diante desta nova realidade, surge o conceito de empresas socialmente responsáveis - são aquelas que procuram colaborar para o fortalecimento dos referidos setores, por meio da adoção de posturas éticas, agindo de forma transparente e tendo como objetivo o bem-estar coletivo e a justiça social.

Neste novo modelo os empresários se tornam cada vez mais aptos a compreender e participar das mudanças estruturais que abrangem os aspectos econômicos, ambientais e sociais. As companhias estão sendo incentivadas pela administração pública a gerenciar seu sistema produtivo de tal forma que se evite a ocorrência de impactos ambientais e sociais, por meio de estratégias apropriadas. Sabe-se que para atingir esse objetivo, no médio e longo prazo, dependerá da capacidade das empresas em reverter a disposição de promover o crescimento econômico a qualquer custo. A responsabilidade social das empresas é, essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem, de forma voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Para isso deverá implantar um sistema de gestão ambiental que proporcione que o seu desenvolvimento seja sustentável, necessitando, portanto, de profissionais que incorporem tecnologias de produção inovadoras. Há de se considerar que o desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão intimamente ligados.

Existem diversas maneiras de desempenhar ações sustentáveis dentro das organizações. Muitas empresas põem em prática projetos próprios de responsabilidade social, voltados para a comunidade, para a preservação ambiental ou reciclagem. É possível fazer campanhas de conscientização da população ou mobilizar indivíduos dentro do conceito de responsabilidade social; porém, não se restringe a mero assistencialismo ou filantropia e consequente divulgação para fins de promoção da empresa. Uma organização socialmente responsável é transparente, pratica o desenvolvimento sustentável e presta contas a todos os interessados – funcionários, público em geral, imprensa, e não somente a seus acionistas. Essa prática reverte em valor para a organização e a formação de uma imagem positiva no mercado. Institutos, Fundações, ONG’s, instituições sem fins lucrativos, enfim, várias são as formas de atuação escolhidas pelas empresas, seja na criação e gestão direta ou como provedoras importantes de recursos. No futuro, tal atitude garantirá a perenidade e a sustentabilidade das organizações.

1. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Recuperação de Áreas Degradadas e Doutor em Engenharia de Água e Solo. É professor do IF Sudeste MG campus Rio Pomba E-mail: mauricios.novaes@ifsudestemg.edu.br.

2. Pedagoga e Especialista em Agroecologia do IF Sudeste MG campus Rio Pomba. E-mail: gecamau@yahoo.com.br.

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